Coreia do Sul proíbe comércio de carne de cachorro em decisão histórica para o país

O consumo de carne de cachorro já caiu significativamente na Coreia, mas agora a comercialização do produto passa a ser crime

  • Data: 09/01/2024 17:01
  • Alterado: 09/01/2024 17:01
  • Autor: Rodilei Morais
  • Fonte: Folhapress; The Guardian
Coreia do Sul proíbe comércio de carne de cachorro em decisão histórica para o país

Crédito:Jean Chung/Humane Society International Korea

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O parlamento da Coreia do Sul decidiu por unanimidade pela proibição do abate de cães e da comercialização de sua carne em todo território do país. A nova lei, considerada uma vitória histórica por ativistas coreanos da causa animal, ainda não pune, porém, o consumo do produto.

Após anos de pressão de dentro e de fora do país por esta medida, a Coreia baniu todo o processo de procriação, abate, distribuição e venda da carne de cachorros, almejando o fim do consumo em seu território — algo que já entrou em um significativo declínio nas últimas décadas. Foram 208 votos a favor da proibição e duas abstenções — nenhum membro da assembleia votou contra. 

Serão três anos de carência até a lei ser aplicada de fato. Um intervalo que permite que negócios se adaptem e deixem este mercado, algo que o governo sul-coreano pretende dar suporte. Já a partir de 2027, transgressores podem enfrentar até três anos de prisão e receberem multas de até 30 milhões de wons (R$ 111,4 mil). 

Consumo de carne de cachorro na Coreia

O consumo de carne canina — frequentemente na forma de um ensopado — é uma prática antiga na Coreia do Sul. Em pesquisas recentes, porém, nove em cada dez coreanos afirmam que não consumiriam o produto. O tabu é especialmente maior entre os jovens e em áreas urbanas do país.

Embora cerca de 94% da população afirme não ter consumido carne canina no último ano, existem mais de 1.000 fazendas criando cães para abate no país e um total de 1.600 restaurantes que vendem pratos com ela. Além da rejeição pela população mais nova, a causa animal ganhou força com a eleição do presidente Yoon Suk-yeol. O político e a primeira-dama, Kim Keon-hee costumam adotar cães e gatos de rua e são críticos do consumo de carne canina. 

A produção e comércio de cachorro passa a ser crime em 2027 na Coreia do Sul
A produção e comércio de cachorro passa a ser crime em 2027 na Coreia do Sul (Imagem: Kim Bartlett – Animal People, Inc)

Outras tentativas da proibição enfrentaram resistência por parte dos agricultores que criavam os animais para consumo. No mês de novembro, entre as discussões da lei, comerciantes ameaçaram soltar dois milhões de cães nos arredores do gabinete presidencial como forma de protesto. Um dos argumentos contra o banimento era de que o abate dos cães havia sido adaptado para ser menos doloroso.

Chae Jung-ah, diretor do grupo de proteção animal Humane Society International Korea declarou que a proibição “É a história em construção.” Embora ele lamente a morte de milhões de animais ao longo da história, o ativista afirma que “atingimos o ponto de inflexão em que a maioria dos cidadãos coreanos rejeita comer cães e quer ver esse sofrimento relegado aos livros de história.”

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  • Data: 09/01/2024 05:01
  • Alterado:09/01/2024 17:01
  • Autor: Rodilei Morais
  • Fonte: Folhapress; The Guardian









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