Após caso Neymar, clubes brasileiros se preocupam com atletas nas redes sociais
O uso das redes sociais por atletas de diversas modalidades tem preocupado os clubes
- Data: 20/09/2019 16:09
- Alterado: 20/09/2019 16:09
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Divulgação
No futebol, por exemplo, o São Paulo promoveu neste mês uma palestra sobre o comportamento na internet. Na Ponte Preta, o atacante Dadá foi multado e suspenso por uma semana por ter xingado um torcedor em uma “live” (transmissão ao vivo) em seu Instagram durante um almoço entre elenco e comissão técnica.
A maioria dos clubes prepara uma cartilha para os jogadores sobre as redes sociais. Além disso, o departamento de comunicação é responsável por verificar se algum reforço tem perfil oficial, analisar postagens antigas e avisar a imprensa. Atletas mais consagrados ainda contam com o chamado “estafe”, responsável por orientá-los e administrar as redes sociais.
Para o advogado especialista em direito eletrônico Renato Opice Blum, que ministrou a palestra no São Paulo, o caso Neymar chamou a atenção dos atletas sobre como agir nas redes sociais. O atacante da seleção brasileira é investigado sobre crime virtual por ter divulgado conversas contendo imagens íntimas da modelo Najila Trindade, que o acusou de estupro.
Blum contou como foi a reação dos atletas são-paulinos durante a palestra realizada no último dia 5, no CT da Barra Funda. “Fiquei muito contente porque os jogadores participaram demais. Foi até difícil voltar para o treino, estava muito gostoso o papo. Expliquei que jogadores, técnicos e dirigentes são formadores de opinião, então precisam ter cuidado com o que é postado. Me pediram para fazer uma outra detalhando a segurança de informação, saindo do conteúdo para os ataques de possíveis hackers”, afirmou o advogado, que também já ministrou palestra para profissionais das escolinhas da NBA e no Clube Monte Líbano, além de ter outra marcada no Pinheiros.
A palestra no São Paulo foi idealizada e contou com a participação da psicóloga do clube, Anahy Couto. Na visão de Blum, “um time ideal para cuidar das redes sociais precisa ter um profissional de comunicação, um especializado em mídias, um psicólogo e um jurídico”. Ele reconhece, porém, que não são todos os atletas que conseguem bancar esse estafe.
René Simões, ex-técnico que atuou durante três anos como coach de treinadores em atividade, contou os conselhos que dava a seus clientes. Ele trabalhou com Fábio Carille, do Corinthians, Zé Ricardo, do Fortaleza, entre outros. Os próprios técnicos se preocupam com o que os jogadores postam nas redes sociais.
“Falava para não tentarem achar ou fazer com que os jogadores abrissem mão do celular. É preciso orientá-los de que são pessoas públicas e devem satisfação a quem os paga, que são os clubes, e na ponta disso estão os torcedores. Os técnicos são de gerações mais antigas, então não há excesso. É preciso ter cuidado com quem você se relaciona nas redes sociais porque isso traça o seu perfil e as empresas e clubes olham”, avaliou René Simões.
Outra coach esportiva ouvida pelo Estado, Amanda Ciaramicoli alertou para os malefícios que as redes sociais podem trazer aos atletas. Ela acumula trabalhos com o ex-atacante e atual coordenador do Corinthians, Emerson Sheik, o goleiro Sidão, o atacante Lucca, a meia Bebel e o campeão mundial de jiu-jítsu Alexandre Ribeiro.
“A rede social é benéfica e prejudicial para o atleta na mesma proporção. Os atletas normalmente passam muito tempo nas redes sociais e há comentários do público e da imprensa que nem sempre são positivos. Os comentários das redes sociais prejudicam o desempenho dos atletas nos dias da competição porque acabam gerando ansiedade e estresse que atrapalham não só a parte mental, como também a parte física. Conversamos em como utilizar a internet apenas para coisa produtivas, filtrando o que se lê, e como preencher esse tempo que ficaria nas redes com algo benéfico. É um desafio”, disse Amanda.
Uma pesquisa divulgada neste mês pela GlobalWebIndex mostra que o Brasil é o segundo país onde as pessoas passam mais tempo nas redes sociais, com uma média de 225 minutos por dia, atrás apenas das Filipinas, com média de 241 minutos. Os números alertam os esportistas, que costumam atrair milhares (às vezes até milhões) de seguidores em seus perfis oficiais.
COMO EVITAR SER HACKEADO
Por terem milhares e até milhões de seguidores, muitos atletas são alvo de hackers. O advogado sugeriu algumas medidas para evitar os ataques. “Há diversas possibilidades de clonagem das redes. Sempre alerto para atualizar o sistema operacional assim que já estiver disponível, ter uma senha específica em cada conta na rede social, deixar o celular em bloqueio automático e ler os termos de uso dos aplicativos. Se por algum tiver alguma conta hackeada, é preciso fazer um boletim de ocorrência, contatar a operadora e o aplicativo o mais rapidamente possível e trocar de chip”.