Guga vê melhor fase do Brasil desde a própria glória no tênis e sonha alto
Em entrevista, o ex-tenista analisou o cenário dos atletas do Brasil e como o país pode voltar a ter um campeão de Grand Slam
- Data: 08/09/2024 13:09
- Alterado: 08/09/2024 13:09
- Autor: Redação
- Fonte: Renan Liskai/UOL/Folhapress
Gustavo Kuerten, tricampeão de Roland-Garros
Crédito:Reprodução/Instagram
O momento atual do tênis brasileiro anima Gustavo Kuerten.
Bia Haddad Maia e João Fonseca despertam esperança em Guga. O ex-tenista vê a dupla no caminho certo e como os dois atletas brasileiros que despontam com mais favoritismo a conquistarem um torneio importante.
“A gente vive um momento esperançoso. Diria que o melhor de todos depois daquele boom em 1997 e a minha trajetória em ser o n°1 do mundo, que reacendeu a história do tênis aqui. Agora, novamente, nós temos pretensões em Grand Slam com a Bia Haddad, a Luisa Stefani vivendo essas sensações de torcidas para a dupla. Os meninos saíram há pouco. O João Fonseca chama a atenção do mundo inteiro. Com a idade juvenil, ele já faz estragos no profissional, ganha de tenistas número 20 ou 30 do mundo”, descreveu o tricampeão de Roland Garros.
“Imagino que estamos prontos para decolar. Se tivermos continuidade de mais três ou quatro anos de Bia, o que é muito provável, a vinda dessa nova geração e o trabalho que tem sido feito, pode ser uma nova realidade. Tomara que seja assim”, completou Guga.
Bia Haddad vem semeando um legado, segundo Guga. A consolidação dela entre as melhores do mundo faz o ex-tenista ver novas joias crescendo e se inspirando na atleta para seguir trilhando o caminho de sucesso do Brasil no tênis.
“Temos jovens de 13 e 14 anos que como novas esperanças, principalmente as meninas neste caso, com a Bia como holofote principal. No final de ano, ela está se posicionando de fato como uma das melhores do mundo, o que era o desafio de fato para 2024. A Victoria Barros e outras adolescentes estão ousando desafiar os profissionais. Esse papel foi a Bia que trouxe e tem ainda mais perspectiva de crescimento no masculino. O feminino estava praticamente desacordado. Isso é esperançoso e motivo de orgulho. Evoluímos bastante no tênis.”
Guga vê seus feitos ficarem cada vez mais no passado como algo positivo no masculino. A nova geração vê os títulos de Kuerten mais longe e, na visão dele, a pressão de ser um “novo Guga” fica menor por isso.
“Todos os garotos que já cresceram estão longe da imagem daquele n°1, mas com boas experiências e acho que esse é o caminho, de estímulos positivos, de dedicação… Estamos conseguindo formar uma equipe mais produtiva e o resultado logo vai nos surpreender bastante. Se pegarmos um rompante, com tudo semeado, acho que a tendência é, de fato, o Brasil chegar em um outro escalão.”
O QUE FALTA PARA UM TÍTULO IMPORTANTE
A volta do Brasil ao topo em um torneio importante do tênis é uma questão de tempo para Guga. O país não conquista um Grand Slam nas chaves individuais do profissional desde 2001, quando ele próprio chegou ao tricampeonato de Roland Garros.
Há dois fatores que podem ajudar à volta do Brasil ao topo para Guga: a frequência em fases finais e um pouco de inconsequência.
“Falta acontecer, não dá para prever. O Sinner é quem tinha tudo para ser campeão e foi. Da mesma forma, o Alcaraz, muito cedo. O João Fonseca tem as ferramentas e indicativos. Temos que ajudá-lo a chegar lá. O acontecimento tem essa margem da semifinal da Bia [em Roland Garros] escapando por um pouco. Talvez, precise estar mais presente neste cenário para conseguir faturar um título. De repente, precisa ser um cidadão mais destemido e inconsequente, como foi o meu caso em 1997.”
Guga reconhece que, hoje, no entanto, a jornada é mais difícil para tenistas novos e menos “calejados”. “Nos dias de hoje, é cada vez mais raro, os tenistas são melhores durante mais tempo e impedem esses marinheiros de primeira viagem de chegar”, disse.
O QUE MAIS ELE DISSE?
Com qual tenista atual se identifica?
“O Sinner parece um pouco apesar de bater com as duas mãos, mas ele é aquele cara mais desengonçado, é difícil um cara assim dar certo. Nisso, ele se assemelha. Esse seria um jeito mais similar à forma de atuação que eu tinha.”
Aproximação com Djokovic
“Entre todos eles, tenho mais afinidade com o Djokovic até pelas ocasiões em que estivemos juntos, o momento em que ele esteve em dificuldade e veio conversar comigo, gravamos campanha juntos. Foi algo ocasional e que nos deixou mais ligados.”
Novo ‘tridente’ do tênis sem Nadal, Federer e Djokovic
“O Alcaraz, o Sinner… O João Fonseca tem frente para bater, o Thiago Wild também ao longo dos anos. De estrangeiros, nós temos o Medvedev, o Zverev… Sinner e Alcaraz são tão bons que ofuscam a nova geração que está por vir, mas vai acontecer. Sempre tem um inconformado, um Djokovic da vida.”