Fiat Titano Ranch promete agitar o mundo das picapes médias
Com design robusto, bons equipamentos e câmbio de seis marchas, a Fiat apostou alto no modelo; confira as impressões ao dirigir e os desafios para o futuro
- Data: 11/02/2025 10:02
- Alterado: 11/02/2025 10:02
- Autor: Daniel Dias/TranspoNews
- Fonte: AutoMotrix
Em março do ano passado, a Titano finalmente colocou a Fiat em um dos segmentos mais importantes da atualidade, o de picapes médias. Montada na fábrica da Nordex, no Uruguai – mas já com mudança confirmada para Córdoba, na Argentina, onde também é feito o sedã Cronos –, a Titano tem a maior parte de seus componentes trazida da China, tendo como base a plataforma KP1, desenvolvida pela Changan em conjunto com a PSA Peugeot Citroën, agora integrante da Stellantis, grupo que reúne ainda a própria Fiat, a Jeep e a Ram. A partir da KP1, vieram as picapes Changan Kaicene F70, em 2019, e Peugeot Landtrek, em 2020, da qual a Titano se originou. A explicação de a Landtrek – vendida em mercados da África, do Oriente Médio e da América do Sul – ter sido preterida para representar a Stellantis na categoria de picapes médias no Brasil é simples: a escolha da Fiat para estrear no segmento é devido à liderança da marca italiana no mercado brasileiro e à sua enorme rede de concessionárias e de serviços no país.
Concorrência Forte e Desempenho no Mercado
O lançamento da Titano em um segmento tão prestigiado foi tardio, em especial à categoria já ter solidificado as presenças de nomes consagrados há um bom tempo, com a Toyota Hilux, apresentada no Brasil em 1992, a Ford Ranger, em 1994, e a Chevrolet S10, em 1995. E a Titano ainda custou para engatar uma “marcha de cruzeiro” no quesito vendas no Brasil. O ano de 2024 encerrou com a Hilux com 50.010 unidades vendidas e a manutenção da liderança conquistada em 2016, a Ranger com 31.860, a S10 com 27.402, a Mitsubishi Triton com 10.982, a Nissan Frontier com 9.258, a Volkswagen Amarok com 7.328 e a Titano com 6.223. A picape da Fiat teve seu melhor mês de emplacamentos em dezembro, com 1.475 unidades – deixou para trás a Frontier (503), a Amarok (703) e a Triton (939). Em janeiro deste ano, a Titano emplacou 882 unidades e foi superada pela Triton (974), mas continuou à frente da Frontier (748) e da Amarok (684).
Com 5,33 metros de comprimento, 2,22 metros de largura (com espelhos), 1,89 metro de altura e 3,18 metros de distância de entre-eixos, a Titano tem o motor 2.2 turbodiesel de 180 cavalos de potência a 3.750 rotações por minuto e 40,8 kgfm de torque a 2 mil giros nas três versões – Endurance, Volcano e Ranch – e câmbio manual de 6 marchas na primeira e automático também de 6 velocidades nas outras duas. A “top” Ranch (o modelo testado) conta com caixa de transferência, bloqueio manual do diferencial e três modos de tração, “2H”, “4H” e “4L”, e rodas de liga leve de 18 polegadas. Na frente, a grade tem estilo robusto e geométrico, emoldurada pelas luzes de circulação diurna (DRL) em leds e pelo “skid plate” (protetor do motor). A Titano tem como forte apelo de vendas um dos maiores volumes de caçamba de seu segmento, com 1.314 litros.
Dentro, os bancos na Titano Ranch são em polímero que simula couro, com costuras aparentes para buscar alguma sofisticação, ajuste elétrico nos da frente e a possibilidade de rebatimento dos de trás para abrir espaço para transporte de cem quilos na cabine. O volante multifuncional replica o couro sintético mas não tem ajuste de profundidade. O interior da Titano é um de seus pontos fortes, com bom espaço para cabeça, pernas e ombros tanto na frente quanto para o pessoal sentado na traseira, que conta com bom ângulo de reclinação do encosto. Para conforto e comodidade, existe na frente um console central com porta-copos, nichos para objetos e um amplo apoio de braços central, com mais um compartimento para guardar objetos não muito grandes.
O motorista tem à disposição uma destacada central multimídia com tela de 10 polegadas, que pode ser personalizada, navegação via o “velho” TomTom, espelhamento para Apple CarPlay e Android Auto pelo smartphone, cluster com tela digital de 4,2 polegadas colorida, ar-condicionado digital de dual zonas e “keyless entry’n go” (chave presencial) com partida por botão. Com posição de dirigir naturalmente alta – configuração típica do segmento –, a Titano Ranch tem outro ponto importante na câmera de 360 graus para off-road, ajudando na hora de estacionar e avisando quando obstáculos são detectados durante a manobra. Esse diferencial vem por quatro câmeras distribuídas pela parte de fora da picape.
A picape média da Fiat está disponível nas cores metálicas Vermelho Tramonto (do modelo testado), Preto Carbon e Prata Billet e a sólida Branco Ambiente. A Ranch se destaca das outras duas pelos detalhes cromados, como nos frisos e nas maçanetas. A “top” tem seis airbags, alerta de saída de faixa, assistente para descidas acentuadas, detector de pressão dos pneus, controle de estabilidade e de tração, assistente de partida em rampa e Trailer Swing Control, que ajuda na estabilização quando ela está puxando um reboque. Os preços atuais da Titano, sem as muitas promoções oferecidas pela Fiat, são de R$ 219.990 na Endurance (a única versão com câmbio manual), R$ 239.990 na Volcano e R$ 259.990 na topo de linha Ranch, as duas últimas com transmissão automática de 6 marchas. A picape média é o primeiro modelo da Fiat no Brasil a oferecer cinco anos de garantia.
Impressões ao Dirigir: Aspectos a Evoluir
Porto Alegre/RS – A beleza das linhas e de todo o design externo são certamente o maior trunfo da Titano. Por outro lado, apesar de demorar para entrar no segmento, a decisão da marca italiana em apenas escolher a plataforma da Changan Kaicene F70, também adotada na Peugeot Landtrek, resultou no maior problema do modelo da Fiat: ela pula demais! Mais com a caçamba vazia, porém, também com o compartimento de carga parcialmente carregado. Com isso, a Titano acaba sendo mais ruidosa e desconfortável que suas concorrentes. Com a transferência da produção para a Argentina, que ocorrerá ainda esse ano, a picape média da Fiat deve receber o novo motor Multijet 2.2 turbodiesel, usado nas picapes intermediárias Ram Rampage e Fiat Toro, nas quais trabalha acoplado a um câmbio automático de 9 marchas e entrega 200 cavalos e 45.8 kgfm. Na linha de montagem argentina, também devem acontecer ajustes no conjunto suspensivo e no design da Titano.
O atual motor 2.2 turbodiesel tem força de sobra para empurrar as pouco mais de duas toneladas da picape (mais precisamente, 2.150 quilos), com 180 cavalos de potência e 40,8 kgfm de torque e a boa sintonia com o câmbio automático de 6 velocidades – se tivesse mais algumas marchas, não faria mal algum. É um bom “powertrain”. Entretanto, nem os controles de estabilidade e de tração, nem o eficiente sistema de freio, com discos ventilados na frente, ABS e distribuição de frenagem, conseguem eliminar a sensação de desconforto dinâmico, especialmente quando é necessário frear bruscamente a picape – a frenagem funciona bem, mas é mais rumorosa e trepidante que o desejável. Conforme a Fiat, a Titano Ranch acelera de zero a 100 km/h em 12,4 segundos e pode atingir 175 km/h. Na avaliação do Inmetro, a picape faz média de 8,5 km/l na cidade e 9,2 km/l na estrada.