Lavagem do Bonfim: A celebração da fé e da cultura em Salvador
Os participantes, vestidos predominantemente de branco, carregam flores e fitas coloridas como oferendas enquanto entoam cânticos e rezas
- Data: 16/01/2025 10:01
- Alterado: 16/01/2025 10:01
- Autor: Redação
- Fonte: Mixvale
Lavagem do Bonfim
Crédito:Reprodução - Árisson Carvalho/ g1 BA
A Lavagem do Bonfim, uma das festividades religiosas e culturais mais emblemáticas do Brasil, realizada nesta quinta-feira, 16 de janeiro de 2025, em Salvador, na Bahia. Este evento é conhecido por atrair uma imensa multidão de fiéis e visitantes, unindo elementos das tradições católicas com práticas das religiões afro-brasileiras, como o candomblé. O cortejo tem início na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, localizada no bairro do Comércio, e se estende até a Basílica do Senhor do Bonfim, na Colina Sagrada, percorrendo cerca de 8 quilômetros.
Com origens que remontam ao século XVIII, a Lavagem do Bonfim é um símbolo de fé, união e diversidade cultural. Os participantes, vestidos predominantemente de branco, carregam flores e fitas coloridas como oferendas enquanto entoam cânticos e rezas. Um dos momentos mais aguardados da celebração é a lavagem das escadarias da basílica com água perfumada, conduzida pelas tradicionais baianas. Este ato representa a purificação espiritual e a renovação da fé. Para este ano, estima-se que mais de um milhão de pessoas compareçam ao evento, que se tornou uma das principais atrações turísticas de Salvador.
A convivência harmoniosa entre as tradições católicas e as práticas afro-brasileiras faz da Lavagem do Bonfim um exemplo notável de sincretismo religioso. Enquanto os católicos veneram o Senhor do Bonfim como uma representação de Jesus Cristo, os praticantes do candomblé associam a figura ao orixá Oxalá, símbolo da paz e criação. Essa intersecção religiosa ressalta a coexistência pacífica entre diferentes crenças durante este momento de devoção coletiva.
Raízes Históricas da Lavagem do Bonfim
A Lavagem do Bonfim possui sua origem nas práticas religiosas dos escravizados e seus descendentes que, durante o período colonial, realizavam a limpeza da igreja como uma forma de manifestação devocional. O ritual teve início no século XVIII, logo após a construção da Basílica do Senhor do Bonfim, inaugurada em 1754. Ao longo dos anos, essa prática evoluiu para um evento festivo que incorporou elementos das religiões africanas, incluindo danças e cantos tradicionais.
O evento começou sendo realizado internamente na igreja, mas com o aumento da participação popular, as festividades passaram a ocorrer no adro e nas escadarias. Essa mudança ampliou o acesso ao evento e consolidou seu significado cultural e religioso dentro da sociedade baiana.
O Cortejo: Uma Celebração nas Ruas
A celebração teve início com um culto ecumênico às 8h na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia. O trajeto até a Colina Sagrada é marcado por um clima de festa e fé, onde as baianas vestidas com trajes típicos carregam jarros com água de cheiro para realizar a lavagem das escadarias. Este gesto simbólico representa purificação e renovação espiritual.
Milhares de participantes vestem branco em sinal de paz enquanto seguem em procissão ao som dos tambores e cânticos típicos. A chegada à Basílica é celebrada com aplausos e orações de gratidão. Durante o percurso, é comum ver pessoas amarrando fitinhas coloridas nas grades da igreja como forma de fazer pedidos relacionados à saúde, paz e prosperidade.
Sincretismo Religioso: A Convivência entre Crenças
A Lavagem do Bonfim exemplifica perfeitamente o sincretismo religioso no Brasil. Enquanto os católicos participam das missas em homenagem ao Senhor do Bonfim, os adeptos das religiões afro-brasileiras realizam suas próprias oferendas a Oxalá. Essa interação entre diferentes tradições reflete a rica história de resistência cultural dos povos africanos no Brasil.
As fitas do Senhor do Bonfim são um símbolo dessa união; cada cor está associada a um orixá no candomblé e simboliza devoção na tradição católica. O ato de amarrar uma fita no pulso ou nas grades da igreja carrega um profundo significado espiritual.
Segurança e Logística para 2025
A edição deste ano conta com um robusto esquema de segurança composto por mais de dois mil policiais e bombeiros para garantir a segurança dos participantes. Drones e câmeras serão utilizados ao longo do percurso para monitoramento em tempo real. Equipes médicas estarão posicionadas em locais estratégicos para atender qualquer emergência.
As autoridades também aconselham os participantes a utilizarem protetor solar e roupas leves devido às altas temperaturas que podem chegar aos 32°C durante o dia. Para facilitar o deslocamento, linhas de transporte público terão reforço especial e vendedores ambulantes oferecerão alimentos e bebidas ao longo do trajeto.
Impacto Cultural e Econômico da Lavagem do Bonfim
Mais do que uma manifestação espiritual, a Lavagem do Bonfim exerce um impacto significativo na cultura local e na economia da Bahia. Durante o evento, Salvador recebe milhares de turistas nacionais e internacionais, aquecendo setores como hotelaria e comércio. Segundo dados da prefeitura, o evento deverá gerar milhões em receita para a economia local.
Artistas renomados também costumam participar das festividades com shows que enriquecem ainda mais o clima festivo. Essa fusão entre cultura e religiosidade reforça o papel da Lavagem do Bonfim como um símbolo identitário baiano e atrativo turístico.
Este evento transcende as barreiras religiosas para se tornar uma celebração coletiva que reafirma a importância histórica desta tradição na sociedade brasileira contemporânea.