Israel adia votação de cessar-fogo após Netanyahu acusar Hamas de rejeitar acordo
Israel adia reunião de gabinete sobre cessar-fogo com o Hamas após alegações sobre o acordo.
- Data: 16/01/2025 16:01
- Alterado: 16/01/2025 16:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
Crédito:Imagem ilustrativa gerada por IA
O governo de Israel decidiu adiar uma reunião de seu gabinete de segurança que tinha como objetivo ratificar um cessar-fogo com o Hamas, originalmente programada para esta quinta-feira (16). A decisão surge após uma crise provocada pelo premiê Binyamin Netanyahu, que alegou que os palestinos não aceitaram todos os termos do acordo, contrariando declarações anteriores em que afirmava que o entendimento havia sido alcançado.
Em nota oficial, o escritório de Netanyahu esclareceu que a reunião não ocorrerá até que os mediadores confirmem que o Hamas concordou plenamente com os termos estipulados. Por outro lado, os líderes palestinos negaram as alegações israelenses e reafirmaram seu compromisso com o acordo negociado na véspera no Qatar, mediado também pelos Estados Unidos e pelo Egito. Uma nova reunião do gabinete israelense está agendada para esta sexta-feira (17).
A situação se tornou mais tensa após a continuação dos ataques israelenses à Faixa de Gaza, com relatos de que um dos locais atingidos poderia abrigar uma refém israelense capturada em 7 de outubro. O Hamas não forneceu informações sobre a refém ou se ela foi morta durante os bombardeios. Até o momento, os palestinos contabilizam 77 mortes em decorrência dos ataques recentes. A escalada de violência já resultou na morte de 1.200 pessoas em Israel e 46.700 em Gaza desde o início do conflito.
No dia anterior, durante as negociações, o Hamas havia imposto uma condição adicional para a aceitação do acordo: a retirada imediata das forças israelenses do corredor Filadélfia, uma faixa de 17 km entre Gaza e o Egito, historicamente utilizada para o tráfico de armas. Inicialmente, a retirada estava prevista para ocorrer de forma gradual ao longo de 50 dias. Após intenso diálogo mediado pelo premiê qatari Mohammed al-Thani, o governo israelense anunciou que, devido à insistência de Netanyahu, o Hamas abandonou essa exigência.
Embora um acordo tenha sido anunciado oficialmente por Al-Thani logo após as conversas, Netanyahu voltou atrás nas declarações feitas e não mencionou a questão do corredor Filadélfia em suas comunicações subsequentes. Analistas sugerem que essa mudança pode ser uma estratégia política do premiê para agradar sua base ultradireitista, que se opõe à troca de reféns proposta no acordo.
Composta por 11 ministros, a coalizão de segurança israelense conta apenas com dois membros da facção ultradireitista. Em contraste, durante a aprovação do cessar-fogo com o Hezbollah em novembro passado, apenas um membro votou contra. O governo Netanyahu depende dessa aliança política para manter sua maioria no Parlamento, onde seu partido possui apenas 32 dos 120 assentos.
O Partido do Sionismo Religioso ameaçou deixar a coalizão se novas hostilidades não forem retomadas após a primeira fase do cessar-fogo. Caso isso aconteça, Netanyahu perderá sete deputados e poderá ficar sem a margem mínima necessária para governar.
No entanto, apesar das dificuldades internas, o Likud de Netanyahu lidera as pesquisas eleitorais para as próximas eleições marcadas para o ano seguinte.
O cessar-fogo está previsto para iniciar no domingo (19), coincidindo com o início da pausa semanal judaica na noite da próxima sexta-feira (17). O tempo é curto para resolver as divergências antes desse prazo. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, expressou confiança em coletiva à imprensa de que o acordo será implementado conforme planejado.
De acordo com os termos acordados, a troca de reféns por prisioneiros será feita em etapas. A primeira fase deve durar 16 dias e envolverá a liberação de 33 mulheres, crianças e homens acima dos 50 anos em troca de um número indefinido de prisioneiros palestinos. Posteriormente serão discutidas outras trocas envolvendo soldados israelenses e a repatriação dos corpos das vítimas do ataque do Hamas. Além disso, espera-se um complexo processo para reestruturar a administração da Gaza sob domínio do Hamas desde 2007.
A duração inicial do cessar-fogo está estipulada em 42 dias, com possibilidade de extensão dependendo das negociações futuras.