Diadema sedia encontro estadual de Economia Solidária
Redes de Gestores e servidores de 11 cidades trocaram experiências e discutiram desafios do setor / Fotos: André Baldini e Pedro Roque
- Data: 08/03/2024 18:03
- Alterado: 08/03/2024 18:03
- Autor: Redação
- Fonte: PMD
Crédito:Divulgação
Nesta quarta-feira (06), a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho de Diadema (SEDET) abriu suas portas para receber a Rede de Gestores de Economia Solidária, que reuniu 11 cidades da região e do interior de São Paulo para compartilhar experiências de sucesso e também discutir os principais desafios para o crescimento do setor.
“Este encontro é parte do processo de reconstrução das políticas de Economia Solidária, que foram destruídas pelo Governo Federal desde o golpe de 2016,” explicou Marcelo Lucas, diretor de Políticas de Trabalho e Economia Solidária da SEDET. “A rede de gestores faz essa interlocução com as cidades e a atual Secretaria Nacional de Economia Solidária, ligada ao Governo Federal. A ideia é organizar a agenda e as conferências de 2024 e sermos protagonistas na criação de um sistema nacional de economia solidária, com protagonismo dos municípios.”
Diretor Marcelo Lucas
No encontro, cada cidade teve espaço para apresentar seu trabalho e apontar os principais obstáculos enfrentados na implantação local de uma economia mais solidária. Dentre os desafios expostos, a falta de recursos humanos e de orçamento próprio foi quase uma constante.
Para Marcelo, o papel das prefeituras nesse processo é essencial. “É o município que conhece melhor a realidade de sua população e tem capacidade de levar essa discussão a todos os cantos da cidade, de forma que a população tenha consciência de que existe uma outra alternativa de desenvolvimento. Uma alternativa mais humana, com inclusão, menos exploração do trabalhador e mais solidária.”
Secretário Nelci Rodrigues, de Mauá
“Além disso, o apoio institucional do governo ajuda os empreendimentos solidários a se estabelecerem, seja permitindo o uso de um espaço público para montar feiras ou barracas, seja investindo em orientação e formação para os trabalhadores desses empreendimentos,” completou Nelci Rodrigues, secretário de Trabalho, Renda e Empreendedorismo da cidade de Mauá, presente com sua equipe no evento. “E o trabalho de Diadema é referência aqui na região.”
Dentre as experiências positivas, foram citadas legislações específicas; incubadoras públicas; lojas, quiosques e até lanchonetes e restaurantes populares exclusivos para a economia solidária; editais de fomento; articulação com empresas, fábricas e entidades do sistema S, dentre outras.
Jairo Santos
“É justamente esse diálogo em rede que faz com que uma experiência aqui de Diadema chegue em Araraquara, em Minas Gerais, no Nordeste, otimizando o conhecimento e os recursos da gestão pública,” afirmou Jairo Santos, da Secretaria do Trabalho do Estado da Bahia, atual secretário-executivo da Rede de Gestores. “São 20 anos de rede, promovendo o intercâmbio entre as cidades para que a experiência da Economia Solidária seja, cada vez mais, uma experiência coletiva.”
Foco nos Empreendimentos Solidários
Mariana Giroto
Para Mariana Giroto, coordenadora executiva e nacional da Rede de Gestores, encontros desse tipo ajudam a descobrir entidades que podem fortalecer laços com Diadema. “São muitas histórias que podem mudar a realidade dos pequenos empreendedores e das pessoas em situação de vulnerabilidade social,” afirmou. “Além disso, buscamos também inspiração para ampliar nossa rede de programas.”
Marta Barbosa (de verde), de Rio Claro
Marta Adriana Barbosa, secretária de Assistência Social de Rio Claro, contou como o aparato público pode beneficiar os pequenos empreendedores: “É uma classe, na maioria das vezes, ignorada pelas políticas e queremos mudar esse cenário em nossa cidade”, completou a secretária.
Mariana Alves, do IFT
Uma dessas entidades é o Instituto Federal de São Paulo (IFSP), que trabalha por meio de editais. “Temos 180 vagas para distribuir na região metropolitana de São Paulo e a presença de Diadema é importante,” afirmou a técnica educacional Mariana Bertolotti Alves. “Muitos jovens e adultos querem estudar e trabalhar, porém não conseguem por falta de acesso à informação. Podemos ser uma ajuda na formação dessas pessoas.”
Arildo Lopes (de pé, ao fundo), da Unisol Brasil
Representantes de grandes organizações nacionais também prestigiaram o encontro e saíram bem impressionados com o que viram. A Unisol Brasil, por exemplo, surgiu na região do Grande ABCDMRR com apoio de sindicatos diversos, como o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e Sindicato dos Químicos, e hoje congrega empreendimentos de economia solidária em todo o país. O atual presidente, Arildo Mota Lopes, vê essa mobilização de gestores como fundamental: “São prefeituras que tocam a política no dia a dia e conseguem se organizar para dar respaldo institucional às ações dos pequenos empreendedores. Gostei muito de uma proposta surgida aqui, de dar capilaridade à Lei 13.019/2014, que regula a formação de convênios entre as prefeituras e empreendimentos da sociedade civil.”
Já Marcelo Gomes Justo, do Instituto Paul Singer, que homenageia um dos criadores dessa ideia de Economia Solidária no Brasil, lembrou que mais do que um respaldo, cabe ao poder público a organização desse setor, para que seja atingido o conceito de Desenvolvimento Solidário: Experiências locais, que realizam economia solidária, produção de alimentos agroecológicos e uma educação transformadora. E, para isso, é preciso uma comunidade organizada, mas também incentivos municipais, estaduais e federais.”
Gestores trocam experiências
No final, a sensação foi de dever cumprido. “Estar junto, nos organizando em rede, e saber que tantos gestores têm as mesmas propostas e sonhos é algo que nos fortalece, não só aqui em Diadema, mas em todo o estado de São Paulo,” resumiu Mariana Giroto. “Agora é nos preparar para realizar conferências municipais sobre o tema, com vistas à conferência estadual e a nacional, que deve ocorrer em 2025, com a presença de mais de 1.500 delegados de todo o Brasil. E estaremos presentes!”
Rede de cidades e suas ações pelo estado de SP
Participaram do encontro as cidades de Diadema, Araraquara, Caieiras, Francisco Morato, Franco da Rocha, Mauá, Mogi das Cruzes, Osasco, Rio Claro, São Carlos e São Paulo, além de representantes estaduais e nacionais da rede.