Dólar sobe e fecha a R$ 5,75; Ibovespa cai após fala de Marinho
Ibovespa recua 1,35% e dólar sobe para r$ 5,75 em meio à revisão para cima da inflação e incertezas econômicas.
- Data: 24/02/2025 19:02
- Alterado: 24/02/2025 19:02
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
Nesta segunda-feira (24), o mercado financeiro brasileiro apresentou um cenário de aversão ao risco, refletindo a crescente preocupação dos investidores em relação à inflação. O dólar americano teve uma valorização de 0,44%, encerrando o dia cotado a R$ 5,7545, enquanto o índice Ibovespa registrou uma queda de 1,35%, fechando a 125.401 pontos.
Além disso, os juros futuros acompanharam essa tendência negativa, com altas nas taxas ao final do pregão.
Esse movimento foi intensificado após declarações do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que informou que o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) de janeiro deve indicar a criação de 100 mil novas vagas formais. Este número supera as previsões dos analistas, que esperavam 48 mil vagas, a serem divulgadas na quarta-feira.
A expectativa de um mercado de trabalho mais robusto pode pressionar ainda mais a inflação, que atualmente se encontra em 4,56% nos últimos dois meses. Com preços demonstrando maior resistência, o Banco Central poderá ser compelido a elevar por mais tempo a taxa básica de juros, atualmente fixada em 13,25%, impactando negativamente os ativos de renda variável.
No fechamento do pregão, observou-se um aumento no contrato de juro futuro para junho deste ano, que subiu de 13,96% na sexta-feira anterior para 14,02%. O contrato referente a julho de 2030 também apresentou elevação, passando de 14,31% para 14,44%.
Uma nova pesquisa realizada pelo Banco Central revelou que analistas estão ajustando suas projeções para uma inflação mais elevada tanto ao final deste ano quanto do próximo. De acordo com a pesquisa Focus, a expectativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) agora é de um aumento de 5,65% até dezembro deste ano, comparado a 5,60% na pesquisa anterior. Esta é a 19ª semana consecutiva de revisão para cima nas previsões. Para o ano de 2026, a projeção é que a inflação brasileira chegue a 4,40%, ligeiramente acima da previsão anterior de 4,35%.
A meta estabelecida pelo Banco Central é de manter a inflação em torno de 3%, com uma margem de tolerância que varia em até 1,5 ponto percentual.
Bruno Shahini, analista da Nomad, destacou que “a nova revisão das expectativas de inflação indica uma tendência que pode demandar esforços adicionais do Banco Central para alinhar as previsões neste ano”. Ele ressaltou também a importância da divulgação do indicador IPCA-15, prevista para esta terça-feira (25), cuja expectativa é de um aumento anual de 5,10%.
Outro fator que pode exercer pressão sobre a inflação é a liberação dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para trabalhadores demitidos que não puderam acessar os fundos durante a rescisão por optarem pelo saque-aniversário. Essa medida poderia injetar mais renda na economia e estimular o consumo, potencialmente elevando os preços.
Os investidores também estão atentos ao discurso programado do presidente Lula (PT) na noite desta segunda-feira sobre os programas sociais Pé-de-Meia e Farmácia Popular. Existe preocupação no mercado quanto à possibilidade do presidente anunciar um aumento nos investimentos desses programas governamentais.
Além disso, esta semana será marcada pela divulgação de dados econômicos relevantes tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos e pela expectativa em relação às tarifas impostas pelo governo Trump e as negociações relacionadas ao conflito na Ucrânia, que completa três anos nesta segunda-feira.
Fernando Bresciani, analista do AndBank, comentou: “Continuamos em uma semana marcada pela cautela e sem novidades significativas que possam impulsionar o Ibovespa. Embora diversos balanços estejam previstos para serem divulgados, esses são dados micro; precisamos urgentemente de um evento macro positivo.”
Nos Estados Unidos, os agentes financeiros se preparam para o relatório do índice PCE referente a janeiro – considerado como o principal indicador inflacionário pelo Federal Reserve – cuja divulgação está programada para sexta-feira.
Números mais robustos da inflação ao consumidor nos EUA levaram os operadores a reduzir as expectativas quanto aos cortes na taxa de juros pelo Fed. As expectativas começaram a mudar nas últimas sessões após uma sequência de dados fracos vindos da maior economia global.
Atualmente, o mercado estima um corte na taxa pelo Fed até julho deste ano e acredita numa alta probabilidade de outra redução ainda em 2026.
Entretanto, diversos dirigentes do Fed já expressaram preocupações sobre os riscos futuros decorrentes das políticas propostas pela administração Trump. Juros mais elevados por períodos prolongados nos EUA podem fortalecer o dólar frente às moedas globais e provocar pressões adicionais sobre o real brasileiro.
No cenário das bolsas americanas, as ações tecnológicas apresentaram declínios significativos, com o índice Nasdaq recuando 1,2%. O S&P500 também viu uma queda de 0,5%.