Depoimento de Mauro Cid liga Michelle e Eduardo Bolsonaro a movimento golpista

Relatório da polícia federal exclui os dois de indiciados, mas detalhes da colaboração premiada de Mauro Cid levantam novas questões.

  • Data: 26/01/2025 11:01
  • Alterado: 26/01/2025 11:01
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: FOLHAPRESS
Depoimento de Mauro Cid liga Michelle e Eduardo Bolsonaro a movimento golpista

Michelle e Eduardo Bolsonaro

Crédito:Reprodução/Instagram

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No contexto das investigações sobre tentativas de golpe de Estado no Brasil, o tenente-coronel Mauro Cid, chefe da Ajudância de Ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, trouxe à tona detalhes preocupantes em seu primeiro depoimento como colaborador premiado. Segundo Cid, a ala mais radical do movimento que defendia ações golpistas no final de 2022 incluía a então primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Cid relatou que essas figuras mantinham conversas frequentes com o ex-presidente, encorajando-o a realizar um golpe e afirmando que ele contava com o apoio popular e de grupos como os Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores (CACs). “Essas pessoas instigavam o ex-presidente a agir”, afirmou Cid durante seu depoimento.

Entretanto, o relatório final da Polícia Federal, publicado em 21 de novembro de 2024 — mais de um ano após o depoimento inicial — não incluiu os nomes de Michelle ou Eduardo entre os 40 indiciados. O documento sequer menciona a ex-primeira-dama, enquanto o nome de Eduardo é citado apenas incidentalmente, como contato em um celular de um dos investigados.

Na ocasião em que os trechos da delação vieram à tona, tanto Eduardo quanto Michelle refutaram qualquer envolvimento em atividades relacionadas ao golpe. A defesa da ex-primeira-dama classificou as alegações como “absurdas e desprovidas de verdade”, ressaltando que nem ela nem sua família estavam envolvidos em movimentos que visassem uma ruptura institucional. Por sua vez, Eduardo descreveu as afirmações como meros “devaneios”.

O relatório da PF atualmente está sob análise da Procuradoria-Geral da República, que deverá decidir sobre possíveis denúncias ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra os indiciados ou se arquivará os casos.

Atualmente, tanto Michelle quanto Eduardo são considerados candidatos potenciais à presidência nas eleições de 2026, uma vez que Jair Bolsonaro se encontra inelegível até 2030.

No seu depoimento, Cid detalhou a formação de três grupos distintos ao redor de Bolsonaro no final de 2022, durante os acampamentos bolsonaristas que pediam um golpe militar. O primeiro grupo buscava convencer o ex-presidente a aceitar sua derrota nas eleições e assumir um papel como “grande líder da oposição”, incluindo figuras como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ministro Ciro Nogueira.

Um segundo grupo se opunha à direção política do país sem apoiar ações golpistas; enquanto um terceiro grupo se dividia em alas favoráveis a ações extremas. Cid descreveu uma ala menos radical que tentava encontrar evidências para justificar uma virada na situação eleitoral e outra mais radical que defendia ações armadas e a assinatura de decretos excepcionais.

Ele destacou que membros dessa ala radical procuravam pressionar Bolsonaro para agir, acreditando que contariam com apoio popular. Entre os citados por Cid estão Felipe Martins (ex-assessor internacional), Onyx Lorenzoni (ex-ministro), Gilson Machado (ex-ministro do Turismo) e outros senadores.

Apenas Felipe Martins e Mario Fernandes foram indiciados pela PF no desfecho da investigação sobre a trama golpista. Valdemar Costa Neto, presidente do PL e mencionado por Cid como integrante do grupo menos radical que buscava indicativos de fraudes eleitorais para justificar ações legais contra os resultados das eleições, também está entre os indiciados.

A investigação conclui que ele pode ter questionado o resultado eleitoral mesmo ciente da falsidade das alegações apresentadas.

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  • Data: 26/01/2025 11:01
  • Alterado:26/01/2025 11:01
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