Menos de 30% da Mata Atlântica mantém vegetação nativa

Mata Atlântica perde 3,7 mi de hectares em 39 anos

  • Data: 26/11/2024 10:11
  • Alterado: 26/11/2024 10:11
  • Autor: Redação
  • Fonte: Agência Brasil
Menos de 30% da Mata Atlântica mantém vegetação nativa

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Crédito:Tomaz Silva - Agência Brasil

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Uma análise recente do Mapbiomas, revela que a Mata Atlântica é o bioma brasileiro que mais sofreu modificações na cobertura e uso da terra entre 1985 e 2023. Durante esse período de 39 anos, houve um crescimento de 91% nas áreas destinadas à agricultura. Contudo, também se observou uma recuperação parcial da vegetação nativa em 45% dos municípios, resultado atribuído à implementação do Código Florestal no Brasil.

Atualmente, apenas 31% da cobertura vegetal original da Mata Atlântica permanece intacta, enquanto impressionantes 67% de seu território são ocupados por atividades humanas. No intervalo analisado, o bioma experimentou uma redução de 10% em sua vegetação, equivalente a uma perda de 3,7 milhões de hectares.

O estudo destaca que em cerca de 60% dos municípios onde a Mata Atlântica está presente, a vegetação nativa representa menos de 30% da área total. Apenas os estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e São Paulo conseguiram mais ganhos do que perdas em termos de recuperação do bioma ao longo dos anos.

A floresta foi a formação mais afetada pela perda de área natural, incluindo tipos como savanas, manguezais e restingas arbóreas. Essa classe sofreu uma diminuição de 2,7 milhões de hectares entre 1985 e 2023. Por outro lado, as formações campestres tiveram uma redução proporcionalmente mais significativa, com uma conversão de 27% dessa classe para áreas agrícolas e pastagens.

Segundo Luis Fernando Guedes Pinto, diretor executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, o bioma vivencia simultaneamente processos de desmatamento e regeneração em regiões distintas. “Perdemos matas onde ainda existem remanescentes significativos e ganhamos onde a devastação ocorreu há décadas”, afirma Guedes Pinto.

Enquanto as pastagens ocupam atualmente 26,23% da área da Mata Atlântica, foi a agricultura que mais se expandiu. Entre 1985 e 2023, a área agrícola duplicou, passando de 10,6 milhões para 20,2 milhões de hectares. Os estados do Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul e São Paulo foram os mais impactados por essa transformação.

Dentro das lavouras temporárias no bioma, a soja e a cana-de-açúcar dominam com uma representatividade conjunta de 87%. Desde 1985, o cultivo da cana-de-açúcar se expandiu por mais 4,2 milhões de hectares enquanto a soja avançou sobre outros 8,2 milhões até o ano corrente.

A silvicultura também cresceu significativamente nos últimos anos na Mata Atlântica. Nos últimos 39 anos foram plantados mais de 3,6 milhões de hectares destinados a florestas plantadas nessa modalidade, representando metade da prática em todo o Brasil. Santa Catarina, Paraná e Bahia concentram 60% dessas plantações.

Considerando toda a área convertida para agropecuária—abrangendo agricultura, pastagens e silvicultura—o total chega a expressivos 71,99 milhões de hectares até o ano de 2023.

Apesar da intensa pressão humana sobre o bioma, um fato positivo emergiu: houve uma redução de 49% no desmatamento na Mata Atlântica em comparação ao ano 2000. Para Guedes Pinto, isso indica um caminho promissor: “O desmatamento zero e a restauração em grande escala são essenciais para garantir o futuro do bioma”, conclui ele. Essa abordagem não só protegeria o meio ambiente localmente como também auxiliaria no combate às crises climáticas globais e preservaria serviços ecossistêmicos cruciais.

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  • Data: 26/11/2024 10:11
  • Alterado:26/11/2024 10:11
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  • Fonte: Agência Brasil









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