Diadema oferece apoio para quem quer largar o vício do cigarro
Grupo de Cessação de Tabagismo aborda mudança de comportamento, rede de apoio, memórias afetivas que podem afetar a vontade de parar de fumar, benefícios de largar o vício
- Data: 28/08/2023 10:08
- Alterado: 28/08/2023 10:08
- Autor: Renata Nascimento
- Fonte: PMD
UBS Inamar
Crédito:Igor Andrade Cotrim
Foi um princípio de infarto, em 2014, que fez o morador de Diadema Rogério de Oliveira largar por três anos o hábito de fumar que o acompanhou desde a adolescência. Após ficar viúvo, em 2018, voltou ao consumo de cigarros. Mas o desejo de ter mais saúde e bem-estar o estimulou a procurar o Grupo de Cessação de Tabagismo na Unidade Básica de Saúde (UBS) Inamar. Na cidade, 14 das 20 UBSs possuem grupos ativos de apoio para quem quer deixar o fumo. São elas: ABC, Canhema, Casa Grande, Conceição, Eldorado, Inamar, Paineiras, Real, Reid, Ruyce, Promissão, São José e Serraria. As demais estão em fase de organização dos grupos e acolhem a população para articular o cuidado com a Unidade de referência.
O Programa Municipal de Controle ao Tabagismo oferta cuidado multidisciplinar envolvendo profissionais ligados à Estratégia de Saúde da Família (ESF) como médicos, psicólogos, farmacêuticos e cirurgião dentista, entre outros. Assim, os grupos trabalham diferentes aspectos para empoderar a pessoa que pretende largar o vício, mantendo a abstinência e criando habilidades para enfrentar situações de recaída.
O tratamento inclui avaliações clínica e de saúde bucal para prevenção precoce de câncer bucal, cuidado em saúde mental, atenção ao uso abusivo de álcool, tabagismo e outras drogas. Nos encontros, são discutidos temas como mudança de comportamento, medicação, rede de apoio, como as memórias afetivas podem afetar a vontade de parar de fumar, benefícios de largar o vício e os desafios a serem enfrentados.
“Entrei no grupo com a expectativa de deixar novamente o vício e com a ajuda do grupo, estou há 30 dias sem cigarros. Não é fácil, mas, com a paciência e boa vontade das profissionais, estou conseguindo”, afirma Rogério. E as mudanças já são percebidas pelo munícipe. “Sinto que meu apetite aumentou e a disposição, mais ainda”, enfatiza. “Assim como eu, muitos fumantes gostariam de deixar o vício e acredito que o governo e as entidades de saúde devessem investir mais em campanhas contra o cigarro”, recomenda.
Atualmente, 58 pacientes são acompanhados na rede municipal. Confira os endereços aqui. Quem deseja parar de fumar, pode procurar a UBS mais próxima. Em setembro, terão início novos grupos nas UBS Centro e Conceição. Além do cuidado ofertado nas UBSs, as equipes também fazem ações em escolas pelo Programa Saúde na Escola (PSE) e em empresas, orientando estudantes e trabalhadores.
Atenção
O fumo é responsável por mais de 8 milhões de mortes anuais, sendo 7 milhões por uso direto e aproximadamente 1,2 por exposição de não fumantes ao fumo passivo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). É como se, a cada ano, um estado inteiro do Maranhão e de Tocantins sumissem do planeta em razão das consequências do hábito de fumar.
Somente no Brasil, mais de 161 mil pessoas morreram em decorrência desse vício no ano de 2020, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o que representa a população de municípios como Atibaia e Itapecerica da Serra. Para desestimular o hábito de fumar e diminuir as estatísticas, foi instituído, em 1986, o Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto. E não é só o tabaco que prejudica a saúde. Cigarros eletrônicos, saborizados, narguile e afins também podem trazer riscos semelhantes ou maiores.
“Esses tipos de cigarros são muito aceitos no mundo dos adolescentes e jovens, sem se preocupar com o impacto de uso ao longo da vida. Têm sido utilizados em muitos espaços sociais e de convívio, inclusive em ambientes fechados e criados para consumo de narguilés, por exemplo”, destaca a apoiadora da Atenção Básica, Denise Miyamoto. “Além do consumo da nicotina em maior quantidade que o cigarro normal, temos o compartilhamento dos cigarros, algo que não vinha mais acontecendo entre a população”, enfatiza.
Profissionais qualificados
Em julho passado novos 30 profissionais das UBS foram capacitados pelo Programa Estadual de cessação de Tabagismo, fortalecendo a rede de saúde. A farmacêutica Fernanda Pinto Nunes da Silva participou de capacitação promovida pelo Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (CRATOD) sobre Abordagem e Tratamento do Tabagismo no SUS em julho deste ano e explica que parar de fumar deve ser uma decisão consciente e que exige comprometimento de cada pessoa.
“O grupo não é só a distribuição de medicamentos. Há uma mudança de rotina desse paciente para que ele consiga ter uma diminuição do fumo e parar de fumar. Tem pessoas que fumam há 20, 30, 40 anos”, relata. “Então, precisa fazer a mudança de hábito desse paciente para que, aí sim, a medicação seja significativa e, com a conclusão do grupo, o paciente não volte a fumar”, afirma.
Para a farmacêutica Giselle Maria da Silva Souza, da UBS Eldorado, a atualização de conhecimento é fundamental. “O curso do CRATOD foi muito produtivo. Já participei de dois grupos de Tabagismo na Unidade e explico aos pacientes sobre como devem utilizar os medicamentos, os efeitos colaterais e os benefícios de parar de fumar”. Participaram da capacitação 30 profissionais da rede municipal.