Dor nas mamas:quando procurar ajuda?
Duas em cada três mulheres vão apresentar dor nas mamas em algum momento da vida, e isso é particularmente comum durante a adolescência e durante os fluxos menstruais
- Data: 03/11/2022 16:11
- Alterado: 15/08/2023 19:08
- Autor: Redação
- Fonte: Dra Daniele Duarte
Dor nas mamas
Crédito:Divulgação
Falar de dor nas mamas é abordar um dos temas mais comum da consulta com a mastologista e que gera muita ansiedade por parte das pacientes. Boa parte das mulheres teme que a dor seja uma das formas do câncer de mama se manifestar, ainda que isso seja raro.
Duas em cada três mulheres vão apresentar dor nas mamas em algum momento da vida, e isso é particularmente comum durante a adolescência e durante os fluxos menstruais. Inclusive, essa maior chance de dor mamária está relacionada à produção hormonal. Após a ovulação, ocorre uma alteração das concentrações dos dois principais hormônios femininos: a progesterona e o estrogênio. Essa alteração parece ser capaz de aumentar a produção de um outro hormônio: a prolactina. Essa prolactina está relacionada a aumento da sensibilidade mamária, ingurgitamento das mamas e consequente dor local.
Podemos classificar a dor nas mamas em dois tipos principais: a cíclica e a acíclica. Dizemos que a dor é cíclica quando ela está relacionada ao ciclo menstrual, sendo mais comum na fase perto da ovulação, e frequentemente é associada a outros sintomas da tensão pré menstrual, como alterações de humor e inchaço. Geralmente acomete a parte mais lateral de ambas as mamas, e melhora com o término da menstruação.
Por outro lado, temos a dor mamária acíclica, que se caracteriza por não estar relacionada ao ciclo menstrual, e ser contínua, frequentemente unilateral. Pode ainda irradiar para axila, braço, ombro e até mão.
A causa da dor mamária cíclica é aquela que falamos anteriormente: as alterações hormonais do período perto da menstruação. Já as causas das dores acíclicas variam bastante e podem estar relacionadas a:
Infecções, como as mastites;
Traumas, como acidentes automobilísticos, cirurgias prévias e uso de sutiã inadequado;
Tamanho excessivo mamário, como no caso das pacientes com mamas volumosas;
Uso de medicações, como antidepressivos, anti-hipertensivos e alguns antibióticos.
Todo sintoma mamário merece ser avaliado pela mastologista. Essa é a especialista capaz de investigar a queixa de dor nas mamas, descartando causas de gravidade, especialmente no que diz respeito ao câncer de mama. Não existe um tempo definido a partir do qual é orientado a procura do médico. No caso da dor nas mamas acíclica, alguns exames complementares podem ser necessários para esclarecer a causa, como tomografia de tórax ou ultrassonografia. Vale destacar que no caso das mulheres acima de 40 anos, essa consulta é a oportunidade de realizar o rastreamento com a mamografia.
Precisamos reforçar que o câncer de mama não causa sintomas. A dor nas mamas é uma exceção quando estamos falando desse tumor: e só acontece quando o estágio é muito avançado e há acometimento da pele e/ou da parede torácica.
A primeira recomendação para tratamento da dor nas mamas é a avaliação pelo especialista, com tranquilização da paciente. A consulta médica permite descartar doenças graves e permite a adoção de medidas comportamentais para melhora da dor, como usar sutiãs de tamanho adequado, com melhor sustentação (alças largas), sem bojo e sem aro metálico.
Caso a dor ainda persista, podemos lançar mão de analgésicos simples e mesmo anti-inflamatórios por poucos dias para melhora do quadro. Em casos de dor de muita intensidade e limitação importante da qualidade de vida da mulher, medicações mais específicas podem ser necessárias, como o tamoxifeno, sempre com supervisão frequente pelo mastologista.