Centrais sindicais farão evento unificado do 1º de Maio no Itaquerão
Comemoração pelo Dia do Trabalho deixa vale do Anhangabaú, na região central, e ocorrerá na zona leste
- Data: 15/04/2024 14:04
- Alterado: 15/04/2024 14:04
- Autor: Redação
- Fonte: Cristiane Gercina/Folhapress
Crédito:Paulo Pinto/Agência PT
As centrais sindicais alteraram o local de celebração do 1º de Maio e vão realizar evento unificado pelo Dia do Trabalho no estacionamento da Neo Química Arena, o Itaquerão, na zona leste da capital paulista.
A festa deixa o vale do Anhangabaú, na região central, onde foi realizada no ano passado, para “ficar mais próxima dos trabalhadores”, segundo sindicalistas.
A expectativa de CUT (Central Única dos Trabalhadores), UGT (União Geral dos Trabalhadores), Força Sindical, CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Nova Central, Intersindical e Pública Central do Servidor é reunir cerca de 50 mil pessoas.
O evento é gratuito e está marcado para começar às 10h. Haverá shows, além de ato com políticos e representantes das centrais. No ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou da celebração. Neste ano, ainda não se sabe Lula virá ao ato.
No palanque, os sindicalistas devem defender bandeiras como emprego decente, correção da tabela do Imposto de Renda, juros mais baixos, aposentadoria digna, salário igual para trabalho igual e valorização do serviço público em uma celebração cujo slogan será “Por um Brasil mais justo”.
A Pública Central do Servidor afirma que a data é importante por ser tratar da celebração de conquistas não só no Brasil, mas em todo o mundo.
“A data é a mais simbólica do ano para todo o movimento sindical, não apenas porque celebra as conquistas dos trabalhadores ao redor do mundo, mas porque serve como um momento de reflexão sobre os desafios atuais da classe trabalhadora”, afirma a central sobre o movimento.
Milton Cavalo, presidente do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), ligado à Força Sindical, diz que a sugestão de tratar do tema “aposentadoria digna” partiu da entidade e, ao ser encampada pelas centrais, mostra o compromisso delas em debater a aposentadoria no país.
“O último censo do IBGE confirmou o que já sabíamos, que a população brasileira está envelhecendo. Por isso, precisamos colocar a pauta da aposentadoria digna no debate nacional”, afirma.
Os desafios dos sindicalistas, no entanto, vão além. Depois de perder protagonismo com o fim do governo de Dilma Rousseff (PT), as centrais viram a principal fonte de receita chegar ao fim, após a reforma trabalhista de Michel Temer (MDB) que acabou com o imposto sindical.
A falta de verba afetou o funcionamento das entidades e a chamada “Festa do Trabalhador”, que já chegou a contar com shows de artistas renomados e até sorteio de carros. Cada central realizava seu evento e, juntas, chegaram a contabilizar mais de 1 milhão de trabalhadores participando dos atos como os da Força e da CUT.
Desde 2018, a celebração segue unificada, quando chegou a ser feita parte em São Paulo, parte em Curitiba (PR), onde Lula estava preso, na sede da Polícia Federal. Em 2022, foi realizada na praça Charles Miller, no Pacaembu, na zona oeste, com show da cantora Daniela Mercury, que causou polêmica.
No ano passado, recebeu Lula, assim como em 2022. Desta vez, como presidente da República pela terceira vez, Lula prometeu regulamentar o trabalho dos trabalhadores por aplicativos, criticou a taxa de juros e defendeu salário igual para homens e mulheres.
A Lei da Igualdade Salarial foi aprovada em julho e passou a valer neste ano. A medida enfrenta resistência nas empresas, que foram à Justiça contra a nova regra. O projeto que regulamenta o trabalho por aplicativo foi apresentado no início de março, mas vem sofrendo revés, com polarização política e campanha da oposição contra.
Sindicalistas não veem caminhos fáceis à sua frente. Mesmo com a possibilidade de cobrar taxa assistencial para custeio dos sindicatos, aprovada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), não conseguiram avançar no projeto de lei sobre o tema e viram suas propostas para acordo coletivo de trabalho em feriados ser alvo de críticas a ponto de fazer o Ministério do Trabalho e Emprego recuar de alteração na regra.