Expectativa e Incerteza Marcam Posse de Maduro na Venezuela
Oposição luta por espaço em meio a repressão e crise humanitária na Venezuela.
- Data: 10/01/2025 00:01
- Alterado: 10/01/2025 00:01
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
Crédito:Divulgação
No dia 10 de janeiro, data marcada pela posse de Nicolás Maduro, um clima de expectativa permeia a Venezuela, conforme destaca Luz Mely Reyes, cofundadora do Efecto Cocuyo. Em suas palavras, “Algo acontecerá na Venezuela. Ou pode ser que não aconteça muita coisa.” Essa ironia sutil reflete a tensão entre as demonstrações de apoio militar do regime e as declarações da oposição, que anunciou a intenção de levar o exilado Edmundo González à cerimônia de posse.
O ambiente político se tornou ainda mais volátil com os recentes acontecimentos envolvendo a líder opositora María Corina Machado, que alegou ter sido detida por agentes do governo antes de ser liberada. O regime, por sua vez, negou as acusações, ampliando a incerteza sobre a situação.
A possibilidade de González conseguir entrar no país sob um sistema de segurança rigoroso levanta questionamentos. Atualmente na República Dominicana, ele planeja viajar com outros ex-presidentes da região em direção à Venezuela.
Sobre a cerimônia, Jorge Rodríguez, um dos principais representantes do chavismo e atual presidente da Assembleia Nacional, anunciou que o evento está agendado para o meio-dia local. Na véspera, ruas e praças em todo o país foram tomadas por motociclistas conhecidos como “coletivos”, que atuam como forças de segurança não oficiais, criando um clima intimidador para possíveis manifestações.
A oposição organizou atos para o dia anterior à posse; no entanto, a participação foi consideravelmente reduzida em comparação com protestos anteriores. O medo da repressão e a diminuição da mobilização popular foram fatores determinantes para esse cenário. Nos dias que antecederam a posse, houve um aumento significativo nas prisões políticas; a ONG Foro Penal relatou pelo menos 18 detenções apenas nesta semana.
Os analistas políticos expressam ceticismo sobre a eficácia dos movimentos opositores neste momento crítico. Milos Alcalay, ex-embaixador venezuelano no Brasil, enfatiza que o foco deve ser demonstrar a ilegalidade do governo atual, que ele afirma não ter legitimidade após os resultados das eleições controversas.
Além disso, as lideranças opositoras estão tentando atrair apoio das forças armadas e da polícia, essenciais para o sustento do chavismo. A mensagem é clara: é uma escolha entre ser um tirano ou um herói. Entretanto, muitos analistas sugerem que tais apelos podem ter efeito contrário, unindo ainda mais os militares ao regime.
Por outro lado, há esperança entre alguns membros da oposição quanto ao retorno iminente de Donald Trump à presidência dos EUA. A expectativa é que ele adote uma postura mais firme contra Caracas e reconheça González como o verdadeiro vencedor das eleições.
À medida que se aproxima a data da posse, fica claro que, independentemente dos eventos programados para este dia histórico, Maduro continua consolidando seu poder em meio a uma crise humanitária sem precedentes. O êxodo contínuo de cidadãos venezuelanos já ultrapassa 8 milhões, evidenciando o desespero da população diante da situação política e econômica.
A cerimônia contará com poucas presenças diplomáticas significativas; mesmo aliados regionais raros de Maduro não comparecerão pessoalmente. Enquanto isso, países como China e Rússia enviarão representantes em nível inferior.
Desde sua ascensão ao poder em 2013 após a morte de Hugo Chávez, Maduro tem aprofundado o controle autoritário sobre o país e agora tem condições de permanecer no cargo até 2031.