Aparelho desenvolvido no Brasil mantém energia elétrica durante chuvas e ventos fortes

Equipamento de baixo custo criado por empresa paulista isola trechos da rede afetados por queda de árvores e garante o abastecimento de energia elétrica nos arredores

  • Data: 17/01/2024 12:01
  • Alterado: 17/01/2024 12:01
  • Autor: Rodilei Morais
  • Fonte: Agência FAPESP
religador elétrico

Instalados no alto dos postes e na entrada ou saída das linhas nas subestações, os religadores têm a função de identificar curtos-circuitos provocados na rede elétrica por eventos climáticos, como chuvas e ventanias, ou interferência de vegetação

Crédito:HartBR/Divulgação

Você está em:

Engenheiros eletricistas da HartBR em parceria com a EDP Brasil desenvolveram um novo modelo de religador trifásico — mais moderno e de baixo custo, o equipamento é capaz de isolar trechos da rede de distribuição de energia elétrica. A inovação visa manter o fornecimento de eletricidade quando há problemas como quedas de árvores, como vem acontecendo recentemente na Região Metropolitana de São Paulo em razão das fortes chuvas e ventos.

O produto é fruto de um apoio fornecido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), que forneceu recursos por meio de seu Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE). Religadores já são utilizados por concessionárias de energia elétrica, mas os aparelhos tradicionais são caros e necessitam de muita manutenção, explica Celso Garcia Lellis Júnior, diretor-fundador da HartBR. “Também apresentam limitações, uma vez que foram desenvolvidos com base em princípios e tecnologias de décadas atrás e podem ser considerados quase que ultrapassados,” afirma ele.

Localizados próximo a subestações de energia ou no alto de postes, estes equipamentos identificam curtos-circuitos na rede, permitindo que, quando o problema é resolvido, o sistema seja reenergizado sem a necessidade de uma equipe técnica visitar o local. A FAPESP aponta que há uma melhora de 70% a 80% na continuidade do fornecimento de energia graças ao uso dos religadores.

Religador sendo instalado em um poste para melhorar a continuidade do fornecimento de energia elétrica
Religador sendo instalado em um poste para melhorar a continuidade do fornecimento de energia elétrica (Imagem: Tonyglen14/Wikimedia Commons)

O equipamento, porém, costuma contar com baterias seladas à base de chumbo ácido para que funcionem quando a energia cai. “Acontece que elas precisam ser trocadas a cada dois anos e descartadas adequadamente, o que tende a gerar uma enorme complicação logística para as concessionárias”, conta Lellis Júnior. Outro problema é o peso do aparelho, que pode chegar a até 200 kg, exigindo um maior investimento na estrutura dos postes para sustentá-lo.

“Riscamos tudo o que existia até então em termos de religadores e começamos do zero um projeto de desenvolvimento de uma nova versão do equipamento, tendo como base as necessidades das empresas, tecnologias mais modernas e novos conceitos industriais”, declarou o engenheiro. Desta forma, os pesquisadores substituíram as baterias por supercapacitores, estruturas carregadas pela própria rede elétrica e que contam com painéis solares para dispensar as trocas de bateria.

Além disso, o aço da estrutura dos aparelhos tradicionais foi substituído por polímeros de alta performance — com resistência a impactos e a alta temperatura mantendo uma baixa densidade. “Foram seis meses de pesquisas com o fabricante até conseguirmos obter uma composição polimérica adequada para a fabricação do religador”, afirma Lellis Júnior.

O projeto da HartBR já está com seu primeiro lote sendo produzido pela EDP desde dezembro de 2023 e em breve eles serão instalados em redes elétricas aéreas de média tensão. De acordo com Lellis, a Região Metropolitana de São Paulo conta com mais de 10 mil religadores de responsabilidade da distribuidora Enel, cada um com duas baterias. As falhas nestes equipamentos podem ser um dos fatores que prejudicam a continuidade do fornecimento de energia, segundo o engenheiro.

Compartilhar:

  • Data: 17/01/2024 12:01
  • Alterado: 17/01/2024 12:01
  • Autor: Rodilei Morais
  • Fonte: Agência FAPESP









Copyright © 2023 - Portal ABC do ABC - Todos os direitos reservados