Incêndios na Califórnia: Entenda o polêmico uso do retardante Phos-Chek no combate às chamas
Incêndios na Califórnia: Entenda o papel do retardante Phos-Chek e as polêmicas ambientais que cercam seu uso nos combates às chamas.
- Data: 14/01/2025 18:01
- Alterado: 14/01/2025 18:01
- Autor: redação
- Fonte: BBC
Crédito:Reprodução
As equipes de resgate continuam a lutar contra os devastadores incêndios florestais que assolam o sul da Califórnia. Imagens impactantes revelam aviões-tanque despejando uma substância vibrante, em tons de vermelho e rosa, sobre as áreas suburbanas de Los Angeles.
Esse material, um retardante de fogo amplamente utilizado, tem se tornado uma visão comum na região, deixando uma marca visível em calçadas, telhados e veículos.
Conforme relatado por autoridades locais, milhares de galões dessa substância foram utilizados na última semana no esforço para conter a propagação das chamas.
Mas qual é a composição desse retardante e como ele auxilia no combate aos incêndios florestais?
O produto em questão é conhecido como Phos-Chek, fabricado pela empresa Perimeter. Desde 1963, esse retardante tem sido uma ferramenta fundamental no combate a incêndios nos Estados Unidos e é o principal agente utilizado pelo Departamento de Silvicultura e Proteção contra Incêndios da Califórnia. Um relatório da Associated Press de 2022 afirma que o Phos-Chek é o retardante mais utilizado globalmente.
A fórmula exata do Phos-Chek não é divulgada publicamente, mas a empresa informou anteriormente que o composto é formado por 80% de água, 14% de sais semelhantes aos encontrados em fertilizantes e 6% de corantes e inibidores de corrosão.
Em relação à sua coloração distinta, a fabricante esclarece que isso serve como um auxílio visual tanto para pilotos quanto para bombeiros. Com a exposição ao sol, a tonalidade vibrante tende a desaparecer, dando lugar a cores mais terrosas.
O método usual envolve a pulverização do retardante na vegetação e no solo que estão em risco próximo ao incêndio, formando uma barreira destinada a impedir a propagação das chamas.
De acordo com informações do Serviço Florestal dos EUA, os retardantes contribuem para desacelerar o avanço do fogo ao resfriar materiais combustíveis, reduzir a disponibilidade de oxigênio e modificar o comportamento dos materiais inflamáveis devido aos sais inorgânicos presentes na formulação.
Entretanto, o uso desses retardantes não está isento de controvérsias devido aos potenciais impactos ambientais. Em 2022, um grupo chamado Empregados do Serviço Florestal pela Ética Ambiental, composto por funcionários atuais e ex-funcionários do Serviço Florestal dos EUA, moveu uma ação judicial alegando que a agência federal violou leis relacionadas à proteção hídrica do país.
A acusação indicava que o uso dos retardantes químicos sobre florestas resultava na morte de peixes e não era eficaz no combate às chamas. No ano seguinte, uma juíza distrital concordou com os reclamantes; no entanto, permitiu que o Serviço Florestal continuasse utilizando os produtos enquanto buscava as licenças necessárias junto à Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA).
A situação tornou-se um ponto focal em comunidades afetadas por incêndios florestais, como Paradise, na Califórnia, que foi devastada por um incêndio em 2018. O então prefeito da cidade, Greg Bolin, expressou apoio à decisão da juíza, ressaltando que ela oferecia às comunidades “uma chance de lutar” contra os incêndios.
Em comunicado à rádio NPR, o Serviço Florestal anunciou que está substituindo gradualmente a fórmula Phos-Chek LC95 por uma nova versão chamada MVP-Fx, considerada menos tóxica para a fauna local. Além disso, existe uma proibição rigorosa quanto ao despejo de retardantes em áreas ambientalmente sensíveis, como cursos d’água e habitats de espécies ameaçadas.
No entanto, essa proibição admite exceções quando há risco à vida humana ou à segurança pública.