Brasileiros se avaliam como pouco comprometidos com o meio ambiente em 2024
Pesquisa mostra que, embora muitos brasileiros desejem adotar práticas mais ecológicas no próximo ano, é necessária uma maior conscientização e apoio de políticas públicas.
- Data: 07/01/2025 19:01
- Alterado: 07/01/2025 19:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Asseessoria
Crédito:Divulgação/Freepik
Final de ano é o momento de olhar para trás e fazer uma retrospectiva do que passou, pensando em como melhorar no futuro. Mas esse olhar comumente se volta para as metas e conquistas pessoais e profissionais, muitas vezes em um nível individual, deixando de lado o coletivo. Porém, existem outros aspectos que podem ser analisados e que são importantes para o âmbito social, como é o caso das ações sustentáveis.
Refletir sobre alguns hábitos é essencial para que se possa progredir. Quando se fala de contexto climático, evoluir em relação a ações sustentáveis é indispensável para que se busque um maior equilíbrio com o meio ambiente. Mas manter essas práticas parece estar sendo um desafio, uma vez que 56% dos brasileiros entrevistados se avaliaram como pouco comprometidos com ações sustentáveis em 2024. O dado é de um estudo da Descarbonize Soluções, energytech especializada em soluções de energia limpa.
Entre o restante dos respondentes, 35% consideram que foram muito comprometidos com práticas ambientais ao longo do ano, e 9% admitem não terem sido nem um pouco comprometidos. Os números demonstram que praticar ações sustentáveis ainda não é a prioridade de grande parte da população, e que mesmo com as amplas discussões sobre a importância de se preservar o meio ambiente, é difícil trazer essas práticas para o dia a dia.
Além disso, os dados aparecem em um contexto em que o Brasil vem participando de eventos e negociações em parceria com diversos outros países do mundo, buscando avançar em questões que visam a conservação da diversidade global. A 16ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP16), que aconteceu entre outubro e novembro deste ano, reuniu representantes de quase 200 países, o que reforça a importância da participação de todos nas causas ambientais – sejam nas ações coletivas ou individuais.
Retrospectiva de 2024
Mesmo que não avaliem sua participação como muito ativa ao longo do ano, algumas atitudes que colaboram para o meio ambiente estiveram presentes na vida dos entrevistados. Neste cenário, a ação sustentável mais praticada em 2024 foi a busca pelo não desperdício de água (71%). Na sequência, aparecem a procura pelo não desperdício de energia (66%); a reciclagem correta do lixo (53%), e a redução do consumo de plástico.
A busca do brasileiro em desperdiçar menos água vai ao encontro de um momento em que o Brasil também registrou uma queda no desperdício de água em 2024 – marco que pôde ser percebido pela primeira vez em sete anos –, conforme dados do Instituto Trata Brasil. Mesmo que 37,78% de toda a água tratada do país não tenha chegado aos lares dos consumidores – volume que poderia abastecer a população de toda a Região Nordeste –, o número foi menor que o registrado no ano anterior, que havia ultrapassado os 40%.
Segundo Milena Andrade, gerente de marketing da Descarbonize Soluções, pode-se perceber um movimento gradual de melhoria em relação às questões ambientais, mas não se pode parar por aqui. “Muito ainda precisa ser feito, especialmente nos âmbitos políticos e empresariais, mas são essas esferas que irão servir de exemplo para toda a população, apresentando resultados e trazendo informação. A virada de ano também deve ser um momento de reflexão para esses setores. Na esfera individual, traçar novos hábitos e adicionar algumas mudanças sustentáveis na lista de metas certamente trará resultados positivos de forma individual e coletiva”, afirma.
Metas para novo ano: uma responsabilidade coletiva
Mesmo que a atuação em questões ecológicas não tenha sido tão presente na vida dos entrevistados ao longo de 2024, existe o desejo de ser mais engajado em 2025. Entre as práticas sustentáveis, a que os brasileiros mais gostariam de adotar no próximo ano é a reciclagem e o reuso de descartes, conforme indicado por 55% dos respondentes da pesquisa.
Nessa hora, é importante destacar que essa vontade não depende apenas do esforço individual. É fundamental que as políticas públicas estejam alinhadas a esse objetivo, algo em que o Brasil precisa avançar. Dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) mostram que apenas 3% dos resíduos sólidos urbanos no país são reciclados, apesar do potencial de 33% de todo o lixo produzido ser reciclável.
“A autocrítica sobre a responsabilidade ambiental é indispensável. No entanto, é fundamental que a população seja incentivada pelo poder público e por demais atores sociais envolvidos com a economia verde. As pessoas precisam se enxergar como parte de um todo para se engajar em práticas sustentáveis. É essencial que se reconheçam como agentes de mudança, mas também que sintam o apoio de um sistema que promova essa cultura, com incentivos vindos de políticas públicas, empresas, associações e ONGs”, completa Andrade.
Outras ações que os entrevistados desejam ter mais presente em suas vidas são a redução do consumo de plástico (51%); redução do consumo de energia elétrica (46%), e a redução do consumo de água (45%).
Metodologia
- Público: foram entrevistados 500 brasileiros de todos os estados do país, incluindo mulheres e homens, com idade a partir dos 16 anos e de todas as classes sociais.
- Coleta: os dados do estudo foram levantados via plataforma de pesquisas online.
- Data de coleta: entre os dias 07 e 09 de novembro de 2024.