Depressão e Ansiedade geraram 150 mil afastamentos do trabalho em 2023
Especialista em saúde mental, Prof. Dr. Wagner Gattaz descreve os principais agentes associados ao surgimento dessas doenças e os fatores de proteção psicológica de funcionários
- Data: 22/04/2024 12:04
- Alterado: 22/04/2024 12:04
- Autor: Redação
- Fonte: Gattaz Health & Results
Depressão, suicidio
Crédito:Marcelo Camargo / Agência Brasil
Levantamento do Ministério da Previdência Social aponta que depressão e ansiedade foram responsáveis por 149,3 mil benefícios por incapacidade temporária, no Brasil, em 2023 – no extrato relacionado às principais causas de afastamento do trabalho. Neste cenário, dados da Fundação Getúlio Vargas, no ano anterior, revelaram que 63% dos profissionais com algum transtorno mental não receberam apoio de suas lideranças para lidarem com o problema e que 48% acreditam que as empresas pouco ou nada se preocupam com o bem-estar dos trabalhadores [i].
“De fato esses dados da FGV estão em linha com os nossos resultados de pesquisa em mais de 100.000 trabalhadores, mostrando que o suporte social no ambiente de trabalho é o fator mais importante de proteção e promoção da saúde mental. O problema é que ainda há muito preconceito relacionado à doença mental, sobretudo no trabalho. Precisamos derrubar esse estigma para tornarmos o diagnóstico e o tratamento acessíveis a todos. Isso resultará em menos sofrimento ao trabalhador e aumento da produtividade laboral”, comenta o Prof. Dr. Wagner Gattaz, médico psiquiatra e CEO da consultoria Gattaz Health & Results.
O impacto desses transtornos mentais pode ser ainda maior considerando as pessoas não diagnosticadas e o presenteísmo, circunstância em que a pessoa mantém sua frequência ao trabalho, mas não consegue se dedicar integralmente às suas responsabilidades. Profissionais com baixos níveis de bem-estar apresentam produtividade 33% menor quando comparados àqueles com escores elevados [ii].
Com trajetória dedicada ao fortalecimento da saúde mental no trabalho, Dr. Gattaz destaca que 33% das pessoas consideram o trabalho o maior fator desencadeante da depressão [ii]. “Isso não surpreende. O trabalho é uma das áreas da vida em que passamos mais tempo. Contudo, muitas vezes, os conflitos no trabalho não são a causa, mas uma consequência da depressão. Consequência da irritabilidade, da queda de produtividade”.
Dentre os fatores de saúde mental mais prevalentes para o afastamento de trabalhadores estão, por ordem, o transtorno misto ansioso e depressivo; episódios depressivos; episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos; ansiedade generalizada; transtorno depressivo recorrente; episódio atual grave sem sintomas psicóticos; e episódio depressivo moderado. Concedido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o benefício por incapacidade temporária se destina às pessoas que precisam se ausentar por mais de 15 dias do trabalho por motivo de doença.
O médico aponta a importância de atentar à saúde mental de colaboradores tanto na construção da cultura organizacional quanto na forma de benefício corporativo. “Os fatores protetores para a saúde mental mais efetivos são a autonomia do trabalhador; a comunicação objetiva e não violenta; e o suporte social – a sensação de pertencer a uma comunidade em que há cooperação mútua”.
Segundo ele, programas específicos de saúde mental podem contribuir paralelamente ao promover mapeamentos da empresa para o diagnóstico de trabalhadores, identificação de setores com maior propensão a desordens mentais e o aprimoramento de lideranças. “As doenças mentais são muito frequentes, provocam sofrimento à população e ainda geram um custo elevado. Até 2030, estima-se que custo global com doenças mentais será de U$ 6 trilhões [iii]. Atuar por meio de medidas preventivas e, quando necessário, de tratamentos pode conferir maior saudabilidade ao corpo de funcionários e, consequentemente, ampliação da produtividade e redução de custos com absenteísmo, presenteísmo e assistência médica conveniada”.