Em busca da sustentabilidade viável
Renault Kwid E-Tech está na briga dos automóveis elétricos que mais se aproximam dos preços dos modelos com motores a combustão
- Data: 20/12/2022 08:12
- Alterado: 20/12/2022 08:12
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Luiz Humberto Monteiro Pereira/AutoMotrix
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Em abril deste ano, a Renault anunciou a pré-venda nacional do Kwid E-Tech. Por aqui, a versão 100% elétrica do subcompacto entrou na briga dos mais baratos do país que podem ser abastecidos nas tomadas. Importado da China, o Kwid E-Tech começou a ser entregue há três meses – cerca de 1.500 unidades estarão nas ruas brasileiras até o final deste ano. Oferecido por R$ 146.990, o subcompacto concorre diretamente com os elétricos JAC E-JSI, que custa R$ 159.900, e o Caoa Chery iCar, oferecido por R$ 149.990, ambos também de origem chinesa. Apesar de ser competitivo em relação aos concorrentes conterrâneos, o Kwid E-Tech custa o dobro do Kwid com motor flex mais bem equipado – a versão Outsider, que aparece no site da Renault partindo de R$ 73.890.
Visualmente, o Kwid elétrico repete o design já conhecido da versão flex, com discretas diferenças. Tem um capô vincado, um grande para-choque dianteiro e um conjunto óptico separado com luzes de circulação diurna (DRL) em leds que se prolongam até a grade. Como todos os modelos “ecologicamente amigáveis” da marca, a grade frontal do Kwid E-Tech é inteiriça e rebatível, para dar acesso ao conector de recarga. As rodas são de quatro parafusos em vez de três, para suportar melhor o torque instantâneo. Na traseira, o para-choque tem protetor pintado na cor prata e refletores integrados. O lado “verde” é discretamente explicitado nas faixas laterais e na tampa traseira com a inscrição “E-Tech Electric”. O porta-malas carrega os mesmos 290 litros da versão térmica e o banco traseiro também pode ser rebatido, ampliando para 1.100 litros. O veículo está disponível nas cores Branco Glacier Polar (do modelo avaliado), Prata Diamond e Verde Noronha e vem com itens de segurança como controle eletrônico de estabilidade (ESP), freios ABS com BAS (Braking Assist System), assistente de partida em rampa (HSA), a câmera de ré, sensor de estacionamento traseiro e direção elétrica com assistência variável. O multimídia Media Evolution é de série. O nível de equipamentos é similar ao da versão Outsider, a “top” do Kwid com motor flex – mas o elétrico vem com seis airbags, ante apenas os dois frontais obrigatórios da versão flex.
O Kwid chinês passou por mudanças para se adaptar ao mercado brasileiro e recebeu até um motor elétrico mais potente. O Kwid E-Tech exportado para o Brasil tem motor com 48 kW de potência (equivalente a 65 cavalos) e 11,5 kgfm de torque. Pelos dados da Renault, o elétrico acelera de zero aos 50 km/h em 4,1 segundos, de zero a 100 km/h em 8,2 segundos, pode chegar a 130 km/h e tem autonomia de 298 quilômetros, conforme a norma do Inmetro. O modelo pesa 977 quilos – o Kwid com motor flex tem 820 quilos – e o peso baixo (para um modelo movido somente pela energia das baterias) colabora na autonomia e na redução do custo por quilômetro rodado. Pelas contas da Renault, o custo aproximado de um quilômetro rodado pelo Kwid elétrico é equivalente a um sétimo do que é despendido por um veículo térmico equivalente. Já em termos de manutenção, também de acordo com a fabricante, a versão elétrica cobra metade da correlata do Kwid a combustão. Para a Renault, um motorista que rode 20 mil quilômetros anuais levará três anos para amortizar a diferença de preço entre a versão flex e a elétrica. A bateria do modelo da Renault tem 26,8 kWh de capacidade e, de acordo com a fabricante, pode ser recarregada em uma tomada comum de 220V em uma noite na garagem ou em 40 minutos em um carregador de corrente contínua, garantindo 80% de capacidade da bateria. O Kwid E-Tech tem três anos de garantia, oito anos para a bateria e está isento do rodízio da cidade de São Paulo.
A frenagem regenerativa no Kwid E-Tech recupera energia a cada vez que o motorista deixa de exercer pressão sobre o pedal do acelerador ou quando freia – um recurso comum aos carros elétricos. O modo de condução “Eco” torna a frenagem regenerativa mais atuante, limita a potência em 33 kW e a velocidade máxima em 100 km/h, tudo para aumentar a autonomia da bateria. Enquanto o Kwid E-Tech está carregando, o painel de bordo exibe o indicador de recarga e mostra a autonomia disponível em quilômetros. Carregadores WEG e Schneider podem ser adquiridos nas concessionárias ou por assinatura pelo Renault on Demand. Além do Kwid E-Tech, do Zoe E-Tech, do Kangoo E-Tech e do Twizy, a oferta de elétricos da Renault do Brasil terá reforços em 2023, quando a van Master E-Tech chegar ao país. Também no ano que vem, está prevista a chegada ao mercado brasileiro da versão E-Tech do hatch médio Mègane. A Renault afirma que as 280 concessionárias da marca no Brasil estão aptas a vender o Kwid elétrico.
EXPERIÊNCIA A BORDO
Do jeito de sempre
Antes de ser E-Tech – ou seja, 100% elétrico –, o Kwid E-Tech permanece sendo um Kwid. Desse modo, o acabamento segue o padrão despojado das versões com motor flex. No interior, predominam os plásticos rígidos de aspecto nada nobre e não há qualquer tipo de regulagem de altura ou profundidade para o volante ou de altura do banco. A montagem é bastante correta. Os espaços são os mesmos da versão flex – extremamente exíguos –, no entanto, a versão elétrica é homologada para quatro lugares em vez dos cinco no modelo movido por etanol ou gasolina. Não há cinto de segurança ou apoio de cabeça para um terceiro passageiro no banco de trás. Ar-condicionado, travamento centralizado das portas por botão, vidros elétricos dianteiros e traseiros, ajuste de altura dos faróis, limitador de velocidade e regulagem elétrica dos retrovisores são de série no Kwid elétrico. Os comandos de abertura elétricos seguem a localização pouco ergonômica da versão flex – na coluna central, logo abaixo da tela do multimídia. Ao lado deles, aparece o botão com o cadeado, que trava e destrava as portas.
Em um estilo bem minimalista, o painel do Kwid E-Tech combina preto brilhante com detalhes em prata. No quadro de instrumentos, um “econômetro” aparece à esquerda. No centro, fica o velocímetro digital e do lado direito está um marcador que indica a carga disponível da bateria. O destravamento do compartimento de recarga é feito em um comando interno, sob o volante. E o sistema multimídia Media Evolution vem com uma tela “touchscreen” de 7 polegadas, espelhamento de smartphone compatível com Apple CarPlay e Android Auto, Bluetooth, entradas USB e AUX.
IMPRESSÕES AO DIRIGIR
Ritmo urbano
Se, por dentro, o Kwid E-Tech não deixa de ser um Kwid, sob o capô, é um carro elétrico – e sua performance dinâmica corresponde à motorização. Ou seja, ao virar a chave, não surge a habitual trepidação do motor de três cilindros 1.0 aspirado do carro a combustão. Um providencial “OK” aparece em letras verdes no painel para alertar que o carro está ligado. O seletor giratório oferece apenas três possibilidades: “D”, “N” e “R”. Também típicas dos elétricos são as instigantes respostas rápidas ao pedal do acelerador. Basta pisar no pedal da direita e o subcompacto ganha velocidade com jeito quase esportivo, embalado pelo torque instantâneo proporcionado pelo motor elétrico. A sensação de força ao arrancar é convincente e dá ao modelo uma agilidade impressionante. Depois, conforme o carro alcança velocidades maiores, a performance dinâmica de aproxima mais dos modelos “populares” com motores flex.
O motorista pode tentar dirigir de uma forma mais econômica atentando às informações do “econômetro” no painel de instrumentos. O ruído do motor, como é normal nos elétricos, é inaudível da cabine, porém, o barulho de rodagem dos pneus e os ruídos aerodinâmicos são bastante perceptíveis. Para poupar bateria, é uma boa ideia acionar o modo “Eco”, que limita a potência a 45 cavalos, restringe a velocidade máxima a 100 km/h e aumenta a atuação da frenagem regenerativa. Cairia bem ao Kwid E-Tech o sistema “ePedal” ou “One Pedal”, presente em todos os elétricos mais sofisticados, que permite acelerar e frear apenas pressionando ou soltando o pedal da direita. Com o modo “Eco” desligado, o Kwid E-Tech entrega um comportamento dinâmico mais instigante.
A direção elétrica é leve e permite manobrar o modelo com facilidade, embora não seja tão precisa. A suspensão é confortável nas ruas, lida bem com a buraqueira cotidiana e a altura elevada do solo ajuda a passar em desníveis e lombadas. Embora seja vocacionado para o trânsito urbano, o subcompacto elétrico pode ser usado nas rodovias, pois chega à velocidade máxima de 130 km/h. A autonomia declarada, de 265 quilômetros em uso misto ou até 298 quilômetros apenas na cidade, segundo a norma utilizada pelo Inmetro, permite viagens curtas para localidades mais próximas, sem necessidade de recarregamento. Nas estradas, como a regeneração de energia gerada pelas frenagens é menor, a autonomia cai.
FICHA TÉCNICA
Renault Kwid E-Tech
Motor: elétrico de 48 kW, síncrono de imãs permanentes com redutor integrado. Baterias de íon-lítio.
Tração: dianteira
Potência: 65 cavalos
Torque: 11,5 kgfm
Transmissão: uma marcha à frente e uma a ré
Carroceria: hatch subcompacto de quatro lugares e quatro portas
Suspensão: dianteira MacPherson com amortecedores hidráulicos telescópicos e molas helicoidais. Traseira com eixo rígido com molas helicoidais
Direção: elétrica
Roda e pneus: 175/70 R14
Freios: disco ventilado na dianteira e tambor na traseira
Peso: 977 kg
Dimensões: 3,68 metros de comprimento, 1,58 metro de largura, 1,48 metro de altura e 2,42 metros de distância de entre-eixos
Porta-malas: 290 litros
Preço: R$ 146.990