Álcool e drogas: entenda a relação do consumo na incidência de câncer

O dia 20 de fevereiro vem para alertar sobre o abuso das substâncias, sendo um dos riscos o surgimento de neoplasias. Especialistas comentam a importância de investir na prevenção primária

  • Data: 19/02/2022 09:02
  • Alterado: 17/08/2023 09:08
  • Autor: Redação
  • Fonte: Dr. Artur Ferreira
Álcool e drogas: entenda a relação do consumo na incidência de câncer

Cerveja

Crédito:Arquivo/Agência Brasil

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Apesar do desenvolvimento do câncer levar semanas, meses ou até mesmo anos, é necessário investir em um estilo de vida saudável como uma alternativa para evitar a doença. No entanto, para que essa neoplasia aconteça, as células devem passar por uma mutação genética com alterações do DNA, resultando em uma falha no controle e reprodução celular descontrolada.

Dentre as diversas causas de câncer, é possível citar o consumo excessivo de álcool e drogas. Segundo a American Cancer Society, 30% das mortes pela neoplasia podem ser relacionadas ao uso abusivo de entorpecentes. Contudo, o desafio é ainda maior: deve-se olhar de lupa para as chamadas drogas ilícitas.

De acordo com o Dr. Artur Ferreira, oncologista da Oncoclínicas em São Paulo, a segunda maior causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos no Brasil é o câncer, perdendo apenas para os óbitos que ocorrem por acidentes e violência. “Cada um dos desafios é importante para o combate de tumores malignos e não deve ser ignorado, por mais simples que seja”.

Até o momento, sabe-se que o álcool aumenta o risco de vários tipos de câncer, como os tumores de cavidade oral, laringe e faringe, colorretal e esôfago, além de fígado e mama. Segundo o Instituto Nacional de Abuso de Álcool e Alcoolismo, durante a pandemia o consumo aumentou e apontou que o uso indevido foi maior entre as mulheres do que os homens. Vale pontuar que para o público masculino, beber excessivamente é considerado mais do que quatro bebidas ao dia e 14 por semana. Já para o público feminino, três bebidas por dia e sete por semana.

Impactos da pandemia

Durante a pandemia, foi possível observar ainda um cenário preocupante quanto ao câncer devido aos hábitos de vida da população como um todo. “Com o isolamento social houve uma piora significativa na qualidade de vida dos brasileiros, com um maior consumo de alimentos ultraprocessados, bebidas alcóolicas e queda na prática de atividades físicas. Para evitar que esses prejuízos continuem acontecendo, é necessário urgentemente reverter essa situação. Por isso, devemos encarar esses desafios como uma alternativa para prevenção ao câncer”, aponta Artur.

Nas últimas duas décadas, os novos diagnósticos de câncer quase dobraram, passando de 10 milhões estimados em 2000 para 19,3 milhões em 2020, segundo a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (Iarc, sigla do inglês), entidade ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS).

Para o futuro, as projeções também preocupam. A partir do relatório da Globocan 2020, divulgado pela Iarc, a tendência é de que haja um aumento na detecção dos casos de câncer, podendo alcançar um patamar de quase 50% a mais em 2040 em comparação com o cenário atual. É estimado que o mundo tenha uma média de 28,4 milhões de diagnósticos.

Contornando a situação

O tabagismo pode aumentar em até 20 vezes o risco de surgimento do câncer de pulmão e estima-se que seja responsável por até 90% dos casos desta doença. Por isso, é necessário também alertar quanto às drogas lícitas, como o cigarro.

De acordo com um estudo publicado no periódico JAMA Oncology, parar de fumar antes dos 45 anos pode diminuir expressivamente os riscos de morrer de câncer de pulmão e outros tipos de neoplasias. No entanto, é importante reforçar que isso irá depender da idade, ou seja, quanto antes esse hábito for deixado de lado, melhor.

“Além do cigarro tradicional, o cigarro eletrônico tem causado curiosidade nos mais jovens, seja pela ausência de informações ou ainda pelo formato diferenciado. Apesar da queda verificada no percentual de adultos fumantes no Brasil, nas últimas décadas, é possível notar versões diferentes do mesmo problema”, alerta o oncologista da Oncoclínicas em São Paulo. No triênio 2020-2022, são esperados 30,2 mil novos casos ao ano de câncer de pulmão, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).

Quanto ao uso excessivo de álcool, segundo a revista científica The Lancet Oncology, 4% dos casos de câncer diagnosticados em 2020 (no mundo) foram causados pelo consumo de bebidas, representando cerca de 741,3 mil casos.

“No organismo, o álcool pode causar diversos tipos de danos, como prejuízos às células e alterações hormonais. Além disso, a ingestão de bebida alcoólica pode atrapalhar a absorção de nutrientes essenciais para o corpo como vitaminas. Por fornecer calorias vazias, ele também contribui para o aumento de peso, elevando assim os riscos de câncer”, explica.

Mudança de hábitos

A somatória de todos os dados traz um ponto importante em comum entre as pesquisas: a necessidade de rever os hábitos inadequados de vida no dia a dia para frear as estatísticas. Por isso, o objetivo é investir na prevenção primária para evitar assim que o câncer possa se desenvolver.

“Alternativas como a prática de exercícios físicos, alimentação adequada, consumo moderado de bebidas alcóolicas, não uso de cigarro e outros tipos de drogas são capazes de frear o aumento dos casos de câncer e também promover uma melhor qualidade de vida para a população como um todo. De forma geral, investir nesse tipo de informação pode ajudar ainda a evitar problemas de saúde mais comuns no dia a dia, como hipertensão arterial, diabetes e obesidade”, finaliza.

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  • Data: 19/02/2022 09:02
  • Alterado: 17/08/2023 09:08
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  • Fonte: Dr. Artur Ferreira









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