Haddad critica juros altos e defende medidas para reduzir endividamento
O ministro da Fazenda abordou a importância de mecanismos para diminuir o spread bancário e facilitar a transição das famílias para dívidas com juros mais baixos
- Data: 31/01/2025 17:01
- Alterado: 31/01/2025 17:01
- Autor: Redação
- Fonte: Ministério da Fazenda
Crédito:Divulgação
Em recente entrevista à RedeTV!, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enfatizou a necessidade de abordar as elevadas taxas de juros cobradas pelas instituições financeiras como um meio crucial para combater o crescente endividamento das famílias brasileiras. Com uma inflação anual em torno de 5%, muitos bancos estão aplicando taxas de juros mensais que igualam esse percentual, o que, segundo Haddad, torna inviável para os cidadãos honrar suas dívidas. “Ninguém consegue (pagar as dívidas)”, afirmou o ministro.
Haddad e o papel do governo na gestão fiscal e nas políticas públicas
Embora programas governamentais como o Desenrola tenham contribuído para amenizar essa situação, a elevação da taxa Selic continua gerando apreensão. Haddad destacou que o aumento da taxa básica de juros não necessariamente precisa impactar o consumidor final. Ele sugeriu que, por meio de mecanismos que possam reduzir a taxa de juro final, mesmo com uma Selic mais alta, a diferença entre os custos do crédito para os bancos e os clientes, conhecido como spread, poderia ser diminuída. “Nosso objetivo é facilitar a transição das famílias de dívidas com juros elevados para opções com taxas mais acessíveis”, acrescentou.
O ministro também abordou a questão dos gastos públicos, que têm sido uma preocupação constante do mercado financeiro e que influenciam diretamente na Selic. De acordo com Haddad, a revisão dos gastos e do orçamento é uma prática habitual tanto no Ministério da Fazenda quanto no Ministério do Planejamento e Orçamento. Ele mencionou que os técnicos estão sempre apresentando ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um “cardápio” de propostas para garantir a saúde fiscal do país.
Haddad lembrou que algumas propostas de controle fiscal enviadas ao Congresso não foram aprovadas, um fato que, segundo ele, impediu que o governo alcançasse um superávit fiscal já em 2024. “Não vejo nenhum desses economistas que falam nos jornais dizendo que, se algumas medidas provisórias que mexiam com privilégios setoriais tivessem sido aprovadas, teríamos alcançado superávit”, criticou.
Durante sua fala sobre as estratégias do governo para manter o equilíbrio fiscal, Haddad referiu-se ao presidente Lula como o “maestro da orquestra”, ressaltando seu papel na coordenação das ações governamentais. Ele defendeu que é um erro pensar que um presidente deve se abster de opinar sobre questões consideradas justas. “Existem várias formas de organizar as contas públicas”, completou.
Na visão do ministro, frequentemente o caminho mais longo é também o mais sustentável na área econômica. Ele apontou que administrações anteriores haviam concedido ao Ministério da Fazenda um poder excessivo, o que não é ideal. O governo atual optou por corrigir privilégios em vez de implementar soluções simplistas como o congelamento do salário mínimo. Segundo Haddad, tal abordagem levou 33 milhões de pessoas à fome.
Em relação à sua gestão até o momento, Haddad declarou receber críticas equilibradas tanto do PT quanto do mercado financeiro. Ele reconheceu a complexidade da função e afirmou: “A vida de ministro da Fazenda nunca vai ser leve”. Para ele, receber feedbacks divergentes é sinal de que a administração busca um equilíbrio necessário.
Quando questionado sobre uma possível candidatura à presidência em 2026 a convite de Lula, Haddad respondeu que não tem essa possibilidade em mente e reforçou a importância da liderança atual no Brasil. O ministro também alertou sobre a ascensão da extrema direita no cenário político global e sua presença nas próximas eleições.
Ainda durante a entrevista, Haddad reafirmou a intenção do governo brasileiro de participar ativamente na regulação das grandes empresas de tecnologia no cenário internacional. Além disso, comentou sobre a autonomia do Banco Central e ressaltou que seus membros são competentes, mas passíveis de erros: “Não existe essa fantasia de imaginar que porque o BC é autônomo ele não erra”.
Por fim, Haddad compartilhou sua experiência positiva na construção de relações com importantes figuras políticas como o deputado Hugo Motta e o senador Davi Alcolumbre, ambos previstos para assumir posições-chave no Congresso nos próximos dias.