Em Diadema, todo dia é Dia dos Povos Indígenas
Antigo Dia do Índio, 19 de abril é marcado pela reflexão e pela reafirmação da importância das lutas dos povos originários
- Data: 19/04/2024 15:04
- Alterado: 19/04/2024 15:04
- Autor: Redação
- Fonte: PMD
Márcia Damaceno (esq) e lideranças indígenas do ABCD
Crédito:PMD
O dia 19 de abril, antigo Dia do Índio (palavra considerada pejorativa e que vem sendo abandonada) e atual Dia dos Povos Indígenas, é um momento para que as pessoas possam rever seus conhecimentos equivocados em relação a este segmento. Para não cometer erros gravíssimos, como, por exemplo, acreditar que todo indígena vive somente em aldeias. Segundo o IBGE, 86% dos municípios brasileiros possuem população descendente dos povos originários e Diadema não é exceção, com 288 moradores se declarando indígenas no último censo.
“Além de apenas celebrar, é preciso fazer um esforço coletivo para entender a importância dos povos originários e a importância de sermos solidários com suas lutas – principalmente contra os grandes latifundiários que muitas vezes acabam expulsando-os de suas terras,” pontua Márcia Damaceno, coordenadora da Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (CREPPIR).
No Grupo de Trabalho de Igualdade Racial do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC foi criado então o subgrupos de Povos Originários, no qual são discutidas políticas públicas de atendimento a este povo e seminários sobre o tema, como o que acontecerá em junho, de monitoramento sobre a aplicação ou não da lei 11.645/08, que exige o ensino de História Indígena nas escolas.
Mas a presença indígena na região do Grande ABCD não é apenas abstrata, restrita a grupos de trabalho e à letra fria da legislação. Aqui pertinho, em Ribeirão Pires, temos a presença de uma grande liderança, a Cacica Jaqueline Haywã, da etnia Pataxó Hã Hã Hãe. Em Diadema, encontram-se Pankará, Pankararu e pessoas indígenas de outras etnias, que trazem consigo as suas histórias, saberes, culturas, religiosidade e práticas de cura.
Como Sílvia Pankará, originária da Serra do Arapuá, em Pernambuco, mas que vive em Diadema já há 27 anos. “Gosto muito dessa cidade que tão bem nos acolheu,” conta Sílvia. “Antes eu não falava que era indígena, talvez por insegurança, mas hoje não tenho nenhum receio de falar, mesmo quando as pessoas me olham meio sem acreditar.” Sílvia, por ser loira, percebe que desafia estereótipos do que é ser indígena. “Estamos reconstruindo a história, mostrando para as pessoas que o indígena pode ser de todas as cores, classes sociais e culturas.”
Hoje, Sílvia e parentes de Mauá e São Bernardo estão ajudando o Consórcio ABC a mapear a população indígena no ABC, inclusive incentivando-os a se registrarem nas UBS, por exemplo, como indígenas. “Isso ajuda não só a população, que tem seus direitos como indígena respeitados, como a prefeitura, que consegue quantificar esse povo e construir políticas públicas com mais eficiência,” explica Márcia Damaceno, coordenadora do CREPPIR.
Nesta gestão do Prefeito Filippi, Diadema lançou programas que buscam efetivar a lei 11.645, como o Diadema de Dandara e Piatã, que utiliza brincadeiras, músicas, grafismos, simbologias, lendas, palavras, alimentos e outras representações no combate ao preconceito e à discriminação, de forma acessível e compreensível, para as crianças das escolas municipais.
“É de suma importância nossos estudantes conhecerem e refletirem sobre os povos indígenas e sua importância para a construção de uma sociedade mais justa, plural e comprometida com a preservação da diversidade cultural e ambiental,” explica a indígena Vivian Viegas, coordenadora do programa. “Precisamos compreender o papel fundamental dos povos originários na formação do nosso país, reconhecer sua história e cultura e desconstruir estereótipos negativos promovendo o respeito à diversidade étnica e cultural.”
Também mantemos diálogo permanente com todos esses representantes do movimento e servidores municipais que são membros de povos originários, que acompanham de perto a implementação de políticas públicas que atendam esse segmento.
É o caso de Amanda Pankararu, que coordena a Casa Beth Lobo, importante equipamento público que acolhe mulheres vítimas da violência. “Como indígena que vive em contexto urbano, compreendo que precisamos fortalecer a luta na defesa dos povos originários em todos espaços que ocuparmos,” afirmou Amanda. “Desse modo, como servidora da prefeitura de Diadema, tenho também contribuído no GT dos povos indígenas no consórcio intermunicipal e no comitê técnico de saúde do município para pensar nos atravessamentos que nossas populações sofrem, bem como para construir políticas que contemplem também as nossas especificidades. É muito satisfatório perceber que essa cidade tem avançado na abertura desse debate”
Pois é. Em Diadema, todo dia é Dia dos Povos Indígenas.