Governo Lula busca soluções para reverter crise financeira dos Correios
Estatal registrou prejuízo de R$ 2,1 bilhões em 2024 e enfrenta desafios para equilibrar suas contas.
- Data: 30/01/2025 20:01
- Alterado: 30/01/2025 20:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
Crédito:Reprodução
O governo federal, sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva, está avaliando estratégias para reverter a situação financeira crítica dos Correios. O alerta foi acionado após a estatal registrar um prejuízo de R$ 2,1 bilhões entre janeiro e setembro de 2024, além de um déficit primário acumulado de R$ 3,2 bilhões no ano anterior, conforme informações do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI).
Os investimentos realizados pela empresa totalizaram R$ 830 milhões em 2024, mas a secretária de Coordenação e Governança das Empresas Estatais, Elisa Leonel, destacou que o rombo financeiro é um reflexo da falta de investimento durante o período de privatização sob a gestão anterior.
Em um movimento estratégico, o presidente Lula retirou algumas estatais do Programa Nacional de Desestatização (PND) em 2023, permitindo que essas entidades voltassem a investir. No entanto, a administração atual descarta qualquer possibilidade de retomar a privatização dos Correios. Embora a empresa tenha enfrentado resultados negativos nos últimos dois anos, com um déficit de R$ 440 milhões em 2023, o MGI ressalta que não houve injeção de recursos do Tesouro Nacional e que a estatal tem buscado financiamento no mercado para quitar suas obrigações.
Elisa Leonel informou que estão sendo retomados contratos de parceria com empresas privadas atuantes no setor de marketplace. A proposta é explorar novas formas de geração de receita que respeitem o compromisso da universalização dos serviços prestados pelos Correios. “Estamos discutindo quais segmentos podem ser ampliados para gerar receitas adicionais”, declarou Leonel.
Na última reunião entre os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Esther Dweck (Gestão) e o presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, foi apresentado um panorama das novas oportunidades de negócios para a estatal. Contudo, a secretária optou por não entrar em detalhes sobre as medidas propostas: “Seria especulação da minha parte neste momento”, afirmou.
A má performance financeira dos Correios contribui significativamente para o déficit das estatais federais em 2024. Segundo dados da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest), um grupo composto por 20 estatais registrou um déficit primário total de R$ 6,3 bilhões no ano anterior. Os números oficiais referentes a 2024 serão divulgados na próxima sexta-feira (31).
Ao excluir os investimentos relacionados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e os resultados das empresas Petrobras e ENBPar, estima-se que o déficit real seja cerca de R$ 4 bilhões, sendo R$ 3,2 bilhões atribuídos exclusivamente aos Correios. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2024 permitia um déficit global de R$ 7,3 bilhões durante o exercício.
Além disso, há preocupações com a sustentabilidade financeira da Infraero, devido às concessões de aeroportos rentáveis, e com a Casa da Moeda, considerada uma área em declínio. A ministra Dweck enfatizou que resultados deficitários não necessariamente indicam comprometimento da saúde financeira das empresas. Parte considerável do déficit reportado pelas estatais federais é atribuída aos investimentos realizados em 2024.
No ano passado, as 20 estatais analisadas investiram R$ 5,3 bilhões, correspondendo a 83% do déficit registrado. Em uma análise mais ampla realizada pelo MGI, os investimentos totais das estatais federais atingiram R$ 96,18 bilhões em 2024, marcando um aumento expressivo de 44,1% em relação ao ano anterior e uma elevação impressionante de 87,2% comparado a 2022.
A ministra concluiu destacando que é fundamental avaliar se as empresas estão operando com lucro ou prejuízo: “Os investimentos estão sendo financiados com recursos já disponíveis nas companhias. Mesmo empresas lucrativas podem apresentar déficits fiscais”, afirmou Dweck. Ela citou como exemplo as estatais Serpro e Dataprev, que apresentaram lucros líquidos significativos até o terceiro trimestre de 2024, enquanto também registravam déficits orçamentários.
Um levantamento adicional apontou que entre as 11 empresas que terminaram o ano com déficit primário, nove estavam lucrativas até o terceiro trimestre. No total das 20 estatais analisadas, 16 estão projetadas para encerrar 2024 com lucro.