Diversidade e inclusão dão o tom no CarnaCaps de Diadema
Temática do evento da Saúde Mental dá visibilidade às várias formas de cultura, raça, cor, etnia, deficiência, gêneros, sexualidades e possibilidades de vivenciar o ‘ser humano’
- Data: 06/02/2024 10:02
- Alterado: 06/02/2024 10:02
- Autor: Renata Nascimento
- Fonte: PMD
Crédito:Dino Santos
A alegria vai invadir as ruas de Diadema, na tarde da próxima quinta-feira (08/02), com O CarnaCAPS, festa de carnaval promovida pela Prefeitura de Diadema e organizada pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do município. O evento é aberto e vai promover a confraternização de todos: usuários, familiares, trabalhadores, amigos e população em geral.
Neste ano, o tema escolhido foi “Coloridade” e vai abordar as questões de diversidade humana e inclusão, de forma ampla. A apoiadora de Saúde Mental da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Heloísa Elaine dos Santos, pontua alguns dos contextos da diversidade: “de cultura, raça, cor, etnia, deficiência, gêneros, sexualidades e toda possibilidade de ‘ser humano. É dar voz fundamentalmente à inclusão de toda pessoa em sua singularidade e garantia de direitos e se posicionar contra toda forma de preconceito e discriminação”, avalia.
A concentração do bloco de carnaval tem início às 13h30, em frente ao Teatro Clara Nunes. A Banda do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) Folia ficará responsável pelo repertório musical que vai animar os participantes. Por volta das 15h, o cortejo vai sair com o Grupo Bate Lata e percorrer a Rua Graciosa e Avenida Alda, em direção à Praça Castelo Branco, na região central.
O evento conta com a parceria das Secretarias de Cultura e Mobilidade e Transportes. Já estão confirmados representantes dos cincos CAPS, Espaço Colmeia, serviços de residência terapêutica, demais serviços da Secretaria Municipal da Saúde, Assistência Social e Cidadania e Conselho da Pessoa com Deficiência.
Inclusão
Na avaliação de Entony Henrique de Campos Santos, usuário do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Norte, o evento traz visibilidade porque as pessoas estão na rua e são vistas. “Falar sobre o tema é dar voz a essa população. As pessoas falam de inclusão, mas nem sempre isso acontece na prática. Lembro de, na escola, querer participar de uma peça de teatro, mas quando fui participar, disseram que não tinha mais vaga. Eu fui excluído”, relembra. “Se a pessoa ver e falar um pouco sobre o tema e a música (composta pelos usuários para exclusivamente para o evento), já é importante”, afirma.
“Me senti incluído aqui, quando escolheram a minha sugestão de tema para o carnaval. Pensei em várias pessoas, autistas, com paralisia e que precisam de cuidado em saúde mental”, conta com alegria. Cada serviço da RAPS adotou uma cor para confecção da decoração carnavalesca. “A do CAPS Norte é azul”, garante.
Entony também foi um dos principais compositores da música que aborda o acolhimento no serviço de saúde e a transformação quando a comunidade inclui. Com os versos “Aqui vai dando tudo certo / porque o afeto age mais que remédio”, a canção exprime o sentimento vivenciado por ele e pelos colegas no CAPS.
A responsável pela Oficina Bate Lata, Marinéia da Silva, também conhecida como Meg, destaca que o CarnaCaps é um momento de alegria e socialização, importante para quem utiliza os serviços de saúde mental e também para aqueles que não precisam desse cuidado. “Proporcionar experiencias que eles estejam no território, não é só uma experimentação para eles, é também para essa sociedade”, relata. “Para questionar esses pensamentos formados há muitos anos de que a gente só cabe em um lugar se tiver pensando de um único jeito”, ressalta.
Bate Lata e saúde mental
O grupo Bate Lata foi criado há cerca de dois anos, pelo técnico de enfermagem Robson de Jesus Silva., no CAPS Norte, com participantes da oficina de percussão. Entre os instrumentos utilizados estão baldes como tambores. “No ano passado, saímos pela primeira vez no carnaval e já tinha essa batida da música do Queen (We Will Rock You). Um usuário começou a cantar e improvisar a letra com as questões do CAPS. Então, neste ano, a gente trabalhou em cima disso”, conta Meg sobre o processo de composição. “O Entony fez grande parte e, no coletivo, com sugestão de palavras, a gente foi construindo a letra. Agora estamos na fase de decorar, tocar e seguir”, completa.
A profissional faz um paralelo entre esse processo e o cotidiano. “A vida é isso, uma composição de um tanto de coisa acontecendo. E quando tem muitas coisas, a pessoa pode se desorganizar. Então é acolher quem consegue só tocar, acolher quem consegue tocar e andar, acolher quem consegue tocar, andar e cantar e seguir junto. Tudo isso, respeitando a particularidade de cada um”, afirma Meg.
Ela ainda explica que a música traz uma vibração que faz perceber estar vivo, despertando sentimentos que fazem se sentir humano de fato, com a sutileza de pertencimento e de experimentar a vida. Essa característica é benéfica de acordo com o quadro clínico. “Esse grupo tem uma tendencia a ficar muito preso em emoções e, às vezes, com persecutoridade (impressão ou sentimento patológico de estar sendo perseguido). Esse traço de sintoma pode ser persistente” detalha. “Com a música, a gente tira a pessoa desse lugar e permite que ela experimente outros processos, faz com que olhe para outras coisas. Então é muito importante que ela não se veja só sendo esse sintoma e se permita ser uma pessoa vivendo”, finaliza.
Carnaval 2024
Após 12 anos sem atividades culturais relacionadas ao Carnaval, a Prefeitura de Diadema volta a celebrar a festa mais popular do Brasil nos dias 3 e 4 de fevereiro, na Praça da Moça.
Serviço:
Coloridade – Evento de carnaval da Saúde Mental
08 de fevereiro, quinta-feira, a partir das 13h30
Concentração em frente ao Teatro Clara Nunes. Rua Graciosa, 300 – Centro.