Argentina encerra 2024 com inflação de 2,7% em dezembro e 117,8% no ano
Com políticas econômicas de Javier Milei, o país registra uma desaceleração da inflação, mas a pressão sobre o poder aquisitivo continua, especialmente nos preços de alimentos e combustíveis
- Data: 14/01/2025 18:01
- Alterado: 14/01/2025 18:01
- Autor: Redação
- Fonte: ABCdoABC
No final de dezembro de 2024, a Argentina registrou uma inflação de 2,7%, encerrando um ano marcado por intensas medidas econômicas sob a presidência de Javier Milei. O índice acumulado durante o ano atingiu impressionantes 117,8%, um reflexo da profunda crise econômica enfrentada pelo país.
O combate à inflação tem sido uma das principais prioridades do governo Milei, que assumiu o cargo em 10 de dezembro de 2023, em um contexto de inflação acumulada que chegava a alarmantes 211,4%. A vitória do presidente ultraliberal sobre o ex-ministro da Economia, Sergio Massa, foi amplamente atribuída à sua proposta de estabilização econômica e controle inflacionário.
Os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) revelaram que o aumento registrado em dezembro foi ligeiramente superior ao menor índice do ano anterior, que ocorreu em novembro com uma taxa de 2,4%. O setor que mais contribuiu para essa elevação foi o de habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis, que apresentou um incremento significativo de 5,3% devido aos aumentos nos aluguéis e nas tarifas de serviços públicos.
Além disso, o segmento de comunicação também apresentou alta considerável, com um aumento de 5%, impulsionado pelas tarifas de telefonia e internet. Em diversas regiões do país, os produtos alimentícios e bebidas não alcoólicas foram os principais responsáveis pela pressão inflacionária geral, apresentando uma variação de 2,2%, com destaque para as carnes e derivados, pães e cereais, além dos laticínios.
Sinal positivo para a desinflação, mas desafios permanecem
No entanto, algumas categorias mostraram menores variações em seus preços. Vestuário e calçados tiveram um aumento modesto de 1,6%, enquanto equipamentos e manutenção do lar subiram apenas 0,9%. Essas variações contrastam com os desafios enfrentados pelas famílias argentinas em relação ao poder aquisitivo.
Os dados referentes a dezembro são interpretados como um sinal positivo por parte do governo. Luis Caputo, ministro da Economia, afirmou que “o processo de desinflação continua“. Em janeiro do ano anterior, a inflação mensal havia alcançado alarmantes 20,6%, resultante da forte desvalorização do peso argentino promovida logo no início da administração Milei. Desde então, a taxa anual vem apresentando uma tendência de diminuição desde o pico próximo a 300% registrado em abril.
O governo sinalizou que se a inflação mensal permanecesse em torno de 2,5%, poderia haver uma desaceleração no ritmo da desvalorização controlada do dólar. Na segunda metade de 2024, o peso argentino experimentou uma leve valorização nos mercados paralelos utilizados pela população para evitar os rigorosos controles monetários impostos pelo governo.
Perspectivas econômicas para 2025
Ainda assim, mesmo com os sinais de redução na inflação mensal, muitos analistas apontam que o índice continua elevado em termos anuais. Ignacio Ruiz, economista da Ecolatina, observou que “apesar da aparente estabilidade dos preços sazonais e administrados“, fatores como o aumento nos preços das carnes impactaram negativamente no índice geral. O aposentado Juan Carlos Gonzalez expressou suas preocupações com as flutuações constantes dos preços dos produtos que adquire diariamente.
A situação inflacionária na Argentina é vista como resultado direto das políticas fiscais rigorosas implementadas por Milei desde sua posse. A ligeira elevação na inflação mensal foi atribuída aos tradicionais aumentos sazonais nos preços e é considerada uma boa notícia pelos mercados financeiros que esperam um cenário ainda mais favorável em 2025.
Os especialistas projetam que a estabilização econômica poderá levar a inflação anual para cerca de 25% em 2025, representando o menor nível desde 2017.