Boulos pede à Justiça cassação de Tarcísio e inelegibilidade de Nunes após fala sobre PCC

Governador disse sem mostrar provas que facção orientou o voto no candidato do PSOL; Nunes diz que ação atenta à democracia

  • Data: 27/10/2024 16:10
  • Alterado: 27/10/2024 16:10
  • Autor: Redação
  • Fonte: Arthur Guimarães, Carlos Petrocilo, Laura Lopes e Isabella Menon/Folhapress
Boulos pede à Justiça cassação de Tarcísio e inelegibilidade de Nunes após fala sobre PCC

Guilherme Boulos (PSOL)

Crédito:Leandro Paiva/Divulgação

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O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) ajuizou neste domingo (27) uma ação na Justiça Eleitoral contra Ricardo Nunes (MDB) e Tarcísio de Freitas (Republicamos) após o governador de São Paulo dizer que o PCC (Primeiro Comando da Capital) orientou voto no candidato do PSOL.

O psolista chamou a declaração de “uma vergonha” e disse que é o “laudo falso” do segundo turno, em referência ao documento forjado divulgado na primeira etapa da campanha por Pablo Marçal (PRTB).

“Que vergonha, né. Nada mais a dizer, é o candidato que ele apoia [o prefeito Ricardo Nunes] que botou o PCC na Prefeitura de São Paulo”, disse Boulos. A resposta do candidato do PSOL remete às investigações sobre a atuação da facção criminosa no sistema de ônibus da cidade.

Em nota, a campanha de Nunes afirmou que “Boulos briga com os fatos” e que bilhetes do PCC foram publicados pelos portais Metrópoles e UOL.

“O ‘pedido de inelegibilidade’ beira ao ridículo e afronta a democracia. O governador Tarcísio de Freitas respondeu a uma pergunta de jornalista sobre a reportagem publicada ontem pelo Metrópoles. Boulos, que já havia tentado censurar o Instituto Datafolha, faz um novo ataque à imprensa”, afirma o texto.

Neste domingo, logo após votar, Tarcísio falou à imprensa ao lado de Nunes, prefeito, candidato à reeleição e seu aliado.

Ele foi questionado por uma jornalista sobre um comunicado emitido pela Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo, que interceptou comunicados assinados por membros da facção criminosa orientando o voto em algumas cidades do estado.

“A gente vem alertando isso há muito tempo. Nós fizemos um trabalho grande de inteligência, temos trocado informações com o Tribunal Regional Eleitoral para que providências sejam tomadas”, afirmou.

Em seguida, o governador foi questionado pela Folha de S.Paulo sobre qual era o candidato indicado pelo PCC em São Paulo, ao que respondeu: “Boulos”.

Em nota, o candidato do PSOL disse que Tarcísio teve uma atitude “criminosa” e teria que responder na Justiça. “Tarcísio é cabo eleitoral de Nunes, faz tal declaração ao lado do prefeito em claro gesto de campanha. Usa a máquina pública de maneira vergonhosa e irresponsável. Isso fere todos os preceitos democráticos.”

Em entrevista, Boulos disse estar estarrecido. “Não tem precedente um governador de estado inventar uma mentira deslavada para influenciar os resultados eleitorais”, afirmou.

O candidato afirmou que a tática do governador só se justifica por “desespero”. “Existe uma virada em curso, eles estavam cantando vitória antes da hora. Quando a cidade começou a se movimentar, eles entraram em desespero.”

Apesar disso, ele diz que está esperançoso com a vitória.

A campanha de Ricardo Nunes (MDB) encaminhou para a imprensa uma série de ações que Boulos perdeu durante o segundo mandato. Para Boulos, direitos de resposta são comuns em uma campanha eleitoral.

“Outra coisa é o governador de estado insinuando o apoio do crime organizado. Não há como comparar”, disse.

Nota divulgada pelo candidato do PSOL também criticou a imprensa pela publicação das declarações de Tarcísio.

“Tão grave quanto é a imprensa reproduzir tal absurdo como algo normal e não questionar o flagrante propósito eleitoreiro do governador que busca, única e exclusivamente, distorcer a verdade e influenciar o resultado eleitoral.”

“O governador Tarcísio responderá na Justiça por sua atitude criminosa. Lamentamos que a Folha de S.Paulo tenha publicado declaração mentirosa do governador sem sequer ouvir a opinião da campanha adversária. Isso fere os preceitos jornalísticos da isenção e imparcialidade. Perde o jornalismo e a democracia.”

A reportagem procurou a assessoria do governo do estado por volta das 12h em busca de mais informações sobre o que foi declarado por Tarcísio.

Às 15h50, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo se manifestou por meio de nota: “A Secretaria de Segurança Pública informa que o Sistema de Inteligência da Polícia Militar interceptou a circulação de mensagens atribuídas a uma facção criminosa determinando a escolha de candidatos a prefeitura nos municípios de Sumaré, Santos e Capital. A Polícia Civil investiga a origem das mensagens”.

A AÇÃO

Na ação impetrada neste domingo (27), a campanha de Boulos diz que a “utilização do cargo de governador do estado com a finalidade de interferir no resultado da eleição, no dia da votação, é evidente”, até “pela escolha do momento para divulgação da coletiva, durante o horário da votação, com a presença dos candidatos”.

A peça diz que a fala já está sendo explorada no WhatsApp e que existe uma ação coordenada entre o governador do estado e os candidatos, juntamente com a campanha deles, para difundir essas acusações, de forma abusiva e criminosa, durante o horário de votação.

“Nem se diga que o governador falou como cidadão, fora do exercício de suas funções, pois em seu discurso ele faz expressa referência a dados de inteligência a que só poderia ter acesso como governador do estado”, diz o documento.

“Trata-se de gravíssima tentativa de influenciar no resultado do pleito, no dia da eleição, de uma forma jamais vista no Estado de São Paulo”, afirma. “O uso da máquina e o abuso do poder político são incontestes.”

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  • Data: 27/10/2024 04:10
  • Alterado:27/10/2024 16:10
  • Autor: Redação
  • Fonte: Arthur Guimarães, Carlos Petrocilo, Laura Lopes e Isabella Menon/Folhapress









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