Governo Brasileiro se Prepara para Novo Voo de Deportados dos EUA
Deportações de brasileiros geram protestos: governo Lula busca garantir dignidade e segurança aos repatriados após relatos de maus-tratos.
- Data: 29/01/2025 21:01
- Alterado: 29/01/2025 21:01
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
Crédito:Reprodução/X
As autoridades brasileiras foram notificadas pelos Estados Unidos sobre a chegada de um novo voo com deportados, programado para o dia 7 de fevereiro. Essa informação surge em um contexto delicado, após o governo brasileiro expressar preocupações sobre os tratamentos recebidos por deportados em um voo anterior, que chegou ao Brasil no último fim de semana.
O Ministério das Relações Exteriores, conhecido como Itamaraty, denunciou que os brasileiros deportados enfrentaram “tratamento degradante” durante o processo de deportação. Segundo relatos, os deportados foram algemados nas mãos e nos pés e sofreram agressões, além de enfrentarem dificuldades para utilizar os banheiros durante o voo.
Além disso, houve problemas técnicos na aeronave, incluindo períodos em que o sistema de ar-condicionado falhou, contribuindo para as condições adversas enfrentadas pelos deportados. Diante dessas circunstâncias, a administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva planeja estabelecer um grupo de trabalho com o governo dos Estados Unidos para abordar questões relacionadas às deportações.
Fontes próximas ao governo afirmam que o principal objetivo dessa iniciativa será garantir que os deportados sejam tratados com dignidade e segurança durante o transporte. A proposta foi discutida em uma reunião realizada no Palácio do Planalto no dia 28 de janeiro, onde participaram ministros e outras autoridades relevantes.
O governo brasileiro optou por adotar uma abordagem diplomática e cautelosa nas negociações com as autoridades americanas, evitando escaladas desnecessárias que poderiam exacerbar tensões. O entendimento é que um diálogo construtivo poderá gerar melhores resultados em comparação a uma retórica mais agressiva.
Durante a mesma reunião, foi decidido que um posto de acolhimento será estabelecido no Aeroporto Internacional de Confins, em Minas Gerais, para receber os deportados. Contudo, detalhes sobre o funcionamento dessa unidade ainda não foram divulgados. A concessionária responsável pelo aeroporto, BH Airport, informou que ainda não foi contatada oficialmente pelo governo federal sobre a instalação desse posto de ajuda humanitária.
A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, originária de Minas Gerais, destacou a importância dessa iniciativa e mencionou que a estrutura contará com representantes dos ministérios da Saúde e da Educação. O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania está atualmente desenvolvendo planos em conjunto com outras áreas governamentais para garantir assistência humanitária aos repatriados.
Em uma nota sobre a situação, o chanceler Mauro Vieira comentou que Gabriel Escobar, encarregado de negócios da embaixada dos EUA em Brasília, forneceu esclarecimentos adequados ao Itamaraty sobre as circunstâncias do voo recente que trouxe 88 brasileiros de volta ao país.
No entanto, relatos similares sobre maus-tratos a deportados brasileiros também foram documentados durante a administração do ex-presidente Joe Biden. Um relatório da Defensoria Pública da União destaca casos preocupantes, incluindo agressões a crianças brasileiras por agentes americanos em centros de detenção.
Esses relatos incluem a separação forçada de famílias e situações em que indivíduos foram mantidos algemados por longos períodos antes do embarque. Os desafios enfrentados pelos deportados levantam questões cruciais sobre os direitos humanos e a necessidade de reformas nos processos de deportação entre Brasil e Estados Unidos.