Aumento de Casos de Febre Amarela em São Paulo: Um Alerta à Saúde Pública
São Paulo registra aumento alarmante de casos de febre amarela; vacine-se e proteja-se da doença em áreas florestais!
- Data: 29/01/2025 21:01
- Alterado: 29/01/2025 21:01
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
Crédito:Divulgação
O estado de São Paulo enfrenta uma preocupação crescente com a febre amarela, tendo registrado quatro mortes e oito novos casos apenas no mês de janeiro de 2025. Dentre esses casos, um foi importado de Minas Gerais. Comparativamente, em todo o ano anterior, o Brasil contabilizou nove infecções e três óbitos, evidenciando um aumento significativo nos índices de contaminação.
Especialistas apontam que a recusa da população em se vacinar, aliada ao avanço da urbanização em regiões próximas a áreas florestais, pode ser uma das principais causas para o aumento dos casos. A febre amarela é transmitida através de dois ciclos: um silvestre e outro urbano, sendo que no primeiro, a infecção é disseminada por mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, enquanto que no ambiente urbano, a transmissão pode ocorrer pelo mosquito Aedes aegypti, embora não haja registros de febre amarela urbana no Brasil desde 1942.
De acordo com Regiane de Paula, coordenadora do controle de doenças na Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, as vítimas fatais não haviam sido vacinadas e tinham visitado áreas florestais, onde provavelmente foram expostas aos mosquitos transmissores. A vacinação continua sendo a principal forma de prevenção contra a doença.
A bióloga Márcia Chame, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ressalta que além da falta de vacinação, fatores como desmatamento, urbanização crescente em áreas anteriormente florestais, queimadas e mudanças climáticas têm intensificado o contato entre humanos e mosquitos silvestres. “A fumaça dos incêndios desloca os mosquitos silvestres para áreas urbanas em busca de alimento”, explica Chame.
Os macacos também têm se adaptado a ambientes urbanos, transitando entre áreas silvestres e urbanas, o que potencializa a transmissão da doença. É importante notar que esses primatas não transmitem a febre amarela diretamente; eles atuam como hospedeiros do vírus.
Recentemente, durante o período festivo entre Natal e Ano Novo de 2024, a Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto identificou quatro macacos bugio mortos com diagnóstico positivo para febre amarela. Chame enfatiza que “os macacos são indicadores vitais; sua morte sinaliza a presença do vírus na região”.
Diante das alterações climáticas e da interferência humana nas áreas antes florestais, Chame destaca que locais como condomínios construídos em zonas florestais podem favorecer a propagação do vírus. Além disso, cidades como Rio de Janeiro e alguns campi universitários têm áreas florestadas que podem aumentar a presença do mosquito vetor.
Embora até o momento não tenham sido reportados casos de infecção por febre amarela no Aedes aegypti, a bióloga alerta que isso poderia aumentar drasticamente o risco de transmissão. Fernando Bellissimo, infectologista e professor na Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto, observa que mesmo sem registros recentes de epidemias urbanas desde 1942, não é possível descartar essa possibilidade.
A febre amarela apresenta um padrão sazonal entre dezembro e maio, período em que as condições climáticas favorecem o crescimento populacional dos mosquitos e a replicação viral. Chame aponta que mudanças climáticas têm prolongado temperaturas quentes e alterado padrões pluviométricos, dificultando os períodos frios que normalmente controlariam as populações de mosquitos.
Os sintomas da febre amarela incluem febre alta súbita, calafrios, dores musculares e náuseas. O Ministério da Saúde recomenda vacinação como principal estratégia preventiva. A vacina está disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e faz parte do calendário nacional de imunização. Para crianças menores de cinco anos, são necessárias duas doses; para os demais grupos etários, uma dose única é suficiente.
Regiane reforça a importância da imunização: “Quem ainda não tomou a vacina deve buscar uma unidade de saúde imediatamente. Para quem planeja visitar áreas com circulação do vírus, é essencial se vacinar pelo menos dez dias antes da viagem”.
Este projeto visa fomentar iniciativas voltadas à saúde pública com o apoio da Umane, uma associação civil comprometida com a promoção da saúde comunitária.