Governo Lula Propõe Diálogo com EUA Sobre Deportações de Brasileiros
Governo Lula busca diálogo com EUA para garantir dignidade a deportados brasileiros e implementa acolhimento em Minas Gerais.
- Data: 28/01/2025 21:01
- Alterado: 28/01/2025 21:01
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
Presidente Lula (PT)
Crédito:Ricardo Stuckert / PR
O governo brasileiro, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), está elaborando uma proposta para a administração do presidente Donald Trump com a intenção de estabelecer um grupo de trabalho conjunto. O foco deste grupo seria a análise e discussão das deportações de migrantes brasileiros para os Estados Unidos.
De acordo com fontes próximas ao governo, o principal objetivo dessa iniciativa é assegurar que os deportados recebam tratamento digno durante todo o processo, além de garantir segurança no transporte dos mesmos.
A proposta foi discutida em uma reunião realizada no Palácio do Planalto, onde o presidente Lula se reuniu com seus ministros e outras autoridades para abordar a crescente crise relacionada às deportações, especialmente após relatos preocupantes sobre maus-tratos e uso inadequado de algemas durante esses processos.
O encontro, que teve duração superior a uma hora, resultou na afirmação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, de que era essencial traçar estratégias para dialogar com as autoridades americanas. Ele enfatizou que as deportações devem respeitar “requisitos mínimos de dignidade e direitos humanos”.
“Além de informar ao presidente sobre a situação atual, discutimos maneiras de tratar essa questão no futuro e estabelecer um canal de comunicação eficaz com as autoridades dos Estados Unidos”, declarou Vieira. Ele destacou a importância de garantir que tanto as deportações quanto as repatriações atendam aos padrões de respeito e dignidade exigidos por tratados internacionais de direitos humanos.
No entanto, nos bastidores, membros do governo indicaram que pretendem manter um diálogo moderado com os EUA, evitando escaladas verbais ou provocações que possam complicar ainda mais a relação bilateral. A avaliação é que uma postura agressiva não traria benefícios práticos e poderia acirrar os ânimos da administração Trump.
Durante a mesma reunião, o governo brasileiro decidiu implementar um posto de acolhimento no aeroporto de Confins, em Minas Gerais, para atender os deportados que chegam dos Estados Unidos. Contudo, ainda não foram fornecidos detalhes sobre o funcionamento dessa unidade.
Adicionalmente, ficou decidido que não serão utilizados voos da Força Aérea Brasileira (FAB) para o transporte dos cidadãos brasileiros deportados. Essa decisão contrasta com a abordagem da Colômbia, onde aviões da FAB têm sido usados após conflitos entre o presidente colombiano Gustavo Petro e o governo Trump. O entendimento do governo Lula é que essa responsabilidade deve ser gerida exclusivamente pelos EUA.
Inicialmente, havia consideração sobre o uso de aeronaves da FAB para resgatar brasileiros deportados dos Estados Unidos. Contudo, essa opção foi descartada por Mauro Vieira devido à percepção de que tal ação poderia ser interpretada como uma falta de confiança nas explicações fornecidas pelas autoridades americanas.
Na reunião, Vieira também relatou que Gabriel Escobar, encarregado de negócios da embaixada americana em Brasília, ofereceu esclarecimentos valiosos ao Itamaraty sobre a irregularidade do voo que trouxe 88 brasileiros de volta ao país no último sábado (25).
Os relatos dos brasileiros deportados são alarmantes; muitos afirmaram ter enfrentado agressões e ameaças durante a viagem. Ao desembarcarem em Confins, diversos migrantes relataram terem permanecido algemados por até 50 horas em condições desumanas e sem ar condicionado no voo.
Em resposta às graves alegações apresentadas pelos deportados, na segunda-feira (27), o Ministério das Relações Exteriores convocou Escobar para prestar mais esclarecimentos sobre as denúncias de maus-tratos durante a deportação. O encontro ocorreu no Palácio do Itamaraty e incluiu discussões com Márcia Loureiro, embaixadora brasileira e secretária de Assuntos Consulares do ministério.