Desemprego deve seguir baixo em 2025, apesar da desaceleração do PIB
Taxa de desocupação deve seguir abaixo de 7%, mesmo com a desaceleração econômica projetada para o próximo ano
- Data: 24/12/2024 16:12
- Alterado: 24/12/2024 16:12
- Autor: Redação
- Fonte: Folha
Crédito:José Cruz/Agência Brasil
Economistas consultados pela Folha indicam que a taxa de desemprego no Brasil deve permanecer em níveis considerados baixos em 2025, mesmo diante da desaceleração projetada para o PIB (Produto Interno Bruto). A expectativa é que o crescimento do PIB fique em torno de 2% no próximo ano, após um desempenho superior a 3% em 2024.
A previsão para 2025 considera os efeitos da elevação das taxas de juros, que afetam diretamente o consumo e impactam setores como serviços e indústria. Além disso, os especialistas apontam para um espaço fiscal reduzido, o que limita a capacidade do governo federal de implementar medidas de estímulo à economia.
No entanto, essa combinação de fatores não é suficiente, até o momento, para prever um aumento significativo no desemprego. Os analistas projetam que a taxa de desocupação pode se situar em torno de 6% ao final de 2025.
Nos últimos três meses até outubro deste ano, dados mais recentes disponíveis mostram que a taxa de desemprego caiu para 6,2%, marcando o menor índice desde o início da série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2012.
A economista Claudia Moreno, do C6 Bank, destaca que “para que a taxa de desemprego aumente, o PIB precisa crescer abaixo do seu potencial”, estimado em cerca de 1,5%. O banco projeta uma “desaceleração moderada” na atividade econômica, com uma queda prevista do crescimento de 3,4% em 2024 para 2% em 2025. Segundo Claudia, enquanto o crescimento permanecer acima do potencial estimado, haverá pressão para a contratação de novos trabalhadores e uma possível continuidade na queda da taxa de desemprego.
O conceito de PIB potencial refere-se à capacidade máxima de crescimento da economia sem gerar inflação. Os economistas ressaltam que os gastos governamentais têm impulsionado o PIB brasileiro, mas isso também levanta preocupações sobre a sustentabilidade fiscal e pressões inflacionárias.
André Nunes, economista-chefe do Sicredi, prevê uma desaceleração do PIB, caindo de 3,5% em 2024 para 1,8% em 2025. Ele aponta que uma taxa de juros elevada tende a restringir as atividades econômicas mais acentuadamente no segundo semestre do próximo ano. Apesar disso, Nunes também acredita que a taxa de desemprego deverá se manter em patamares baixos quando analisados historicamente. As projeções do Sicredi sugerem uma taxa de 6,2% ao final deste ano e um leve aumento para 6,6% até dezembro de 2025.
Nunes argumenta que fatores demográficos também influenciam a taxa de desemprego. O envelhecimento da população resulta na saída gradual de brasileiros do mercado de trabalho que poderiam estar buscando emprego. Com isso, observa-se uma diminuição na taxa estrutural de desemprego.
A economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitoria, também prevê uma desaceleração do PIB – com expectativas de crescimento reduzido de 3,2% em 2024 para 1,9% em 2025 – citando os juros elevados como principal fator limitante. Para a taxa de desemprego, as previsões são igualmente conservadoras: estimam-se taxas de 6% ao fim deste ano e um leve aumento para 6,5% no mesmo período do próximo ano.
Por sua vez, Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, antecipa uma taxa de desemprego em torno de 5,9% ao final de 2024 e um leve aumento para cerca de 6,6% até dezembro seguinte. Ele ressalta que uma atividade econômica crescente na faixa dos 2% é necessária para sustentar esse nível baixo na taxa de desocupação.
No geral, as expectativas sobre a economia brasileira indicam um cenário complexo onde o crescimento moderado ainda deve preservar níveis relativamente baixos da taxa de desemprego, apesar dos desafios fiscais e das pressões inflacionárias.