Duelos da vida

De vítima da violência ao topo do ranking mundial da esgrima em cadeira de rodas, Jovane Guissone venceu muitas lutas

  • Data: 28/09/2015 08:09
  • Alterado: 28/09/2015 08:09
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Jogos Cariocas
Duelos da vida

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A infância na pequena cidade gaúcha de Barros Cassal não ofereceu muitas condições financeiras, mas deu uma boa base familiar a Jovane Guissone. Na adolescência, trabalhava com os cinco irmãos na colheita de fumo na propriedade da família. Depois, partiu para a cidade grande, para procurar um emprego e tentar melhorar de vida. Foi para Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, onde trabalhou como açougueiro e vigilante. Aos 21 anos, sofreu uma tentativa de assalto. No susto, reagiu e acabou sendo atingido por uma bala na coluna. Ficou paraplégico e teve de aprender a se movimentar em uma cadeira de rodas. Para manter a forma física, buscou uma atividade esportiva. Tentou o basquete em cadeira de rodas, mas foi na esgrima para cadeirantes que se reinventou. “No inicio, pensei que fosse o fim. Mas aos poucos fui aprendendo a me reconhecer e dar valor às mais simples coisas da vida. Através do esporte descobri um mundo de vantagens, acompanhadas de alegrias, superações…”, explica, sem disfarçar a emoção.

Aos 32 anos, Jovane coleciona dezenas de medalhas nacionais e internacionais, incluindo a primeira medalha internacional brasileira na esgrima em cadeira de rodas – bronze na Copa do Mundo do Canadá, em 2011 – e a medalha de ouro nas Paralimpíadas de Londres, em 2012. Agora, acaba de atingir o topo do ranking mundial da esgrima paralímpica na categoria B Espada. A próxima meta são os Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro. “Provavelmente já estou classificado para 2016, principalmente agora que acabei de me tornar o primeiro no ranking mundial”, comemora Jovane, que é casado desde 2010 com Queli e há 4 anos tornou-se pai de Jovane Júnior. A enteada Amandinha, de 14 anos, completa a família que vive na cidade de Esteio, Região Metropolitana da capital gaúcha.

Jogos Cariocas – Como se aproximou da esgrima?
Jovane Guissone – Comecei em 2006, através de um convite feito por Fábio Damasceno, que hoje é meu compadre. Na época, eu fazia basquete em cadeira de rodas, mas não conseguia render tão bem. Fui conhecer a esgrima, gostei e estou até hoje, graças a Deus! Desde 2009 sou o primeiro do ranking da modalidade no Brasil.

Jogos Cariocas – Quais são seus pontos fortes na esgrima? E quais fundamentos precisa aprimorar?
Jovane Guissone – Agilidade, raciocínio, técnica, tática e resistência física em dia são os meus pontos altos. Precisaria aprimorar os treinos internacionais, mas para isso seriam necessários mais investimentos nessa área.

Jogos Cariocas – Como é a sua rotina, num dia comum?
Jovane Guissone – De segunda a sexta, eu saio de casa às 9 h e chego no treino às 10 h. O treino físico vai até o meio-dia. Das 13 h às 16 h eu treino esgrima em cadeira de rodas com meus técnicos voluntários, que são o Eduardo Nunes e o Alexandre Alves Teixeira. Felizmente eu consigo me dedicar integralmente ao esporte, graças aos meus atuais patrocinadores, que são o Time Nissan, a Caixa Loterias e a Bolsa Pódio do Ministério dos Esportes.

Jogos Cariocas – Qual foram seus momentos mais emocionantes, dentro do esporte?
Jovane Guissone – Desde 2009, tenho sido campeão brasileiro invicto todos os anos e já conquistei alguns títulos internacionais. Mas, sem dúvida, o momento mais emocionante foi a conquista da medalha de ouro nas Paralimpiadas de Londres, em 2012.

Jogos Cariocas – O fato de estar em casa pode representar uma vantagem para os atletas brasileiros? Ou será que pode atrapalhar?
Jovane Guissone – Não atrapalha em nada! Até acredito que seja positivo, pois podemos fazer bonito e receber o carinho da torcida. O apoio dos torcedores é uma força muito poderosa. Quanto à organização do evento, até a data prevista tudo deve estar nos conformes! Sou brasileiro e acredito sempre!

Jogos Cariocas – Qual é a coisa mais legal de ser um esgrimista? E a parte chata?
Jovane Guissone – Não existe parte chata na esgrima! O mais bacana do esporte é poder praticar individualmente, sem depender de mais ninguém. Sou um atleta competitivo e me cobro muito no esporte. Gosto de dar o meu máximo. Na esgrima, temos regras e jogamos com muito foco. Gosto dessa forma de competir, onde você não pode ter distrações. É tão bom fazer o que se gosta e ser reconhecido por isso! Espero que todos sejam tão felizes quanto eu sou!

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  • Data: 28/09/2015 08:09
  • Alterado:28/09/2015 08:09
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Jogos Cariocas









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