Avião que explodiu em Ubatuba não deixou marca de frenagem na pista do aeroporto
Segundo o Corpo de Bombeiros, os quatro passageiros foram socorridos com vida
- Data: 09/01/2025 16:01
- Alterado: 09/01/2025 16:01
- Autor: Redação
- Fonte: Fábio Pescarini (FOLHAPRESS)
Crédito:Frame Câmera de segurança de Ubatuba
O avião Cessna Citation 525 CJ1, que atravessou a pista e explodiu na manhã desta quinta-feira (9) durante tentativa de pouso em Ubatuba, no litoral norte paulista, não teria chegado a tocar a pista.
Uma das suspeitas, segundo fontes ouvidas pela reportagem que têm ligação com o aeroporto, é que o comandante do jatinho teria perdido o ponto de arremetida e tentado subir novamente tardiamente, pois não há marcas de frenagem na pista, apenas no gramado posterior.
Imagem de uma câmera de monitoramento mostra o avião acertar o alambrado da cabeceira 9 do aeroporto, passar pela avenida Guarani, na orla, tocar o solo quando chega a uma praça e explodir até parar no mar na praia do Cruzeiro.
O piloto morreu. O jatinho levava Mireylle Fries, uma das donas da aeronave. Ela estava acompanhada do marido e dos dois filhos.
Segundo o Corpo de Bombeiros, os quatro passageiros foram socorridos com vida. Eles saíram de Mineiros (GO) para uma viagem em família em Ubatuba.
As causas do acidente serão investigadas pelo Seripa IV (Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão regional do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) em São Paulo.
Segundo a FAB (Força Aérea Brasileiras), investigadores foram acionados já na manhã desta quinta-feira.
“Na ação inicial são utilizadas técnicas específicas, conduzidas por pessoal qualificado e credenciado que realiza a coleta e a confirmação de dados, a preservação dos elementos, a verificação inicial de danos causados à aeronave, ou pela aeronave, e o levantamento de outras informações necessárias à investigação”, afirmou a Aeronáutica, em nota.
De acordo com a Rede Voa, que administra o aeroporto, as condições meteorológicas eram degradadas, com chuva e pista molhada no momento da tentativa de pouso.
A pista do Aeroporto Gastão Madeira tem 950 metros de comprimento e é compatível com o jatinho que se acidentou, que precisa de até 789 metros para a operação de pouso, segundo o fabricante norte-americano da aeronave.
O aeroporto não tem torre de controle e opera com sistema visual, que era considerado bom, apesar da chuva fraca. O local só deverá voltar a operar quando forem consertados os danos provocados pelo acidente, como a cerca estourada.
“É preciso descobrir porque ele ultrapassou o limite da pista e o que teria retardado a [suposta] arremetida”, diz Roberto Peterka, piloto aposentado da Força Aérea Brasileira e perito em investigações sobre acidentes aéreos.
De acordo com ele, a investigação precisará, entre outros, apurar se o sistema de frenagem do avião funcionou, se pegou vento de causa na hora de tentar descer e se quando tentou tocar a pista já não estava no ponto ideal.
“Parece que tentou arremeter porque saiu com os pneus do chão”, diz. “Aparentemente quebrou o trem de pouso e derramou combustível. O atrito da chapa no asfalto provocou incêndio.”
Conforme Peterka, ainda é cedo para se avaliar se foi falha humana ou mecânica.
O Cessna Aircraft modelo 525, de prefixo PR-GFS, foi fabricado em 2008, de acordo com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). O registro de compra pela família Fries é de novembro de 2020.
Considerado bastante confiável para viagens curtas, o Citation 525 CJ1 é um jato com dois motores Williams e pode voar até aproximadamente 2.700 km. Dependendo da configuração, pode levar até nove pessoas.
O avião que se acidentou no litoral de São Paulo havia decolado a cerca de 1.300 km de distância de Ubatuba.
Em sites de venda de aeronaves, o preço do Citation CJ1 pode variar de R$ 10 milhões a R$ 35 milhões, dependendo da configuração e ano de fabricação.