Expectativas econômicas e o impacto da presidência de Donald Trump
Trump assume a presidência dos EUA em meio a incertezas econômicas e alta do dólar, prometendo tarifas e combate à imigração, afetando também o Brasil
- Data: 21/01/2025 07:01
- Alterado: 21/01/2025 07:01
- Autor: Redação
- Fonte: G1
Donald Trump
Crédito:Reprodução/Instagram
Especialistas alertam para um ambiente econômico marcado por incertezas e um fortalecimento do dólar. As taxas de juros nos Estados Unidos devem continuar elevadas, enquanto o bitcoin apresenta uma tendência de alta.
Donald Trump foi oficialmente empossado como 47º presidente dos Estados Unidos nesta segunda-feira (20), em uma cerimônia realizada no Capitólio, em Washington DC. Durante seu discurso inaugural, Trump anunciou a assinatura de diversas medidas que, segundo ele, promoverão a “restauração completa da América”. No âmbito econômico, o presidente prometeu combater a inflação e implementar tarifas sobre importações.
“Ao invés de tributar nossos cidadãos para beneficiar outros países, vamos impor tarifas e tributar nações estrangeiras para enriquecer nossos próprios cidadãos”, declarou Trump, embora não tenha especificado os valores dessas tarifas.
Além disso, como parte de suas primeiras ações no cargo, o presidente declarou uma emergência nacional na fronteira sul dos EUA. Ele afirmou: “Todas as entradas ilegais serão imediatamente interrompidas e iniciaremos o processo de deportação de milhões de imigrantes criminosos”.
O mercado financeiro global acompanha com atenção as políticas do novo governo, que já durante a campanha levantou preocupações entre economistas sobre suas possíveis implicações. Com Trump no poder, a vigilância se intensifica.
Os analistas indicam que o clima de incerteza econômica e a possível valorização do dólar são questões centrais. A implementação de tarifas mais altas e a política restritiva em relação à imigração podem impulsionar ainda mais a inflação nos EUA. Além disso, cortes tributários para favorecer empresas americanas representam um risco significativo para as finanças públicas do país.
Esses fatores indicam que o Federal Reserve (Fed) enfrentará dificuldades adicionais para controlar a inflação, mantendo as taxas de juros elevadas. Em sua última reunião em dezembro, o Fed mencionou “perspectivas econômicas incertas” como justificativa para diminuir gradualmente os cortes nas taxas de juros, sinalizando uma postura cautelosa para o futuro.
A elevação das taxas de juros torna os títulos públicos americanos mais atrativos, levando investidores a direcionar recursos para os Estados Unidos e fortalecendo a moeda americana em relação a outras divisas. Essa dinâmica afeta o fluxo global de investimentos.
No Brasil, as repercussões já se tornaram evidentes antes mesmo da posse de Trump. O dólar estava cotado a R$ 5,74 no dia das eleições americanas (5 de novembro) e subiu para R$ 5,81 em 22 de novembro. Logo após, devido à reação negativa do mercado ao pacote fiscal do governo brasileiro, a moeda americana ultrapassou pela primeira vez a marca histórica de R$ 6.
A expectativa é que o dólar permaneça nesse patamar elevado. O último boletim Focus do Banco Central revela que instituições financeiras preveem que a moeda americana estará cotada a R$ 6 até o final de 2025.
Para evitar uma deterioração ainda maior na taxa cambial e com os juros altos nos EUA, será necessário que o Banco Central brasileiro também aumente sua taxa básica de juros, provocando uma desaceleração econômica e encarecendo o crédito interno. O boletim Focus prevê uma Selic em 15% ao ano até 2025.
O índice Ibovespa também reflete essas tensões. Desde as eleições americanas, o principal indicador da bolsa brasileira caiu abaixo da marca dos 130 mil pontos e atualmente está na faixa dos 122 mil pontos. Isso é atribuído tanto à preocupação com as contas públicas no Brasil quanto ao clima econômico instável internacionalmente.
Por outro lado, o bitcoin tem apresentado uma trajetória ascendente. Conforme reportado pelo g1 em agosto, Trump passou a demonstrar entusiasmo pelas criptomoedas e indicou que buscará criar um ambiente regulatório favorável para esses ativos digitais. A principal criptomoeda do mercado superou pela primeira vez na história a cotação de US$ 100 mil.
Os três principais pontos que os especialistas destacam sobre as expectativas em relação à administração Trump são: alta da inflação e dos juros; fortalecimento do dólar e impacto positivo na economia americana; e valorização do bitcoin.
A inflação é uma das maiores preocupações entre investidores globais em decorrência das promessas de Trump durante sua campanha eleitoral relacionadas ao aumento das tarifas sobre importações e deportação massiva de imigrantes. Estas ações podem gerar um efeito inflacionário significativo na economia norte-americana.
Casos concretos como a implementação efetiva das tarifas comerciais com países como a China devem impactar diretamente os preços internos e alterar hábitos de consumo nos EUA. Especialistas ressaltam que a real eficácia dessas políticas ainda é incerta.
A volatilidade dos mercados já está sendo percebida através da variação nas taxas dos títulos públicos americanos (Treasuries), que apresentaram um aumento considerável desde o final da corrida eleitoral até agora. As expectativas indicam uma pressão crescente sobre o Fed para ajustar sua política monetária.
No cenário atual também se observa um incremento no valor do dólar como reflexo das novas políticas econômicas propostas por Trump. Isso pode beneficiar alguns setores específicos da economia brasileira ao tornar exportações mais competitivas, mas também poderá pressionar a inflação interna devido ao encarecimento dos produtos importados.
A ascensão do bitcoin destaca-se como um fenômeno interessante neste contexto. A criptomoeda mais famosa ultrapassou recentemente US$ 109 mil e tem atraído novos investidores impulsionados pela mudança na percepção regulatória promovida pelo novo governo.
Com isso, fica claro que os desdobramentos das políticas econômicas sob a liderança de Donald Trump terão impactos profundos não apenas nos Estados Unidos mas também nas economias globais, incluindo o Brasil.