Alunos terminam ensino médio sem saber calcular porcentagem, aponta Ideb
O baixo desempenho escolar no país, no entanto, começa ainda nos anos iniciais do ensino fundamental
- Data: 16/08/2024 07:08
- Alterado: 16/08/2024 07:08
- Autor: Redação
- Fonte: ISABELA PALHARES - FOLHAPRESS
Estudantes
Crédito:Arquivo - Agência Brasil
Os resultados do Ideb 2023 mostraram o cenário de estagnação do sistema educacional brasileiro em patamares de aprendizado muito baixos. Como as deficiências vão se arrastando ao longo da trajetória escolar, os alunos terminam o ensino médio sem saber, por exemplo, como calcular porcentagem.
Os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, principal indicador de qualidade da educação, foram divulgados nesta quarta-feira (14) pelo MEC (Ministério da Educação). Eles mostraram uma leve melhora no desempenho dos anos iniciais do ensino fundamental (do 1º ao 5º ano) e ensino médio, e queda nos anos finais (do 6º ao 9º ano).
Para calcular o índice, um dos critério é o resultado das provas do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), que medem o desempenho dos estudantes em matemática e português. As notas de 2023 mostram que a média do país segue ainda em patamares muito baixos.
Os alunos do 3º ano do ensino médio das escolas públicas obtiveram uma média de 264,6 pontos em matemática e 270,2 em língua portuguesa, o que significa que estão no nível 2 de proficiência, em uma escala que vai de 1 a 8.
Com esse nível de aprendizado, os estudantes são capazes, por exemplo, de compreender ironia em tirinhas e interpretar uma tabela.
Eles, no entanto, ainda não aprenderam a fazer cálculos de porcentagem ou resolver problemas matemáticos usando operações fundamentais (adição, subtração, multiplicação e divisão) com números naturais.
O ensino médio é considerado um dos maiores gargalos da educação básica.
Houve uma reforma da etapa aprovada em 2017, com a implementação iniciada nas salas de aula em 2022, para alunos do 1º ano. Após críticas na implementação, o governo Lula (PT) aprovou neste ano uma nova mudança na estrutura da etapa, que deve começa a valer no próximo ano.
A principal alteração feita em 2024 é o aumento da carga horária para disciplinas tradicionais, que tinha sido reduzida para dar espaço aos chamados itinerários formativos.
O baixo desempenho escolar no país, no entanto, começa ainda nos anos iniciais do ensino fundamental.
O Ideb 2023 mostrou que os alunos do 5º ano das redes municipais do país obtiveram uma média de 208 pontos na avaliação de língua portuguesa, o que significa que estão no nível 4 de proficiência, em uma escala que vai de 1 a 9.
Nesse nível, os estudantes conseguem, por exemplo, entender o efeito de humor em uma piada ou identificar uma informação explícita em uma receita culinária. Porém eles não aprenderam ainda a identificar assunto e opinião em uma reportagem ou reconhecer a finalidade de um texto escrito em um cartaz.
Em matemática, a média foi de 219 pontos, o que também significa que estão no nível 4 de proficiência. Nessa faixa, os estudantes conseguem converter uma hora em minutos e interpretar horas em relógios de ponteiro.
Eles não conseguem, no entanto, calcular a área de uma figura retangular ou somar quantias diferentes de dinheiro, como moedas e cédulas de real.
Já para os anos finais do fundamental, o Ideb mostrou que os alunos do 9º ano das escolas públicas tiveram uma média de 251 pontos, em matemática, e 254,62, em português –o equivalente ao nível 3 de proficiência, em uma escala também de 1 a 9.
Nesse nível, os estudantes conseguem determinar a soma ou a diferença em operações com números inteiros, mas não sabem converter uma unidade de comprimento de metros para centímetros, por exemplo.
O Ideb é produzido a cada dois anos, com divulgação prevista sempre em anos eleitorais. Ele é calculado a partir de dois componentes: a taxa de aprovação das escolas e as médias de desempenho dos alunos em uma avaliação de matemática e português, o Saeb.
O indicador foi criado em 2007 com metas por escolas, redes e para país até 2021. Ele deveria ter sido renovado a partir desta edição, mas tanto o governo Jair Bolsonaro (PL) quanto a atual gestão Lula (PT) não construíram um novo modelo.