Anticoncepcionais: Entenda os efeitos do uso prolongado e a retomada da fertilidade
Ginecologista esclarece o acontece no corpo da mulher e dá dicas para evitar gravidez indesejada
- Data: 08/01/2025 09:01
- Alterado: 08/01/2025 09:01
- Autor: Redação
- Fonte: Ilza Maria Urbano
Crédito:Divulgação
A pílula anticoncepcional é amplamente utilizada como um dos métodos contraceptivos mais eficazes globalmente. Seu funcionamento se dá por meio do bloqueio da ovulação e da regulação do ciclo menstrual, trazendo benefícios adicionais como controle da acne e alívio de cólicas menstruais.
No entanto, surge a questão: o que ocorre no organismo feminino ao se interromper o uso do anticoncepcional? A principal alteração consiste no retorno do ciclo menstrual e da ovulação, momento em que o óvulo é liberado pelo ovário. A fertilização poderá ocorrer se um espermatozoide encontrar o óvulo liberado, resultando em uma possível gravidez. Portanto, ao cessar a utilização da pílula, há a possibilidade de engravidar logo no primeiro ciclo menstrual.
A ginecologista Ilza Maria Urbano, presidente da Comissão de Anticoncepção da FEBRASGO, enfatiza que muitas mulheres erroneamente acreditam que levarão tempo para engravidar. “Na verdade, o corpo elimina rapidamente os hormônios presentes na pílula, fazendo com que os efeitos contraceptivos cessem quase imediatamente”, explica ela.
Para aquelas que pretendem apenas mudar de método contraceptivo, recomenda-se o uso de preservativos durante os primeiros 15 dias após a interrupção da pílula, visando evitar uma gravidez indesejada.
É importante ressaltar que o uso prolongado de anticoncepcionais não prejudica a fertilidade feminina. Segundo a ginecologista Fernanda Santos Belem, o principal fator que afeta a capacidade de engravidar é o envelhecimento. “Por exemplo, se uma mulher utiliza anticoncepcional por 20 anos e começa seu uso aos 15, ao interromper aos 35 anos ela pode enfrentar dificuldades para engravidar, mas isso não é consequência do uso do medicamento”, alerta.
Além das questões relacionadas à fertilidade e ao ciclo menstrual, a interrupção do uso de anticoncepcionais pode provocar mudanças na pele e nos cabelos. Anticoncepcionais específicos podem ajudar na redução da oleosidade cutânea e no tratamento da acne. Com a suspensão do uso, pode ocorrer um aumento na produção de testosterona, levando ao surgimento de acne e maior oleosidade até que haja uma estabilização hormonal.
Quanto aos sintomas menstruais, como tensão pré-menstrual (TPM) ou cólicas, esses podem retornar após a interrupção do uso da pílula, embora essa variação não seja garantida. Por outro lado, outros efeitos colaterais associados ao uso do medicamento tendem a desaparecer.
A questão sobre o ganho de peso relacionado ao uso de anticoncepcionais também é frequentemente levantada. De acordo com especialistas, não há evidências conclusivas que relacionem a pílula ao aumento ou diminuição de peso. Ilza Maria Urbano destaca que alguns tipos de anticoncepcionais podem causar retenção de líquidos; assim, sua suspensão pode resultar em uma sensação de desinchaço. Fatores como estilo de vida e mudanças metabólicas também desempenham papéis importantes nesse aspecto.
Além disso, informações recentes indicam que o Dispositivo Intrauterino (DIU) não aumenta em 40% as chances de desenvolvimento de câncer de mama, desmistificando preocupações comuns associadas a esse método contraceptivo.