Cúpula do MDB se reúne com Nunes para reavaliar presença em ato de Bolsonaro
Avaliação é que ida do prefeito de São Paulo à manifestação nacionalizaria a eleição paulistana e deixaria candidatura marcada como de direita
- Data: 20/02/2024 12:02
- Alterado: 20/02/2024 12:02
- Autor: Redação
- Fonte: Estadão Conteúdo
Bolsonaro (PL) e Ricardo Nunes (MDB)
Crédito:DIvulgação
Integrantes da cúpula do MDB consideram que a ida de Ricardo Nunes (MDB-SP) ao ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no próximo dia 25 na Avenida Paulista pode prejudicar a reeleição do prefeito de São Paulo. O prefeito disse na semana passada que comparecerá à manifestação.
Lideranças do partido estão na capital paulista, onde foram à posse de Aldo Rebelo e de José Renato Nalini como secretários municipais nesta segunda-feira, 19. Estiveram presentes emedebistas como Helder Barbalho (MDB-PA), governador do Pará, Paulo Dantas (MDB-AL), governador de Alagoas, o ex-senador Romero Jucá (MDB-RR), Isnaldo Bulhões (MDB-AL), líder do partido na Câmara dos Deputados, e o deputado federal Hercílio Coelho Diniz (MDB-MG).
O presidente nacional do partido, Baleia Rossi (MDB-SP), e o ex-presidente Michel Temer (MDB-SP) também compareceram. Antes do evento na Prefeitura, ao menos parte do grupo almoçou com Nunes. O incômodo principal é da bancada federal do MDB. que tenta demover o prefeito por meio de Baleia, que também é deputado federal e coordenador da campanha de Nunes. Por outro lado, mesmo quem é contra reconhece que a decisão final é do próprio prefeito, já que São Paulo é a prefeitura mais importante do país.
A avaliação é que a presença do prefeito nacionalizaria a eleição paulistana e tiraria o foco de entregas feitas pela atual gestão. Também aumentaria a exposição do MDB, que tem três ministérios no governo Lula (PT), e é base de apoio ao governo no Congresso Nacional.
Além disso, emedebistas entendem que a presença do prefeito no ato marcará a candidatura dele como de direita, na contramão do esforço que o próprio tem feito para se mostrar como um candidato de uma frente ampla contra a “extrema-esquerda”, como ele classifica o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP).
A posse de Rebelo e de Nalini se transformou em um evento com a presença de lideranças de PSD, PP, Solidariedade, Cidadania e do próprio MDB. Bolsonaristas como Fabio Wajngarten, a secretária estadual de Políticas para a Mulher, Sonaira Fernandes (Republicanos-SP), e o deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP), estavam presentes, mas sem destaque.
O grupo seguirá fazendo reuniões nos próximos dias em Brasília. Questionado sobre o tema, Nunes ressaltou seu histórico como político de centro e disse que está preocupado em cuidar das pessoas e não com “direita e esquerda”.
“Carimbo é só no papel. As pessoas têm suas histórias de vida”, respondeu após a posse. “Evidentemente, tem opinião para lá, opinião para cá. O que eu queria ressaltar é que uma manifestação é um ato da democracia. Quando alguém vai apresentar uma defesa, aquilo que ele acha que é importante, desde que pacífica, sem atacar ninguém, é válido”, acrescentou.
Nunes evitou comentar a situação jurídica de Bolsonaro, alvo de investigação da Polícia Federal, e disse que os meios político e jornalístico erram ao pré-julgar o ex-presidente. “Não apenas ele, mas todos são inocentes até que esteja [a condenação] transitada em julgado”.
Helder Barbalho usou a própria reeleição para o governo paraense em 2022 como exemplo em seu discurso, o que soou como um alerta ao prefeito. Ele apoiou a reeleição de Lula. “Eu mostrei ao Estado do Pará que o gestor para ser avaliado e reconduzido é quando ele não governa para os extremos, ele governa para todos” disse o governador. “É isso que você tem feito em São Paulo e é desta forma que você continuará liderando São Paulo”, completou Barbalho, se dirigindo ao prefeito
A aliança com Bolsonaro foi importante para Nunes porque enterrou a candidatura do bolsonarista Ricardo Salles (PL-SP), que poderia lhe tirar votos entre os eleitores à direita. Por outro lado, aliados de Bolsonaro cobram que ele se engaje mais na defesa do ex-presidente, o que até agora fez de forma tímida.
Dessa forma, a presença de Nunes na manifestação serviria para acalmar os bolsonaristas e evitar que essas críticas se repitam no futuro. Se for mesmo ao ato, o prefeito estará ao lado de outro aliado, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), que já confirmou presença ao lado de outros governadores e deputados.