Diadema celebra Dia da África mostrando avanços na Política de Igualdade Racial
Evento no Teatro Clara Nunes reuniu vários setores da população na luta contra o racismo
- Data: 26/05/2023 20:05
- Alterado: 31/08/2023 16:08
- Autor: Redação
- Fonte: PMD
Evento no Teatro Clara Nunes reuniu vários setores da população na luta contra o racismo
Crédito:Igor Andrade Cotrim
Na noite desta quinta-feira (25), a população de Diadema foi convidada pela Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (CREPPIR) ao Teatro Clara Nunes para comemorar o primeiro ano de vigência do Plano Municipal Decenal da Igualdade Racial. O documento, único do gênero no Grande ABCD, reúne ações de diversas secretarias da cidade para enfrentar o racismo, o preconceito e a discriminação.
Mais do que comemoração, o momento foi também de prestação de contas, de aaliar o que já foi realizado pelas secretarias ao longo deste ano. “A gente escolheu fazer a reflexão nesta data justamente por ser Dia da Mãe África, Dia do Continente Africano, um território esquartejado pelos imperialistas, que sugaram o sangue dos nossos antepassados,” afirmou Márcia Damaceno, coordenadora do CREPPIR. “Hoje, somos filhos desta diáspora, que deixou grande legado na nossa cultura, nossa língua, nossa dança. Uma dança que celebra a vida, mas que também é uma dança de guerra, pois somos herdeiros de Zumbi e Dandara. Hoje, o planeta inteiro celebra a África e esta se torna também uma atividade de formação. Formação de orgulho, de autoestima, de luta por um planeta melhor.”
O povo preto atendeu o chamado, e estava em peso no teatro – desde estudantes do EJA até a vice-prefeita Patty Ferreira, passando por artistas, religiosos, pessoas idosas, LGBTs, crianças, vereadores e secretários municipais. O padre Thadeus Obuya, do Campanário, que é originário do Quênia, fez questão de lembrar que esta data celebrava os 60 anos de fundação da Unidade Africana (hoje União Africana), idealizada como uma resposta ao colonialismo e a apropriação sem-fim de recursos africanos.
“Quando se fala de promoção da Igualdade Racial, eu penso logo no Estatuto da Igualdade Racial, que já tem 13 anos. Quantos aqui conhecem esta lei? Como vamos cobrar a aplicação do estatuto se nem ao menos o conhecemos? O que move o mundo hoje é a informação e precisamos nos informar para que este estatuto não permaneça na gaveta, onde tem estado até hoje.”
O capoeirista Mestre Pelé, presidente do GT Igualdade Racial no Consórcio ABC, que reúne as sete cidades da região, lembrou que Diadema é a única cidade que está fazendo a lição de casa com relação à Igualdade Racial: “A gente percebe o avanço de Diadema nas políticas públicas para esta população, ao trazer a população para discutir junto com o governo, colocar metas, cobrar as secretarias, prestar contas. É um exemplo que temos que levar a toda a região.”
“Esse ano foi um ano de bastante conquistas nessa área,” comemorou a vice-prefeita Patty Ferreira, a primeira prefeita preta a administrar Diadema, juntamente com o prefeito José de Filippi Jr. “Temos coordenadoria e conselho, um comitê técnico de saúde da população negra, o programa Dandara e Piatã, cursos de capacitação para afroempreendedores, ouvidoria para receber denúncias de crimes raciais, formação para a Patrulha Maria da Penha acolher mulheres negras vítimas da violência, cotas de vagss em concurso para trabalhadores pretos e pretas… Isso tudo é uma conquista. A gente precisa se reconhecer, nosso povo precisa ter sua ancestralidade resgatada.”
Ao relembrar o caso recente do jogador Vini Jr., que sofreu racismo durante uma partida de futebol na Espanha, Patty se emocionou. “É isso o que a gente carrega o tempo inteiro, agressões, xingamentos. Então, quando acontece, é preciso mostrar. Chega de racismo, chega de violência, chega de desigualdade. Basta.”
O evento seguiu com a apresentação de um vídeo sobre as ações da Prefeitura para a promoção da Igualdade Racial e com apresentações artísticas dos grupos Mulheres em Movimento e da população 60+ – ambas tendo como tema o legado de Elza Soares.