Mercado ilegal de aranhas explode no Brasil

Comércio ilegal de tarântulas no Brasil movimenta R$ 3 milhões anuais em redes sociais, desafiando a fiscalização

  • Data: 26/11/2024 11:11
  • Alterado: 26/11/2024 11:11
  • Autor: Redação
  • Fonte: G1
Mercado ilegal de aranhas explode no Brasil

Crédito:Tania Rego/Agência Brasil

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O comércio ilegal de aranhas no Brasil, notavelmente tarântulas, tem ganhado destaque devido ao volume financeiro envolvido e à facilidade de transações em plataformas digitais. Em redes sociais, como Facebook e WhatsApp, espécies são negociadas por valores que podem atingir R$ 1,2 mil, com opções de pagamento parcelado e até rifas. A venda clandestina dessas aranhas é uma prática que, embora ilegal no Brasil — onde a criação em cativeiro de animais silvestres é passível de multa e detenção — tem crescido substancialmente.

Especialistas apontam dois fatores principais para a expansão deste mercado ilícito. Primeiro, a punição branda: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) registrou menos de cem multas relacionadas a aranhas ou aracnídeos nos últimos 20 anos, muitas delas de baixo valor. Segundo, a facilidade com que esses animais são adquiridos online, especialmente em grupos nas redes sociais.

A venda desses animais em plataformas online é acompanhada por discussões sobre técnicas de criação e cuidados. Apesar de algumas comunidades se dedicarem apenas a discussões informativas sobre aranhas, muitas postagens promovem a venda desses animais. Em certos grupos no Facebook, com milhares de membros, as transações ocorrem frequentemente, enquanto no WhatsApp as mensagens diárias sobre vendas são numerosas.

Estudo realizado pela Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas) e o biólogo Sérgio Henriques identificou um movimento anual de R$ 3 milhões nesses grupos. Os dados mostraram que muitas das espécies comercializadas são nativas do Brasil ou provenientes de outros países da América Latina e África.

Enquanto alguns usuários veem na criação dessas aranhas uma forma de preservação informal, especialistas alertam para os riscos ambientais significativos. A coleta indiscriminada pode desestabilizar ecossistemas locais ao remover predadores importantes do ambiente natural.

Em resposta à demanda crescente e às preocupações legais, dois criadouros no Brasil estão autorizados a vender aracnídeos: o Dracaena, no Rio de Janeiro, e o Exotic Pets, no Paraná. Esses estabelecimentos operam sob rígidas regulamentações para garantir que as vendas não incentivem o tráfico ilegal.

A introdução de métodos inovadores para identificar legalmente os aracnídeos criados em cativeiro, como microchips subcutâneos, está em teste como medida para assegurar a rastreabilidade dos animais vendidos. Este esforço visa distinguir os espécimes criados legalmente daqueles capturados na natureza.

O debate sobre a criação comercial de animais silvestres continua a dividir opiniões entre especialistas. Alguns defendem que ela pode contribuir para a conservação se feita sob estrito controle legal e ambiental; outros alertam para os riscos associados ao comércio legalizado estimular ainda mais o tráfico ilegal.

À medida que o interesse por essas criaturas exóticas cresce entre jovens brasileiros, principalmente na classe média urbana, as autoridades enfrentam o desafio constante de equilibrar conservação ambiental com interesses econômicos emergentes no mercado de pets não convencionais.

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  • Data: 26/11/2024 11:11
  • Alterado:26/11/2024 11:11
  • Autor: Redação
  • Fonte: G1









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