Israel e Hamas instauram cessar-fogo após 15 meses de conflito
Trégua marca pausa nas hostilidades, com troca de reféns e início de ajuda humanitária a Gaza.
- Data: 19/01/2025 09:01
- Alterado: 19/01/2025 10:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
Crédito:Imagem ilustrativa gerada por IA
Neste domingo (19), um acordo de cessar-fogo foi implementado entre Israel e o grupo Hamas, marcando uma pausa nas hostilidades que assolaram a região. O início da trégua, inicialmente programado para as 8h30 (horário local), foi adiado para às 11h15 devido a atrasos na divulgação dos nomes das reféns que seriam libertadas.
Os primeiros reféns a serem soltos sob os termos do acordo são Romi Gonen, 24 anos, e Doron Steinbrecher e Emily Damar, cujas idades ainda não foram confirmadas. Para cada refém liberado, 30 palestinos detidos em prisões israelenses devem ser libertados. A agência Reuters informou que a troca está prevista para ocorrer às 11h (horário de Brasília).
Conforme estipulado no acordo, o Hamas deve informar ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) um local de encontro dentro da Faixa de Gaza, onde a organização se dirigirá para realizar a retirada dos reféns.
Logo após a entrada em vigor do cessar-fogo, Gideon Saar, ministro das Relações Exteriores de Israel, reafirmou o compromisso do país em cumprir seus objetivos na guerra contra Gaza, destacando a importância do retorno dos reféns e do desmantelamento das capacidades militares do Hamas.
No mesmo dia, aproximadamente 200 caminhões com ajuda humanitária começaram a ser enviados à passagem de Kerem Shalom, controlada por Israel. A Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou que os primeiros veículos já haviam adentrado Gaza.
O entendimento, mediado por Egito, Qatar e Estados Unidos, surge após uma escalada de violência que teve início com um ataque do Hamas em outubro de 2023, resultando na morte de cerca de 1.200 israelenses e no sequestro de outras 250 pessoas. Em resposta, as ações militares israelenses causaram aproximadamente 47 mil mortes em Gaza, segundo fontes ligadas ao Hamas.
Com o cessar-fogo em vigor, muitos palestinos deslocados pelo conflito começaram a retornar às suas casas no norte da região. No entanto, as horas que antecederam o acordo foram repletas de tensões; enquanto o governo israelense condicionava o início da trégua à divulgação dos nomes das reféns, o Hamas alegava atrasos por “razões técnicas“.
A Al Jazeera noticiou que esse atraso pode ter sido causado pela cautela do Hamas em relação aos canais de comunicação utilizados para evitar vigilância israelense. Enquanto isso, Daniel Hagari, porta-voz das Forças de Defesa de Israel, afirmou que os ataques continuariam até que a lista fosse fornecida.
Durante esse período de espera pelo cessar-fogo, incursões militares israelenses resultaram na morte de ao menos 19 palestinos e deixaram 36 feridos em ataques com drones. Testemunhas relataram bombardeios em áreas como Zeitoun e Beit Hanoun.
Na manhã seguinte ao acordo, relatos indicavam que forças israelenses estavam se retirando de áreas em Rafah para o corredor de Filadélfia, uma zona-tampão na fronteira entre Egito e Gaza.
Se mantido por completo, o cessar-fogo pode contribuir para uma diminuição das tensões no Oriente Médio, especialmente considerando a complexidade do conflito que envolve diversos atores regionais como Hezbollah e os houthis no Iémen. Além disso, a medida abre espaço para um aumento significativo na ajuda humanitária destinada à população de Gaza. De acordo com agentes da OMS (Organização Mundial da Saúde), a quantidade diária de caminhões com suprimentos deve saltar de uma média atual de 40-50 para entre 500 e 600 veículos.
Na primeira fase do acordo, que tem duração prevista de seis semanas, o Hamas concordou em liberar até 33 reféns israelenses. Em contrapartida, Israel poderá libertar até 1.904 palestinos detidos. A proporção inicial será de um refém por cerca de 19 prisioneiros.
A aprovação do acordo ocorreu após intensas negociações entre membros do governo israelense. O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu expressou preocupações sobre tentativas do Hamas de modificar os termos acordados na última hora. Embora tenha sido aprovado pelo gabinete israelense, a continuidade do acordo ainda é incerta.
Netanyahu advertiu que Israel se reservava o direito de retomar as hostilidades caso não houvesse cumprimento adequado dos termos estabelecidos. Sua base política ultradireitista criticou o acordo como um risco à segurança nacional.
As repercussões imediatas do cessar-fogo geraram descontentamento entre membros da ultradireita israelense. O ministro da Segurança Nacional Itamar Ben-Gvir anunciou renúncias entre os membros do seu partido que fazem parte do governo como resposta ao acordo.
Nos dias que antecederam a implementação do cessar-fogo, mais de 120 palestinos perderam a vida devido aos confrontos contínuos. Bombardeios recentes afetaram diversas áreas na Faixa de Gaza antes mesmo da trégua ser efetivada.