Diadema orienta sobre cuidados com a saúde em períodos de chuvas
Cidades do Estado de São Paulo têm registrado chuvas intensas desde o início do mês, o que pode aumentar o risco de contrair doenças como a leptospirose. Saiba o que fazer para evitar
- Data: 23/02/2023 17:02
- Alterado: 23/02/2023 17:02
- Autor: Redação
- Fonte: PMD
Equipe CCZ
Crédito:Dino Santos
As fortes chuvas que atingiram o litoral norte no feriado de carnaval causaram rastro de destruição e acenderam um alerta vermelho nas equipes de saúde, com possível aumento na transmissão de doenças de saúde pública como a leptospirose.
Segundo a coordenadora da Vigilância em Saúde do município, Cristina Marins, diante do risco iminente de novos desastres naturais, como inundações e enchentes, Diadema tem intensificado as orientações junto aos munícipes e conselheiros de saúde sobre os cuidados preventivos contra a doença que, no Brasil, é considerada endêmica, tornando-se epidêmica em períodos chuvosos, principalmente nas capitais e áreas metropolitanas, devido às enchentes associadas a fatores socioambientais e à alta infestação de roedores infectados.
“Nossa equipe tem seguido à risca as recomendações da Nota Técnica nº 138/2022, do Ministério da Saúde, para reforçar as estratégias de detecção, monitoramento e resposta para o enfrentamento da leptospirose”, afirmou Cristina.
O município faz vigilância ativa e todo caso suspeito da doença é notificado e registrado no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), para o desencadeamento de ações de prevenção e controle e monitoramento dos casos suspeitos e confirmados até o encerramento do caso.
Um exemplo é o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Diadema, que realiza, em média, 70 atendimentos de desratização por mês. Após 10 dias do primeiro atendimento, a equipe retorna na área, para reforço da ação. Dependendo do grau de infestação, ocorre até um terceiro retorno.
Situação epidemiológica em Diadema
Nos últimos 10 anos, o número de notificações de leptospirose sofreu oscilações, mas, de modo geral, vem caindo no município. Em 2013, foram 31 casos notificados, quatro confirmados e um óbito. Já em 2022, foram 10 notificações, sendo três confirmados e nenhum óbito.
Cristina conta que mesmo os números caindo nos últimos anos, o cuidado é permanente, principalmente para evitar óbitos que ainda ocorrem por conta de leptospirose. “Toda vida importa e é um motivo a mais para divulgar informações de como prevenir e evitar o problema”.
Leptospirose
A leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda que é transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais (principalmente ratos) infectados pela bactéria Leptospira; sua penetração ocorre a partir da pele com lesões, pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada ou por meio de mucosas. As inundações propiciam a disseminação e a persistência da bactéria no ambiente, facilitando a ocorrência de surtos.
Os sintomas mais comuns na fase precoce da doença são: febre, dor de cabeça, dor muscular (principalmente na panturrilha), falta de apetite, vômitos e náuseas. Nas formas mais graves, pode ocorrer icterícia (olhos e pele amarelados) e sangramentos.
Em caso de suspeita, procure um serviço de saúde para avaliação clínica. Devido à similaridade de sinais com outras enfermidades, é importante relatar ao profissional da saúde, no momento do atendimento, caso tenha tido contato com fatores de risco, como água contaminada ou lama. A informação é fundamental para um correto diagnóstico já que o intervalo de tempo entra a transmissão e o início dos sintomas pode variar de um a 30 dias, sendo mais comum entre cinco e 14 dias após a exposição.
Prevenção
Confira as principais recomendações do Ministério da Saúde para prevenção e controle da leptospirose:
– Evite o contato com água ou lama de enchentes, esgoto ou córregos;
– Não permita que crianças nadem ou brinquem em águas de inundações ou enchentes;
– Descarte alimentos (inclusive rações de animais domésticos) e medicamentos que possam ter sido expostos à água contaminada, mesmo que embalados em plásticos ou que não foram abertos; o mesmo vale para alimentos de hortas que possam sofrer inundação;
– Faça o descarte de objetos como tábuas de madeiras, chupetas e mamadeiras que possam estar contaminadas;
– Lave bem as mãos para preparar alimentos ou fazer suas refeições;
– Pessoas que trabalham na limpeza de lama, entulhos e desentupimento de esgoto devem usar equipamentos de proteção individual como botas e luvas de borracha (ou, caso não seja possível, usar EPIs, usar sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés);
– A lama de enchentes tem alto poder infectante e adere a móveis, paredes, bancadas e chão. Recomenda-se retirar essa lama (sempre com a proteção de luvas e botas de borracha) e lavar o local, desinfetando-o a seguir com uma solução de hipoclorito de sódio a 2,5%, na seguinte proporção: para 20 litros de água, adicionar duas xícaras de chá (400mL) de hipoclorito de sódio. Aplicar essa solução nos locais contaminados com lama, deixando agir por 15 minutos;
– Caso a água da enchente atinja a caixa d’água ou reservatório, descarte todo o líquido, faça a limpeza interna e higienize com a seguinte solução: coloque 1 litro de água sanitária para cada mil litros de água. Deixe agir por um período de duas horas e esvazie novamente; só após, encha com água limpa;
Evite condições favoráveis à proliferação de animais sinantrópicos, principalmente os roedores:
– Ratos podem transmitir a doença. Evite a presença deles. Para o controle dos roedores, recomenda-se acondicionamento e destino adequado do lixo, armazenamento apropriado de alimentos, desinfecção e vedação de caixas d´água, vedação de frestas e aberturas em portas e paredes, etc.
– Não jogue lixo, restos de comida ou entulho em córregos, calçadas, ruas e terrenos baldios;
– Mantenha seu lixo bem fechado e só o coloque na rua perto da hora da coleta;
– Mantenha o quintal livre de entulho e inservíveis;
– Tampe acessos pelos quais o roedor possa entrar no seu imóvel, como ralos e buracos;
– Para eliminar a presença de roedores, use apenas produtos vendidos em comércio legal. Jamais use chumbinho. O uso de raticidas (desratização) deve ser feito por técnicos devidamente capacitado.