Cúpula do PT acata fala de Dilma e promete não tratar Levy como ‘judas’
Um dia após a presidente Dilma Rousseff dizer ao jornal O Estado de S. Paulo que não se pode transformar o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em “judas” para ser malhado no 5.º Congresso do PT de quinta-feira a sábado, em Salvador, a direção do partido e a corrente majoritária da legenda amenizaram as críticas […]
- Data: 09/06/2015 10:06
- Alterado: 09/06/2015 10:06
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
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Um dia após a presidente Dilma Rousseff dizer ao jornal O Estado de S. Paulo que não se pode transformar o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em “judas” para ser malhado no 5.º Congresso do PT de quinta-feira a sábado, em Salvador, a direção do partido e a corrente majoritária da legenda amenizaram as críticas à política econômica do governo.
Embora seja esperado que a resolução final da reunião contenha reparos ao ajuste fiscal, as declarações de Dilma e o pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o PT “olhe para a frente” enfraqueceram as posições radicais.
“A maioria do partido não vai fazer isso (transformar Levy em ‘judas’). Temos que preservar o ministro”, disse o deputado estadual José Américo Dias (PT-SP), secretário nacional de Comunicação da legenda.
A ordem, agora, é reduzir a pressão sobre Levy, não personalizar as críticas e apresentar uma agenda “pós-ajuste”, com um cardápio de propostas para sair da crise. Mesmo assim, a cúpula do PT avisou ao Palácio do Planalto não ser possível impedir manifestações individuais e faixas de “Fora Levy” no evento.
Apesar dos pedidos de Lula e do recado claro de Dilma, setores do partido devem manter os ataques ao ministro. “Consideramos que a política de ajuste fiscal regressivo e recessivo inaugurada com a nomeação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda coloca o PT contra a classe trabalhadora”, diz um documento assinado por líderes sindicais petistas, entre eles Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), e João Felício, presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI), ambos muito próximos de Lula.
Na tentativa de evitar os protestos contra o titular da Fazenda, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, foi escalado para conversar com líderes do PT. “Levy está no caminho certo”, disse Wagner ao jornal. “Além de ajustar as contas e a economia, vai apontar novos caminhos para a retomada do desenvolvimento com crescimento e renda. Nós confiamos nele.”
O vice-presidente Michel Temer (PMDB) também saiu, nesta segunda-feira, em defesa do Ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Em conversa com os jornalistas antes de dar expediente no Palácio do Planalto, Temer disse que Levy se parece mais com “Jesus Cristo”, que foi crucificado, mas depois saiu vitorioso.
A referência está relacionada ao ajuste fiscal que vem sendo bastante criticado pela oposição e também por aliados do governo. “Ele [Levy] tem de ser tratado como Cristo, que sofreu muito, foi crucificado, mas teve vitória extraordinária na medida em que deixou um exemplo magnífico, um exemplo extraordinário para todo mundo”, afirmou Temer.
A agenda pós-ajuste que o PT vai apresentar no 5.º Congresso prevê a defesa do imposto sobre grandes fortunas, da taxação de heranças e do lucro líquido das empresas. O PT também vai pregar a volta da CPMF.