Diadema promove palestra sobre perigos do uso de droga sintética
Entorpecente confundido com maconha sintética não possui relação com a droga e tem efeito 100 vezes mais potente que a cannabis
- Data: 29/03/2023 15:03
- Alterado: 29/03/2023 15:03
- Autor: Renata Nascimento
- Fonte: PMD
Palestra “K2: Esclarecer
Crédito:Mauro Pedroso
Mais de 170 profissionais de saúde e educação da rede municipal de Diadema participaram da palestra “K2: Esclarecer, compreender e evidenciar para cuidar!”, promovida pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS), no auditório do Quarteirão da Saúde, na tarde desta terça-feira (28/03). O objetivo do encontro foi abastecer os profissionais do município com informações sobre a droga e seus efeitos para pensar políticas públicas que protejam a população, já que casos do uso da droga já foram registrados no estado e região metropolitana.
A farmacêutica bioquímica e pesquisadora do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (BEBRID), Dra Solange Aparecida Nappo, explicou que os canabidióides sintéticos, a exemplo do K2, “são produtos químicos em pó que são misturados com solventes e pulverizados em ervas ou até mesmo em papel. Por se tratar de uma substância com efeito maior do que a maconha convencional, seu poder de dependência é maior”.
A substância é uma droga sintética que é pulverizada em qualquer tipo de erva, incluindo tabaco, para ser fumada. Popularmente é chamada de “K2”, “K4”, “K9”, “Spice” ou similares.
Entre os principais sintomas estão relaxamento, euforia, alucinações, perda de coordenação, taquicardia, pensamentos descontrolados ou confusão mental, agitação, ansiedade, paranoia, comportamento agressivo e violento, desmaios, vômito, dificuldades respiratórias.
A pesquisadora ainda alerta que a substância pode ter um efeito até 100 vezes mais potente que a cannabis, entretanto não pode ser confundida com maconha sintética. “Sua composição química falha em imitar os efeitos do THC (um composto da maconha) e produzem efeitos negativos que não são originalmente causados pela cannabis”, afirma Solange.
Atuação
Segundo a pesquisadora, com os dados disponíveis até o momento, o público adolescente é o que mais faz uso desse tipo de substância.
“Nossa responsabilidade na conversa com juventude, os usuários e os eventuais usuários é explicar que não tem nada a ver com maconha. Nós estamos entendendo melhor esse fenômeno e podemos, no dia a dia da nossa atividade, ser multiplicadores e levar esclarecimentos às pessoas. Isso não quer dizer que as elas não vão parar, mas levamos informação que pode fazer muita diferença nas escolhas que as pessoas fazem”, ressalta Maria do Rosário da Costa Ferreira, do CAPS Álcool e Drogas. Para Rosário a informação clara e correta é o melhor caminho. “A estratégia do medo e do estigma afasta as pessoas porque atua pelo paradigma do medo e isso também potencializa a desinformação”, finaliza.
O conselheiro tutelar, José de Barros Freitas (Professor Miranda), marcou presença e elogiou o debate. “Excelente iniciativa da saúde de iniciar a discussão sobre o tema, mas entendo que precisa expandir ainda mais e levar essas informações para outros espaços, por exemplo, a escola que a meu ver é o maior multiplicador”.
A conselheira Patrícia Santana Vieira (Patrícia Santana) concordou. “Percebemos que quando tem palestra sobre um determinado assunto na escola, desperta o olhar da comunidade para a situação e aumenta a procura no Conselho Tutelar. Por isso, concordo que seria importante levar a informação do que aprendemos aqui para as escolas”.
A coordenadora da Saúde Mental, Maria Regina Tonin, ficou surpresa com o grande interesse dos profissionais pelo tema e sugeriu como encaminhamento do encontro a criação de um grupo de trabalho para dar continuidade ao estudo sobre o tema”.
Além disto, o município, por meio da Vigilância em Saúde, vem desde outubro de 2022 monitorando, por meio das notificações compulsórias, os atendimentos de emergência feitos às pessoas que fazem uso abusivo dessas drogas, a fim de mapear os casos, melhorar o acompanhamento epidemiológico e subsidiar possíveis políticas públicas de prevenção.