Campos Neto vê ‘perda de flexibilidade’ com mudança da meta de inflação
Presidente do BC defendeu "aperfeiçoamento" no sistema de metas
- Data: 14/02/2023 11:02
- Alterado: 14/02/2023 11:02
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Reprodução
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira, 13, que uma mudança da meta de inflação teria como “efeito prático a perda de flexibilidade”, em resposta às críticas que tem recebido do governo Lula pelo alto patamar dos juros na economia. Em entrevista ao programa Roda Viva, a primeira desde que está sob fogo cruzado do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de ministros e do PT, Campos Neto defendeu “aperfeiçoamento” no sistema de metas, mas disse que em nenhum momento isso significa revisar o patamar deste e do próximo ano para o controle da inflação.
“Em nenhum momento a gente defende simplesmente aumentar a meta, no sentido de ganhar flexibilidade, mesmo porque não é nossa crença. A gente acredita que, se faz uma mudança de meta no sentido de ganhar mais flexibilidade, o efeito prático vai ser perder flexibilidade”, afirmou.
Neste ano, a meta é de 3,25%, enquanto que em 2024 é de 3%. O patamar é definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que, além de Campos Neto, é formado pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento). A mudança nas metas permitiria uma inflação maior e abriria, em tese, caminho para uma queda mais rápida dos juros.
O presidente do BC disse discordar do grupo de economistas que afirma acreditar que a meta atual é muito difícil de ser atingida porque foi fixada num momento de inflação mundial baixa por causa dos efeitos da economia. Ele disse ainda fazer parte de outra corrente que entende que uma mudança neste momento, “sem ter um ambiente de tranquilidade, vai gerar um efeito contrário ao desejado”.