Diabetes duplica em 32 anos, e Brasil lidera ranking mundial com 22 milhões de casos
Obesidade e má alimentação são os vilões
- Data: 14/11/2024 08:11
- Alterado: 14/11/2024 08:11
- Autor: Redação
- Fonte: G1
Diabetes
Crédito:Marcelo Camargo - Agência Brasil
Um estudo recente divulgado pela prestigiada revista científica “The Lancet” revelou que a prevalência global de diabetes, incluindo os tipos 1 e 2, duplicou entre 1990 e 2022. Os especialistas identificam a obesidade e uma alimentação inadequada como principais fatores responsáveis por esse crescimento alarmante. Atualmente, o Brasil ocupa a sexta posição no ranking mundial de países com mais indivíduos diagnosticados com diabetes, totalizando cerca de 22 milhões de pessoas.
A pesquisa indica que, dos 828 milhões de adultos vivendo com diabetes ao redor do globo, impressionantes 445 milhões não receberam tratamento adequado em 2022. Tal realidade é especialmente crítica em nações de baixa e média renda, onde as taxas de tratamento permanecem estagnadas. Na África Subsaariana, por exemplo, apenas entre 5% e 10% dos adultos diabéticos têm acesso a cuidados médicos, expondo um vasto contingente a sérios riscos à saúde. O professor Jean Claude Mbanya, da Universidade de Yaoundé, em Camarões, destaca a urgência de enfrentar essa crise.
Entre os países com menor cobertura para o tratamento do diabetes estão Índia (133 milhões), China (78 milhões), Paquistão (24 milhões), Indonésia (18 milhões), Estados Unidos (13 milhões), Bangladesh (13 milhões) e Brasil (10 milhões). A pesquisa evidencia que a taxa global de incidência da doença aumentou de aproximadamente 7% para cerca de 14% durante o período estudado. Em termos absolutos, isso representa um salto de 198 milhões para 828 milhões de casos.
No Brasil, projeções indicam que até 2042, cerca de 75% dos adultos poderão estar acima do peso ou obesos, intensificando ainda mais o desafio do diabetes no país. O Dr. Ranjit Mohan Anjana, da Fundação de Pesquisa de Diabetes de Madras na Índia, reforça a importância da prevenção através de uma alimentação saudável e da prática regular de exercícios físicos. Ele defende políticas públicas mais ousadas que restrinjam o consumo de alimentos não saudáveis e promovam o acesso a alimentos nutritivos e atividades físicas.
Outros dados relevantes do estudo apontam que os seis países com os maiores números absolutos de diabéticos são: Índia (212 milhões), China (148 milhões), Estados Unidos (42 milhões), Paquistão (36 milhões), Indonésia (25 milhões) e Brasil (22 milhões). No período entre 1990 e 2022, as taxas globais aumentaram tanto para homens quanto para mulheres, passando respectivamente de 6,8% para 14,3% e de 6,9% para 13,9%. A Bélgica destacou-se por apresentar as maiores taxas de cobertura no tratamento da doença.
Conduzido pela NCD Risk Factor Collaboration em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o estudo baseou-se em dados colhidos junto a mais de 140 milhões de indivíduos em mais de mil estudos populacionais diferentes.
Diabetes é uma condição crônica caracterizada pelo excesso de glicose no sangue. Essa hiperglicemia prejudica a capacidade do corpo em neutralizar radicais livres — moléculas nocivas que podem levar à morte celular — afetando negativamente o metabolismo celular e retardando processos como cicatrização devido à má circulação sanguínea. Existem quatro principais categorias dessa enfermidade: pré-diabetes, diabetes tipo 1, tipo 2 e gestacional.