Fila em balsa para Ilhabela chega a 6h no litoral de SP
Usuários apontam desorganização no sistema de embarque e problemas em vias de acesso; governo estadual diz que obras em andamento trarão mais segurança e agilidade
- Data: 27/07/2024 09:07
- Alterado: 27/07/2024 09:07
- Autor: Redação
- Fonte: Salim Burihan/Folhapress
Travessia São Sebastião-Ilhabela
Crédito:Semil
A travessia de balsa entre São Sebastião e Ilhabela, no litoral norte paulista, tem causado muita irritação entre os usuários do sistema, apesar dos investimentos de cerca de R$ 13 milhões que estão sendo feitos pela Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, responsável pela travessia litorânea.
Usuários têm levado cerca de seis horas para entrar ou sair de Ilhabela. A demora na travessia tem sido provocada, segundo a maioria dos usuários, pela desorganização no sistema de embarque e desembarque -principalmente, de hora marcada-, falta de organização no trânsito nas ruas de acesso à área de embarque e desembarque em São Sebastião e as reformas em andamento nos terminais das duas cidades.
“Cheguei na fila da balsa às 13h30 na segunda feira, dia 22 e pelo site na internet a espera estava de 150 minutos, mas embarquei apenas às 19h30. Uma espera de seis horas em plena segunda-feira.
Desorganização do sistema com certeza e poucas balsas em operação”, disse Julia Giovannini, produtora de eventos, que reside na capital paulista.
Na tarde desta quinta-feira (25), Maura Ribeiro, que possui casa de veraneio na ilha, estava havia três horas na fila preferencial e previa levar ainda mais de duas horas até embarcar na balsa em direção à ilha.
“Sempre foi assim, nada muda, são balsas sucateadas e falta de organização no embarque e desembarque. O ideal seria privatizar o serviço”, afirmou Maura.
Em 2018, o então candidato João Doria (sem partido) havia anunciado a privatização das travessias litorâneas como promessa de campanha. A licitação foi autorizada em novembro de 2021, mas não houve interessados.
Já como governador, ele disse que faria investimentos no sistema de balsas.
Segundo a atual secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, a gestão anterior entregou as travessias marítimas do estado em condições precárias. Procurada, a assessoria do ex-governador Doria não se manifestou até a noite de quinta.
Cláudia Maria Lavieri Quito, que frequenta há mais de 20 anos a ilha, argumenta que além da falta de organização no embarque da travessia é preciso organizar o trânsito de veículos no acesso à balsa em São Sebastião. “O problema não tem sido causado pelas obras de reforma dos terminais, mas pela falta de organização nas filas de embarque e no trânsito em São Sebastião. Está tudo misturado, não existe controle nas filas de prioridade, hora marcada e de acesso ao terminal. Comprei hora marcada para as 19h30 e só embarquei para a ilha às 22h”, disse.
A Prefeitura de São Sebastião disse que o prefeito Felipe Augusto tem conversado com o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) para melhorar o acesso à balsa.
“Os turistas são muito prejudicados pela precariedade do serviço da balsa, mas os moradores de Ilhabela têm sofrido ainda mais”, disse Márcio Franco, presidente do Convention Bureau de Ilhabela. Segundo ele, atualmente, a qualidade do serviço é uma das piores já registradas, impactando negativamente toda a economia local.
“Esse cenário tem afastado visitantes, prejudicando diretamente os hotéis, que registram uma queda significativa nas reservas. Além disso, o comércio e os restaurantes locais também sofrem com a diminuição do fluxo de turistas, resultando em perdas financeiras e descontentamento generalizado”, afirmou.
A presidente da Associação Comercial e Empresarial de Ilhabela, Heloiza Lacerda, disse que muitos dos transtornos estariam sendo causados pelas obras que estão sendo feitas nos terminais de São Sebastião e Ilhabela.
O prefeito de Ilhabela, Toninho Colucci (PL), disse que está atento às questões da balsa.
“A entrada na Ilhabela é feita pelo sistema de travessias de balsas. Desde janeiro de 2021 tenho cobrado melhorias. Tudo o que estamos passando hoje teve início no governo do PSDB, que praticamente abandonou a travessia por quatro anos”, comentou.
Segundo ele, Tarcísio se comprometeu e tem cumprido o cronograma de reforma e modernização das embarcações. “A gente tem visto uma melhora, mas sabíamos que isso não iria ocorrer da noite para o dia. Estamos vendo uma luz no final do túnel. Minha preocupação é que a partir de novembro, com a inauguração do Contorno Sul, entre Caraguatatuba e São Sebastião, haverá um aumento no fluxo de veículos em direção a Ilhabela e a gente espera não ter mais a problemática atual com filas e demora na travessia”, afirmou Colucci.
Estado afirma investir
A atual secretária diz que recebeu um sistema precarizado, fruto de décadas de subinvestimento.
Segundo ela, a gestão Tarcísio está atuando fortemente para garantir a melhoria dos serviços prestados aos cidadãos que utilizam as travessias, com foco nas regiões de maior demanda.
“Estamos reformando estruturas de atendimento aos usuários, estações, flutuantes de atracação e balsas, para garantir, em primeiro lugar, segurança aos usuários, além de conforto e agilidade no serviço”, disse.
Segundo ela, é importante ressaltar que vários fatores influenciam diariamente na prestação do serviço, como as questões climáticas (ventos, chuvas fortes e neblina) e a realização de grandes eventos turísticos, que geram congestionamentos e dificultam a prestação do serviço.
“Nesta semana, por exemplo, São Sebastião está recebendo dois grandes eventos: a 51ª edição da Semana Internacional de Vela, com regatas até 27 de julho, e os Jogos Regionais, que reúnem milhares de atletas”, afirmou.
Também disse que o estado está reformando o atracadouro de São Sebastião, com investimento de R$ 6,9 milhões, e o atracadouro de Ilhabela, com investimento de R$ 6,3 milhões. As melhorias abrangem os flutuantes metálicos, os dolfins de costagem e manobra (estruturas de atracação e amarração das embarcações), passarelas de pedestres e pontes mistas de embarque e desembarque.
“São obras que, quando concluídas, entre agosto e setembro, trarão mais segurança ao usuário, além de mais conforto e agilidade no serviço, em especial para o período do verão”, disse a secretária.
Segundo ela, mesmo com as obras, considerando os 24 dias do mês de julho de 2024 e comparando com o mesmo período de 2023, há um crescimento de 4% no volume transportado, de 227,9 mil em 2023 para 237 mil em 2024 (incluindo motos, carros, caminhões, ciclistas e pedestres).