Defesa de Mauro Cid Solicita Investigação sobre Vazamento de Depoimento ao STF
Vazamento de delação de Mauro Cid gera polêmica e investigações sobre supostas pressões para golpe; veja os detalhes que envolvem Bolsonaro.
- Data: 29/01/2025 20:01
- Alterado: 29/01/2025 20:01
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
A defesa do tenente-coronel Mauro Cid protocolou, nesta quarta-feira (29), um pedido de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito do vazamento da íntegra de seu primeiro depoimento em colaboração premiada com a Polícia Federal. O material, que teve sua divulgação feita pelo colunista Elio Gaspari no último sábado (25), traz informações significativas sobre as pressões que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria sofrido para promover um golpe de Estado, citando nomes como Michelle e Eduardo Bolsonaro entre os envolvidos.
O advogado Cezar Bitencourt, responsável pela defesa de Cid, argumentou que o vazamento representa uma ação criminosa, que não apenas compromete a segurança do colaborador e sua família, mas também afeta o andamento de um processo de grande relevância nacional. Na petição endereçada ao ministro Alexandre de Moraes, Bitencourt afirmou: “Medidas devem ser adotadas para investigar a origem da quebra de sigilo do depoimento mencionado”.
A defesa reiterou que Mauro Cid tem cumprido rigorosamente os termos do acordo de delação premiada e destacou que ele já havia prestado depoimento à Polícia Federal acerca de um possível vazamento, alertando que isso poderia resultar na rescisão do acordo. Bitencourt recordou que Moraes garantiu à defesa que a delação seria mantida em sigilo. Os advogados do militar não tiveram acesso às cópias dos depoimentos devido a uma decisão prévia do STF.
O advogado enfatizou a importância do sigilo nas delações premiadas antes do recebimento formal da denúncia, não apenas por exigências legais, mas também para assegurar a integridade da investigação e permitir que o colaborador continue contribuindo para o esclarecimento dos fatos.
A delação premiada de Cid foi homologada por Moraes em setembro de 2023 e seu primeiro depoimento impulsionou o inquérito relacionado ao golpe. Desde então, Cid apresentou pelo menos dez depoimentos à PF, onde forneceu detalhes sobre as discussões envolvendo Bolsonaro e seus aliados sobre um possível golpe no final de 2022, além da venda de joias pertencentes ao Estado e da falsificação de carteiras de vacinação.
Somente o primeiro depoimento foi tornado público até agora, sendo este realizado em agosto de 2023. Nele, Cid relatou que após as eleições se formaram três grupos ao redor de Bolsonaro. O primeiro grupo defendia que ele deveria orientar os manifestantes contrários ao resultado eleitoral a voltarem para casa e se tornar o líder da oposição. Este grupo incluía figuras como o senador Flávio Bolsonaro e outros assessores próximos.
O segundo grupo adotava uma postura mais moderada, argumentando que não era viável contestar o resultado das eleições. Eles alertavam sobre os riscos de uma intervenção militar prolongada. Entre esses moderados estavam generais de alta patente.
O terceiro grupo era composto pelos considerados radicais e estava dividido em duas frentes. Uma parte buscava evidências de fraudes nas eleições, enquanto outra apoiava abertamente um golpe de Estado, acreditando que com a ordem do presidente haveria respaldo popular.