Deputados aprovam diretrizes do Orçamento de 2021 e aumentam poder do Congresso em emendas
Proposta fixa a meta fiscal de resultado primário e prevê rombo de até R$ 247 bilhões no ano que vem; projeto ainda passará por uma votação no Senado, em sessão às 18 horas de hoje, 16
- Data: 16/12/2020 17:12
- Alterado: 16/12/2020 17:12
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
O projeto ainda passará por uma votação no Senado nesta quarta-feira
Crédito:Reprodução
Os deputados federais aprovaram o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2021 por 444 votos a 10. A proposta fixa a meta fiscal de resultado primário e prevê rombo de até R$ 247 bilhões no ano que vem.
A aprovação do projeto tranquiliza o governo e afasta o risco de um shutdown (paralisação do governo por falta de aprovação do orçamento) a partir de janeiro. Algumas medidas, porém, preocupam especialistas. Com despesas limitadas pelo teto, que restringe o avanço dos gastos à inflação, o texto agora é usado pelo Congresso como instrumento de manobra para dar mais poder ao relator do Orçamento na destinação de recursos e para retirar qualquer barreira à execução de obras no ano que vem.
Emendas sem carimbo’
O texto aprovado autoriza as bancadas estaduais a apresentarem emendas ao Orçamento para repasses diretos a prefeitos e governadores, possibilidade atualmente prevista apenas para indicações individuais de deputados e senadores.
Batizada de “emenda sem carimbo”, a transferência especial foi criada pelo Congresso no ano passado. Somente em 2020, ano de eleições municipais, o governo repassou um total de R$ 592,2 milhões em recursos diretos para prefeitos e governadores. Esse tipo de transferência pode ser aplicado em qualquer área e não há exigência legal de prestação de contas ao governo federal, o que levanta críticas entre órgãos de controle. Até agora, por exemplo, não houve um pente-fino sobre a aplicação desses valores. Com a alteração na LDO, o volume deve aumentar ainda mais em 2021.
De acordo com o relator, senador Irajá (PSD-TO), o primeiro ano de transferências especiais foi um “grande teste” e trouxe resultados positivos para o País. A extensão do modelo para as emendas de bancada, indicadas pelo conjunto de parlamentares de um mesmo Estado, vai beneficiar ainda mais os redutos eleitorais, justificou. “Acho que assim nós iremos contemplar todos os municípios, evitando que uma emenda de bancada, quando alocada no orçamento da União e destinada a um Estado ou a vários mínimos, leve dois anos para ser executada. O País e a população não podem esperar por tanto tempo.”
O relator também aumentou o limite previsto na LDO para as emendas de bancada. O projeto do governo previa porcentual de 0,8% da Receita Corrente Líquida para essas indicações. O parecer eleva o volume para o teto permitido pela Constituição para o ano que vem, ou seja, de 1% da arrecadação. No projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA), o limite foi corrigido. O governo reservou um total de R$ 16,4 bilhões para emendas parlamentares em 2021, somando indicações de bancadas e individuais. O Congresso se articula para aumentar o montante. O parecer da LDO inclui a previsão de pagamento para emendas indicadas pelo relator-geral do Orçamento e pelas comissões do Congresso, não previstas no texto do Executivo.
Além das emendas de relator e comissões e das transferências sem carimbo, o parecer da LDO no Congresso também mexeu em outros dispositivos do projeto para dar maior poder aos parlamentares na definição do Orçamento. O prazo para o governo apresentar um cronograma de pagamento das emendas, o que sinaliza quando o dinheiro chegará a Estados e municípios, foi reduzido de 90 para 45 dias. As alterações ainda passarão pelo crivo do presidente Jair Bolsonaro. Se houver veto, os dispositivos poderão ser recuperados pelo Legislativo no futuro.