Centro Hospitalar Municipal quer criar cultura de doação de órgãos
Desafio interno dos profissionais da Saúde de Santo André é viabilizar os potenciais doadores e diminuir as perdas
- Data: 25/09/2013 14:09
- Alterado: 25/09/2013 14:09
- Autor: Elaine Granconato
- Fonte: Secom PSA
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O CHM (Centro Hospitalar Municipal), ex-Santa Casa de Misericórdia, volta seu olhar para a importância da doação de órgãos e tecidos para transplantes. O desafio é investir internamente nos profissionais para o trabalho de identificação e viabilização de potenciais doadores, o que implicaria, diretamente, na diminuição das perdas. Em Santo André, até a última terça-feira (24), aguardavam em lista de espera 221 pacientes, dos quais 181 por um rim e oito, por corações, segundo dados da Central Nacional de Transplantes.
“Queremos criar a cultura de doação dentro do hospital”, afirmou o enfermeiro Paulo Cezar Ribeiro, gerente de Enfermagem no CHM e especialista em doação, captação e transplantes de órgãos pelo Hospital Israelita Albert Einstein, que há três anos se dedica de corpo e alma em defesa da causa. Para o enfermeiro, muitas vezes, o que falta é o conhecimento dos profissionais para maior abrangência sobre o assunto de extrema importância para salvar novas vidas. “Infelizmente, o tema não faz parte da grade curricular dos cursos de graduação na área da Saúde. E, quando faz, é de forma superficial”, avaliou.
Criar cultura de doação no âmbito hospitalar, segundo Paulo Cezar, é trazer a possibilidade de veicular informação, propiciar espaço de reflexão e medidas eficazes para que o processo ocorra de forma satisfatória. “Só dessa forma, viabilizaremos potencias doadores, aumentaremos os números de captações e transplantes e diminuiremos a fila de espera de pessoas que aguardam ansiosamente por um órgão”, afirmou o gerente.
A atual direção do CHM trabalha neste enfrentamento desde o início deste ano. A CIHDOT (Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes), integrada por 14 pessoas, foi renomeada em abril. Os profissionais, entre médicos, enfermeiros, auxiliar de enfermagem, fisioterapeuta e administrativo, passaram a ser treinados com aulas internas e palestras sobre o tema. “O primeiro passo é envolver todos, desde o faxineiro e roupeiro, até a equipe médica, para se criar a cultura de doação. Falar com todos, o tempo todo”, avaliou Paulo Cezar.
Entre os protocolos da comissão, foi criado um cronograma de escala de busca ativa de possíveis doadores de órgãos. Trata-se de um trabalho de procura realizado diariamente, inclusive em finais de semana e feriados. Até o último ano, na prática, o procedimento não existia. “A medida garante que o tempo todo terá um profissional da CIHDOTT monitorando se há algum possível doador. A ação determina maior eficácia no processo de viabilização, além da certeza de que não estamos perdendo possíveis doadores”, explicou o enfermeiro, que integra a comissão.
O Centro Hospital Municipal é referência nas especialidades de ortopedia/traumatologia, neurocirurgia, cirurgia geral, oftalmologia e bucomaxilofacial. E a CIHDOTT está classificada nos critérios estabelecidos pela portaria 2.600, de 2009, do Ministério da Saúde, como nível 2. Ou seja, com até mil óbitos por ano.
NÚMEROS – No último ano, dos 737 óbitos, 17 notificações foram feitas ao Instituto Dante Pazzanese, hospital paulistano referência do CHM nesta área, mas apenas cinco efetivações de órgãos. Em 2011, a realidade não foi diferente. Das 931 mortes no ano e 22 notificações, o número de efetivações foi o mesmo: cinco.
Mas o cenário começa a mudar com a nova proposta. Neste ano, de 1º de janeiro a 16 de setembro, dos 600 óbitos, foram 16 notificações e sete efetivações, que representaram 14 rins, três fígados, um pâncreas e seis córneas. “Com certeza, pelo menos 20 vidas foram salvas”, afirmou o enfermeiro.
O CHM ocupa hoje a 33ª posição no ranking de captação de órgãos em de São Paulo. Em 2012, no mesmo período, foram 11 notificações e apenas duas efetivações, que representaram a 44ª colocação. Se compararmos os dois períodos, houve aumento de 250% nas efetivações dos casos.
SIMPÓSIO – Pela primeira vez, o Centro Hospitalar Municipal realizará o Simpósio de Captação de Órgãos, que ocorrerá nesta quinta-feira (26), das 8h às 12h, no Anfiteatro do hospital, que será fechado para os profissionais da unidade. Entre os palestrantes, às 11h, a médica Celina Cretella, do Hospital Regional de Osasco, falará sobre o tema morte encefálica. “Embora o transplante seja geralmente precedido de grandes tragédias, quando viabilizado com êxito, não existe emoção maior para os profissionais envolvidos no processo bem como para quem recebe uma nova chance de vida”, afirmou Paulo Cesar.
I Simpósio de Captação de Órgãos do CHM
Data – quinta-feira (26)
Horário – das 8h às 12h
Local – Anfiteatro do hospital
Endereço – Avenida João Ramalho, 326. Vila Assunção.