Governo federal estuda diagnóstico de covid-19 sem teste

Em meio à falta de exames, ministério e secretários discutem uso de imagens, análise de sintomas do paciente e contato com pessoas infectadas para confirmar infecção

  • Data: 10/06/2020 09:06
  • Alterado: 10/06/2020 09:06
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Governo federal estuda diagnóstico de covid-19 sem teste

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O Ministério da Saúde e representantes de conselhos de secretários de Estados e municípios discutem a ampliação do diagnóstico da covid-19 por meio de exames de imagem ou clínico-epidemiológicos. Estas análises consideram, por exemplo, tomografia, sintomas da doença e contato do paciente com pessoas infectadas pelo vírus. Na leitura de gestores do SUS que acompanham o debate, a medidas evitaria ficar refém da disponibilidade de testes.

A discussão ganhou força em reuniões recentes do ministério com secretários por causa da explosão de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em 2020. Segundo o último boletim epidemiológico da Saúde, com dados de até 25 de maio, há 705% de internações a mais por estas síndromes neste ano. São casos de novo coronavírus 31% do total. Outras 66% destas internações são de síndromes não identificadas ou de casos em investigação, o que indica alta subnotificação da pandemia.

O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, já manifestou otimismo a interlocutores pela adoção de diagnósticos que não exigem uso dos testes. A prática é a mesma seguida por outros países. Alguns Estados do Brasil também adotam este tipo de exame para diagnóstico, mas como exceção.

O ministério cogita, agora, padronizar e estimular este tipo de exame. Já na gestão do oncologista Nelson Teich a proposta estava sobre a mesa. Pelo critério clínico-epidemiológico, a confirmação se daria a partir da análise do histórico do paciente, levando em conta se ele apresenta sintomas característicos da covid-19 e teve contato com pessoas infectadas. Já pelo critério clínico-imagem, seriam analisadas alterações tomográficas de pacientes que tiveram contatos com pessoas infectadas. A decisão final sobre o diagnóstico é do médico.

Técnicos do ministério e de secretarias locais reconhecem que o diagnóstico sem o teste não é o mais preciso, mas afirmam que se trata de medida emergencial já adotada em outras epidemias.

Secretários têm relatado ao Ministério da Saúde dificuldade para realizar testes em larga escala. Um problema, dizem, é que faltam insumos para aplicar testes que detectam o material genético do vírus (RT-PCR), como cotonetes do tipo “swab” para coletar amostras. Usado para encontrar anticorpos para a doença, testes rápidos ainda são usados com cautelas, pois devem ser aplicados após o sétimo dia de sintoma da covid-19, e apresentam, em muitos casos, baixa sensibilidade.

O ministério promete entregar 24,2 milhões de testes RT-PCR, tido como de “padrão ouro” para diagnóstico. Até agora só conseguiu distribuir cerca de 3,2 milhões.

A ideia do ministério é chamar especialistas para as próximas reuniões com representantes de Estados e municípios sobre o tema. O diagnóstico sem uso de teste não é unanimidade. “O ideal é que sempre tenha o exame PCR, com detecção do material genético do vírus, pois o quadro clínico da covid-19 é muito amplo. Ainda estão descobrindo novas possibilidades”, afirma o infectologista Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

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  • Data: 10/06/2020 09:06
  • Alterado:10/06/2020 09:06
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