Bolsonaro contraria Congresso e mantém demarcação de terras na Agricultura
Em nova MP, presidente atende demanda da Frente Parlamentar da Agropecuária; parlamentares haviam votado para que a função ficasse com Ministério da Justiça
- Data: 19/06/2019 11:06
- Alterado: 19/06/2019 11:06
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Divulgação
O presidente Jair Bolsonaro converteu em lei a medida provisória que reestruturou os ministérios de sua gestão e editou uma nova MP, publicada nesta quarta-feira, 19, que traz a demarcação de terras indígenas sob a gestão do Ministério da Agricultura. O texto diz que a competência da pasta da Agricultura compreende a identificação, o reconhecimento, a delimitação, a demarcação e a titulação das terras ocupadas pelos remanescentes das comunidades dos quilombos “e das terras tradicionalmente ocupadas por indígenas”.
A lei sancionada anteriormente já estabelecia que a reforma agrária, a regularização fundiária de áreas rurais, a Amazônia Legal, as terras indígenas e as terras quilombolas são áreas de competência do Ministério da Agricultura. Mas a questão da demarcação só está formalizada na MP publicada nesta quarta. A mudança é um pedido da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que compõe a maior bancada do Congresso Nacional.
No seu primeiro dia de governo, Bolsonaro editou uma MP para mudar a estrutura dos ministérios e aproveitou para fazer mudanças na Funai. O texto transferiu o órgão do Ministério da Justiça para o Ministério da Mulher, da Família e do Direitos Humanos, e tirou dela sua principal função: a demarcação de terras indígenas. Na tramitação, o Congresso devolveu a Funai à Justiça – junto com todas as suas competências, incluindo a demarcação.
Na prática, agora, o tema terá de ser debatido novamente no Congresso. O secretário de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Nabhan Garcia, volta a ter o controle das demarcações. Na semana passada, ele foi apontado como o principal articulador da saída de Franklimberg de Freitas do comando da fundação.
A lei sancionada veio com alguns vetos, como pontos relacionados ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e a registro sindical. Eles, no entanto, não terão efeito prático. O Coaf ficará mesmo na estrutura do Ministério da Economia, como definido pelos parlamentares, assim como o registro sindical, que volta a ser uma área de competência da Economia.
OUTRAS MUDANÇAS
Um outro veto de Bolsonaro refere-se à Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), mas este não consta da nova MP. O governo rejeitou a mudança proposta pelo Congresso de incluir a instituição na estrutura do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Segundo o Planalto, a ABDI é constituída como Serviço Social Autônomo, e enquadrá-la como integrante da pasta viola artigos constitucionais e jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.
Além de recompor alguns dos trechos vetados na lei, a MP de hoje traz outras mudanças na administração federal. Com a nova MP, por exemplo, a Secretaria do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) passa a ficar na estrutura da Casa Civil. Antes, estava na Secretaria de Governo. Ainda sobre a Casa Civil, as secretarias que tratam da articulação com a Câmara e com o Senado também sofreram alterações. Para cuidar da articulação política, agora a pasta de Onyx Lorenzoni terá a Secretaria Especial de Relacionamento Externo.